quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

8 um vinho de autor

OJE - Lifestyle - 2009.12.09

No dia 8 do 8 de 2008, dez meses após um estágio em carvalho francês, 8 pessoas às 8 da manhã começaram a encher a primeira de 8008 garrafas numeradas.

"Era um sonho de pequeno, ser proprietário de uma herdade, plantar e cuidar de uma vinha e poder criar o nosso próprio vinho", foi com esta frase que o comendador Nabeiro brindou a sala ao abrir, de uma forma simbólica, a primeira garrafa do Vinho 8 da Adega Mayor.

Todo este protocolo foi sucedido de uma apresentação dos projectos desta adega e de uma fantástica produção vídeo, que apresentava um pouco da vida deste vinho.

Rita Nabeiro, neta do comendador, fez as honras da casa, realçando que o Vinho 8 não é um sucessor do 7, mas sim um antecessor de muitos e grandes projectos que a adega conta apresentar nos próximos anos.

As caixas são vendidas com duas garrafas e podem ser encontradas nas melhores garrafeiras do país. Para este efeito, foram produzidas 4004 embalagens de 8008 garrafas. Assim poderemos provar hoje e amanhã, ou daqui a uns anos, quem sabe, repetir a experiência.

Apesar de ser um vinho com consistência, estrutura e equilíbrio, pronto para ser bebido, vai certamente ganhar uma estrutura mais complexa e definida com o tempo em garrafa.

Aplaudo esta ideia inovadora de vender as caixas em lotes de duas garrafas, pois não pode ser mais apropriada, visto que permite que se beba hoje um vinho jovem e cheio de vida e, daqui a uns anos, um vinho maduro mas elegante, e assim apercebermo-nos da evolução que o tempo esconde.

As melhores parcelas de Alicante Bouschet, Syrah e Trincadeira foram totalmente controladas bago a bago, para se conseguir uma maior concentração aromática e fenólica.

O facto de a colheita ser apenas realizada nas primeiras horas da manhã fez com que uva chegasse à adega na temperatura ideal para ser trabalhada no processo seguinte.
A fermentação foi isolada de casta para casta com macerações prolongadas, estagiando dez meses em barricas de carvalho francês.

Das melhores barricas foram enchidas as 8008 garrafas, a que hoje acrescento as minhas notas de prova.

Cor granada opaca e profunda, aroma de fruta vermelha em compota com sugestões especiadas, chocolate e tabaco. Na boca, demonstra-se forte, com elegância e acidez muito equilibrada, taninos consistentes e muito aveludados. Finaliza longo, intenso e agradável.

É altamente aconselhável abrir e decantar o vinho uma hora antes de o beber, e servi-lo a uma temperatura entre os 16ºC a 18ºC.

Perguntei à Rita Carvalho, enóloga do grupo Nabeiro, quais as suas sugestões de pratos para acompanhar este vinho.

Borrego prensado e assado by José Júlio Vintém, Perdiz à Convento de São Pedro de Alcântara ou um Carré de veado com molho de frutos silvestres.

Finalizo, afirmando que este vinho é o resultado positivo de uma equipa de pessoas que trabalham diariamente na criação de algo novo, evolutivo e, principalmente, gustativo.

Para comentar este artigo ou sugerir temas contacte o autor por gourmet@live.com.pt.

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 9de Dezembro de 2009

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