terça-feira, 30 de novembro de 2010

O meu menu : Pelos Caminhos de Portugal

Dia após dia, ouço as queixas dos meus leitores gastronómicos a exigirem mais respeito pelas tradições.

É cada vez mais frequente a falta de rigor das ementas e, por vezes, ao encontrar um prato que tanto nos apetece, assim que chega à nossa beira, transforma-se numa desilusão e numa indigestão prematura.

Este menu opõe-se à decepção e... bem, primeiro leia: Saladinha de porco preto (€5); farinheira ou cacholeira de Serpa (€5); cogumelos selvagens com bacon (€6); sopa rica de peixes 2PAX (€23,50); salmonetes no grill à Setubalense (€15); cabritinho do monte frito à alentejana (€16,50); perdiz frita à moda de Serpa (€14,50); sericaia d'Elvas com ameixa (€3,50).

Nunca me canso de sentar-me à mesa do Solar dos Nunes e degustar os pratos tradicionais e regionais que lá são confeccionados.

Ambiente caseiro e rústico, apelando ao interior alentejano e a decoração não foge ao lema da casa: Respeitar as tradições!

A família Nunes não se limitou a mudar do Alentejo para a capital, enriqueceu a cidade com as suas receitas e apreço pelos costumes.

A garrafeira é uma caixa de surpresas e, se procurar bem, poderá descobrir aquele néctar de que há anos andava à procura.

Gosto sempre de chegar a esta parte do texto e incentivar o sr. leitor a visitar o Solar dos Nunes e, para isso, o OJE junta, a este artigo, um voucher de 10% válido até 30 Dezembro (excluem-se grupos ou jantares especiais). Para usufruir, basta levar uma cópia do jornal ou recorte deste artigo.

Dos costumes e tradições alentejanas, parto à procura de novas técnicas e de novos sabores e, para grande surpresa minha, encontrei uma das mais interessantes cozinhas do país. Não acredita?

Então saboreie este menu: Lagostins crocantes com especiarias, seu aveludado com aromas campestres (€22,50); robalo de linha corado em azeite do Douro, migas de tomate e pequenos peixinhos da horta (€30); lombo de novilho salteado, miscelânea de legumes e redução de vinho do Porto (€22,50); toucinho-do-céu antigo e rabanada poveira (€15).

Estava sentado à mesa do Egoísta, na Póvoa de Varzim, e deslumbrado com a criatividade, técnica e paixão do chefe Hermínio Costa.

As obras de arte não se resumem apenas às que vêm para a mesa, pois as paredes estão repletas de artistas como Júlio Resende, Nikias Skapinakis, Rogério Ribeiro, Francisco Simões, Alberto Carneiro, Augusto Tomás, José Manuel Ciria e Moita Macedo.

Integrado no Casino da Póvoa, mas com um ambiente e uma decoração totalmente autónomos, os tons claros fazem contraste com a madeira e o granito, resultando num ambiente sofisticado e simpático.

Ao contrário das salas que antecedem o restaurante, aqui o risco é nulo e o prémio está sempre garantido.

E porque, garantidamente, nunca irá sair deste espaço infeliz, aqui damos mais uma razão para ficar feliz. Até ao dia 17 de Dezembro, usufrua de um desconto de 10% (exclui-se grupos), bastando, para tal, levar a cópia do OJE ou recorte deste artigo.

Para comentar este artigo ou sugerir temas contacte o autor por gourmet@live.com.pt


Voucher
10% na factura até dia 30 Dezembro
Restaurante Solar dos Nunes
www.solardosnunes.com
Rua dos Lusíadas 68/72 - 1300-372 Lisboa
W 9º 10' 49,8'' N 38º 42' 19,4''
Tel. (+351) 213 631 631
Email: solardosnunes@hotmail.com


10% na factura até dia 17 Dezembro
Restaurante Egoísta
www.casino-povoa.com
Edifício do Casino da Póvoa de Varzim | 4490-403 Povoa de Varzim
W 8º 45' 58'' N 41º 22' 42'
Tel. (+351) 252 690 888
Email: restaurante.egoista@estoril-sol.com

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 30 de Novembro de 2010

sábado, 27 de novembro de 2010

Degustar Português em Nova Iorque

Desde que abriu na Primavera de 2009, o Aldea, do Chefe luso-descendente George Mendes tem recebido os mais altos elogios da imprensa local, principalmente dos exigentes críticos do New York magazine e do New York Times que não tiveram dúvidas em dar duas estrelas (Muito Bom) logo nos seus primeiros meses de abertura.

Daí para a frente foram vários, os críticos a entrar e sair satisfeitos com as criações de George Mendes. A GQ intitulou-o mesmo de “breakout chef of the year” – chefe Revelação do Ano!

O arroz de pato com azeitonas pretas, a linguiça e torresmo de pato crocante, posicionou-se no terceiro lugar das 10 melhores coisas para comer em Nova York segundo a Time Out.

Quando lá for ainda pode encontrar no menu pratos fantásticos como: Camarões ao alhinho com coentros e sumo do momento; Sanduíche aberto com cara de ouriço-do-mar, tomate e feijão mar; Brioche caramelizado com gel de laranja de sangue e sorvete de creme fraiche e pimenta-rosa e os nossos adorados sonhos versão Mendes.

Vários vinhos portugueses do Douro, do Porto e a nossa multi galardoada Super Bock são ponto assente na lista de bebidas.

Há um menu de três pratos ao almoço (com pratos da carta de jantar) custa US $20.09 e ao jantar o preço de 5 pratos é de US $85.

O espaço desenhado por Stephanie Goto (Morimoto, Corton) tem dois andares e é inspirado no ar e água, utilizando elementos naturais como madeira e cimento e a decoração reflecte a paleta de cores dos azulejos: azul e branco.

Esta é sem dúvida uma forma de comer bom Português na super gourmant cidade de New York.

Por aqui, em Portugal, o Aldea e Mendes ainda não são muito conhecidos, mas o anúncio no mês passado da atribuição de uma estrela Michelin fez com que esse cenário se alterasse por completo.

Os convites para vir a Portugal sucedem-se e segundo o mesmo está “ansioso e esperançoso” de vir à capital portuguesa para o evento gastronómico: Peixe em Lisboa 2011, que se realiza de 7 a 17 de Abril, no Páteo da Galé no Terreiro do Paço.

Restaurante Aldea
31 West 17th Street e, NY 10011
Tel.: (00) 1 212-675-7223.
www.aldearestaurant.com / info@aldearestaurant.com
Almoço de segunda a sexta das 11h30 às 14h. Jantar de segunda a quinta das 17h30 às 23h, Sexta e Sábado até às 24h.

BI de George Mendes

Faz parte da primeira geração de americanos filhos de um casal português e desde cedo aprendeu as tradições das festas e feriados à moda lusa.

Mudou-se para Danbury no Connecticut e em 1992 termina o curso no CIA - Culinary Institute of America. De imediato começa a trabalhar para aquele que se tornou o seu mentor: David Bouley.

No Bouley em Tribeca inicia a sua carreira como garde manger, entremetier and poissonie onde foi aperfeiçoando a sua técnica e evoluindo para posições de chefia.

Em 1996 assume a sua primeira chefia no Le Zoo, um pequeno Bistro em Greenwich Village. Dois anos depois ruma a Washington, D.C., para trabalhar com Sandro Gamba no Lespinasse (3 estrelas Michelin).

Até 2003 troca experiências e contactos com diversos chefes como o Alain Passard’s Arpege em Paris, Roger Vergé no Le Moulin de Mougins, Alain Ducasse no La Bastide de Moustiers regressando a Nova Iorque para ajudar o seu amigo Bouley e Kurt Gutenbrunner a abrir um restaurante austríaco: Wallsé.

Foi pela mão do grande chefe Martin Berasategui que Mendes volta para a Europa para integrar a equipa do restaurante três estrelas Michelin. Em San Sebastian aprende a respeitar as receitas tradicionais, sendo fiel aos ingredientes e dando um toque de actualidade.

Foi com esta filosofia que partiu para Nova York e abriu o Aldea.

Texto publicado originalmente na revista GO Magazine a 26 de Novembro de 2010

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Finalmente é sexta-feira

Em tempos de crise, como se pode imaginar, são mais fáceis de descobrir as notícias dos restaurantes que fecham do que os que abriram as portas.

Um caso muito recente é o mediático Unique da estilista Fátima Lopes, que, após seis meses da sua abertura, fechou oficialmente as portas - má gestão ou falta de clientes?

A cozinha do João Simões não foi certamente a responsável.

Mesmo ao lado deste espaço, também em Lisboa, na rua do Loreto n.º 21, junto ao largo de Camões, abriu um novo espaço: o Sea Me - Peixaria Moderna.

Conceito arrojado e provavelmente condenado ao sucesso, agradou-me bastante, pois pretende ser uma homenagem às peixarias, às marisqueiras, às cervejarias, aos sushi-bar, mas com um twist de contemporaneidade.

A fórmula passa por pesquisar os sabores e receituários do litoral português e seleccionar as melhores matérias-primas, tendo mesmo viveiros próprios.

Mais uma boa notícia!
Tel: 213 461 564.
www.peixariamoderna.com

Para quem gosta de comida exótica, ou melhor, nepalesa, Lisboa conta agora com um novo espaço, no 172A da Elias Garcia junto à Gulbenkian - a Casa Nepalesa.

O chefe e proprietário deste espaço, Giovanni, partilha o seu esforço de trabalho com o Come Prima (restaurante italiano) e, já como tinha feito com o outro espaço, dotou-o de uma boa gastronomia.

Aqui poderá comer as kukhura singada (chamuças à moda dos "himalayas"), patre Roti (pão folhado com manteiga), entre outras.

O meu conselho é escolher o thali vanchha ghar (menu de degustação) que dá para duas pessoas e custa €29,90.

Se, como eu, tiver dificuldade em arranjar lugar, estacione no parque Berna, que o restaurante oferece 2h aos clientes.

Tel: 217 979 797
www.casanepalesa.pt

Voltando às más notícias, o chefe francês Aimé Bayrroer, que tinha assumido a cozinha do restaurante Ipsylon do novo cinco estrelas de Cascais, The Oitavos, não teve tempo para mostrar a sua cozinha - pois ainda agora abriu a porta e já recebeu o salvo-conduto para procurar novo emprego - é a crise? Ou foi uma crise?

Dentro do grupo das boas novidades, está a mudança de local do Tomba Lobos, do chefe José Júlio Vintém, da remota terra de Pedra Basta para dentro de Portalegre.

Agora, pode e deve provar as iguarias deste talentoso cozinheiro na Av. Movimento das Forças Armadas em Portalegre.

Aproveite para ir nesta época e comer uma das suas fantásticas perdizes, acompanhada por um vinho alentejano cheio de fulgor.

Tel: 245 331 214

Termino com uma grande notícia: as equipas olímpicas de culinária trouxeram para Portugal duas medalhas.

A de ouro para a equipa júnior e a de prata para a equipa sénior!

É, mais uma vez, o reconhecimento internacional do valor da nossa gastronomia e dos nossos cozinheiros.

Parabéns às duas equipas e aos seus treinadores (Chefs Paulo Pinto, António Bóia e Celestino Grave ), que acabaram de chegar da ExpoGast que se realizou no Luxemburgo.

Visite e felicite as nossas equipas no blogue: equipasolimpicasdeculinaria.wordpress.com.

Para comentar este artigo ou sugerir temas contacte o autor por gourmet@live.com.pt.

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 26 de Novembro de 2010

GO Magazine - Lifestyle com estilo!

O OJE leva até aos seus leitores uma revista especial para que possa viver o seu Natal e fim-de-ano de forma mais rica. A GO Magazine é uma revista em que uma realidade pode ser elevada ao sonho e na qual o sonho pretende tornar-se realidade.

Viagens, dicas, receitas e muitos outros segredos desvendados ao longo de 52 páginas.

Entre um pôr-do-sol na Croácia, um arroz de pato em Nova Iorque e as mordomias de um cruzeiro poderá encontrar as suas próximas férias.

Deixe-se embarcar nesta nova aventura...

& GO

Faça o donwload do Pdf aqui!

O desaire das Estrelas de 2011

Portugal perde uma estrela no Guia Michelin 2011 e fica apenas com 10 restaurantes distinguidos:

O Restaurante Eleven foi inexplicavelmente despromovido!

O restaurante alfacinha Eleven, chefiado por Joachim Koerper, perdeu a sua estrela na nova edição do Guia Michelin, celebrizado como a lista de ouro da constelação da restauração mundial.

Saindo o Eleven e não havendo novas distinções, Portugal passa de onze restaurantes distinguidos em 2010 para dez em 2011: nenhum com três estrelas, um com duas :Vila Joya de Albufeira, considerado também o melhor boutique resort do mundo nos recentes “óscares” do turismo mundial, os WTA, nove com uma.

Sobre a anulação da estrela do Eleven, que integra o portefólio do Grupo Lágrimas, ainda não há mais detalhes mas o guia estipula que a “supressão pode ocorrer por motivos diversos: encerramento ou mudança do local, encerramento por obras, mudança na orientação do negócio, etc.”

Estrelas Michelin portuguesas
*
ALMANCIL ------------ Amadeus
ALMANCIL ------------ Henrique Leis
ALMANCIL ------------ São Gabriel
AMARANTE ----------- Largo do Paço (Casa da Calçada)
ARMAÇÃO DE PÊRA -- The Ocean (Vila Vita Parc)
CASCAIS -------------- Fortaleza do Guincho
COIMBRA ------------- Arcadas da Capela (Quinta das Lágrimas)
LISBOA --------------- Tavares
FUNCHAL------------- Il Gallo d'Oro
QUARTEIRA ---------- Willie's

**

ALBUFEIRA ---------- Vila Joya

BIB
No capítulo da restauração, o guia inclui ainda a listagem Bib Gourmand
("estabelecimentos que têm uma cozinha de qualidade a um preço máximo de €35").
Portugal surge com 47 distinções. Aqui, há também novidades.
Entram :
ARRUDA DOS VINHOS ----------- Porta Um
BELMONTE ---------------------- Quinta da Bica
ÉVORA --------------------------- Dom Joaquim
CACEIRA DE CIMA/FIGUEIRA -- Azenha Velha
SALREU -------------------------- Casa Matos
VAGOS - --------------------------Nelita

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Le Chef: O Charolês

Por Alexandre Silva
Chefe executivo do restaurante Bocca

A cidade de Charolle, localizada a aproximadamente 100 km a nordeste de Lyons, é a antiga capital da antes chamada Província de Charolais.

E é na região de Saône-et-Loire e Nièvre que esta raça Charolesa tem o seu solar e onde foi reconhecida em 1770, mas só em 1864, depois das estradas serem melhoradas, é que o registo genealógico foi aberto. Logo a seguir, em 1880, foi criada a associação de criadores.

O efectivo desta raça autóctone em França é de cerca de dois milhões de animais. Contudo, devido às características zootécnicas bem reconhecidas dos bovinicultores de todo o mundo, a raça Charolesa está implantada em 70 países, nos cinco continentes e sobre todos os climas, constituindo assim uma das raças mais importantes a nível mundial.

O solar da raça Charolesa em Portugal está na Região do Alentejo e em alguns pontos do Ribatejo, embora tenha uma distribuição do seu efectivo por todo o continente e nos Açores.

A melhoria da qualidade permitiu, de 1920 em diante, a opção do Charolês unicamente como gado de corte. O aperfeiçoamento da sua estrutura corpórea, espessura da abundante massa muscular, peito profundo e membros longos, favoreceram muito a criação da raça, pois facilitam o seu deslocamento nas pastagens em busca de água em pontos mais distantes.

Fatias de Lombo Charolês Com Molho de Ervas Finas e Alho Ligeiro, Chalotas Confitadas e Batatinha Grelhada800gr Lombo Charolês biológico fresco

100cl Azeite
120gr Espinafres em folha frescos
80gr Manteiga
80gr Nabo baby
80gr Milho baby
80gr Cenoura baby
20gr Flor de sal
160gr Batata pequena
40gr Alho
40gr Aneto
40gr Tomilho
40gr Cebolinho
40gr Salsa
120gr Chalotas

Preparação:

Arranje o Lombo de Charolês em peças de 200gr cada, envolva em papel e reserve. Na Termomix, faça um puré com o alho, as ervas e 90cl de azeite, tempere com flor de sal e reserve.
Descasque as chalotas, derreta a manteiga numa caçarola e junte-as com um pouco de tomilho, leve-as a lume brando sem ferver, até confitarem e ficarem quase caramelizadas.

Cozer as batatinhas em água azeite e alho esmagado, depois de cozidas corte-as ao meio e reserve.

Enquanto as chalotas confitam, descasque e lave os legumes baby, à excepção do milho e dos espinafres, que só são lavados. Bringir os legumes em água abundante com bastante sal, arrefeça em água e gelo, envolva-os em papel e reserve.
Para o molho, reduza 5dl. de vinho Aragonês com chalotas picadas a 1/3, junte 1dl de demi-glace, e deixe ferver, tempere de sal.

Corar a carne de todos os lados num sauté com um fio de azeite, tempere com flor de sal, saltear os legumes e os espinafres em azeite.

Leve as batatinhas à grelhar até ficarem bem marcadas. Depois de corar a carne, coloque o puré de ervas e alho por cima e corte-a em três pedaços iguais, de maneira a que o puré se infiltre na carne, emprate como na fotografia.

Sugestão de vinho por Ricardo Morais Escanção do Restaurante Bocca

Quinta de Saes Reserva Estágio Prolongado 2007

A sua estrutura aromática especiada fruto da casta tinta Roriz vai casar bem com a manteiga de ervas.

E a sua boa acidez vai harmonizar de forma adequada com as chalotas bem como com o charolês.

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 25 de Novembro de 2010

As estrelas Michelin 2011

Donostia - San Sbastian

É hoje que os responsáveis pelo prestigioso Guia Michelin revelam as "estrelas" e as recomendações para 2011.

Portugal é um dos países que está sob fogo e a tensão em alguns restaurante aumenta com o aproximar do anuncio.

Assim pelas 21h espanholas, 20h em Portugal reunem-se hoteleiros, chefes, jornalistas e curiosos para a gala internacional de Gipuzkoa.

Esta é uma das reunião que vai certamente concentrar um dos maiores números de "estrelas" que se tem conhecimento.

Agora resta-nos esperar!

Boa sorte Portugal.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

E agora o que devo guardar?

Recentemente, colocaram-me uma pergunta muito interessante: se eu tivesse de escolher um vinho que me fascinasse, um outro que tivesse boa relação preço-qualidade e ainda um de guarda, quais seriam?

E, para complicar as coisas, a questão aplicava-se a um branco e outro tinto.

Quanto às duas primeiras selecções, não tive dúvidas e as respostas estavam na ponta da língua. Mas, de facto, os vinhos de guarda obrigaram-me a parar e a pensar.

Hoje em dia, é raro escrever sobre esses vinhos - acaba por ser muito mais fácil falar daqueles que se apresentam no mercado prontos a beber - um ano ou alguns meses de estágio em garrafa aceita-se, mas mais do que isso, o mercado tende a esquecer.

Não sei porquê, mas a tendência é a de não comprar vinhos com mais de três ou quatro anos. Fica a pergunta: quais são as garrafas que eu posso comprar hoje que poderei beber daqui a três anos e ficar mais feliz do que na prova de hoje?

Ficam aqui algumas sugestões:

Quinta do Crasto Vinha da Ponte 2007

É garantidamente um dos melhores vinhos de 2007 produzidos em Portugal.
As uvas são provenientes de uma vinha velha com mais de 90 anos, sendo impossível identificar todas as castas.
A sua cor é escura com alguns laivos violetas, revelando uma intensidade e complexidade aromática elegante.
Chocolate e frutos vermelhos são os primeiros a revelar-se no nariz e depois na boca.

Termina longo, persistente e cativante.
Nas garrafeiras o preço está pelos €105.

Monte da Ravasqueira Vinha das Romãs 2008

Uma mistura entre as castas Syrah e Touriga Nacional, que resultam num vinho robusto, mas, ao mesmo tempo, suave.
A sua cor escura quase opaca revela notas de chocolate, café, os típicos frutos vermelhos e umas subtis, mas muito agradáveis, notas florais.
Acaba num final longo ainda um pouco agressivo.
Daqui a quatro anos, os taninos vão arredondar de forma agradável, tornando-se um vinho bom para acompanhar
um belo ensopado de borrego.
O preço ronda os €16.

Lagar de Darei Grande Escolha Tinto 2004

Um vinho do Dão que mistura as uvas das castas Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaen e Tinta Roriz e resulta num vinho de guarda exuberante.
Os seus taninos ro
bustos e elegantes, e a sua acidez controlada e apaixonante vão perdurar e evoluir para um néctar que certamente vai cativar o palato daqui a dois anos.
Este vai ser uma surpresa e poderá acompanhar qualquer prato desde que tenha aromas fumados.
Preço nas garrafeiras €17,50.

Monte Cascas Colares Branco 2008

Não é a escolha óbvia, pois ninguém gosta de brancos com mais de dois anos, mas a Malvasia de Colares vai, com certeza, provocar algumas felicidades daqui a dois anos.
Apresenta uma cor citrina, revelando um nariz com as mesmas características, juntando-se aromas como a maçã, a tropicalidade, mineralidade e algumas notas de baunilha.
A boca é gulosa e reveladora de um final intenso e muito agradável, revelando a sua boa acidez.
Pode adquirir nas principais garrafeiras por €33,50.

Agora faça as suas escolhas e, daqui a três anos, voltamos a falar sobre estas sugestões!


Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 24 de Novembro de 2010

sábado, 20 de novembro de 2010

Já há pelo menos 77 garfos em Lisboa

Finalmente os resultados do Lisboa à Prova - ainda não são os finais mas a lista dos 77 que se seguem já são reconhecidos com um garfo.

Agora vamos para a fase seguinte e a qualquer momento serão anunciados os restaurantes que iram receber dois ou três grafos na versão de 2010 do Lisboa à Prova.

Eis a Lista:

560; 100 Maneiras; A Confraria da York House; A Leitaria Gourmet; A Travessa; Adega da Tia Matilde; AdLib; Alecrim às Flores; Aqui há Peixe; As Salgadeiras; Banthai; Be You; Bocca; Café de S. Bento; Casa da Comida; Casa da Mó; Casa da Morna; Clube do Peixe; Come Prima; Comida de Santo; Dazzled; Eleven; Espaço Açores; Faz Figura; Feitoria; Fenícios; Flores; Found You; Fusion International Taste; Gemelli; Grelhados de Alcântara; Guarda Real; Ibo; Jardim da Luz; Jogo de Sabores; Kampai; Koi; La Brasserie de L'Entrecôte; La Campania; La Cottura; Lisboa à Noite; Manifesto; Mensagem; Merca Tudo; Nova Mesa; O Policia; Open Mediterranean Brasserie; Panorama; Páteo; PSI; Prova dos 9; Sabores de Goa; Sacramento do Chiado; Salsa & Coentros; Sem Dúvida; Senhor Peixe; Solar dos Duques; Solar dos Nunes; Solar dos Presuntos; Sommer; Spot S. Luiz; Storik; Sul; Taberna dos Arcos; Tamarind; Tasca da Esquina; Tavares; Tentações de Goa; Uai; Umai; Valle- Flôr; Varanda do Hotel Ritz Four Seasons; Varanda de Lisboa; Yasmin; Zaafran; Zé Varunca; Zina Food & Wine.

CARM Reserva é o 9º vinho mais excitante de 2010

Há duas semanas escrevi um artigo a falar e elogiar o trabalho da família Madeira na área dos vinhos.

O que eu disse e escrevi não era surpresa para ninguém, pois quem prova estes néctares sabe que a qualidade é forte e depois é tudo uma questão de gosto.

Pelos vistos o painel da Wine Spectator tem um gosto parecido com o meu e elegeu o CARM Reserva Tinto de 2007 para a lista dos “most exciting wines of 2010”, e deu-lhe a nona posição.

Este tipo de acções para os eruditos e os incrédulos não tem muito valor, mas na realidade este tipo de notícia fez com que o pouco stock que os distribuidores tinham, seja fortemente requisitado.

Não acredita, então tente comprar uma caixa? Mas se encontrar o preço recomendado é de menos de €10 por garrafa.

CARM Reserva Tinto 2007, proveniente do Douro Superior , é resultante da selecção, das castas Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, envelhecida em carvalho francês e americano, e que resulta num vinho de vermelho elegante e poderoso, com aromas intensos e sabores de bagas vermelhas, fumo, framboesa e especiarias que são suportadas por taninos bem integrados - notas de prova definidas pela Wine Spectator.

Gastronomia e vinhos no iPhone

(Press Release)

Verificar os restaurantes, obter notas de prova de vinhos, aceder a notícias diárias sobre enogastronomia e visionar os vídeos da Essência do Vinho TV são algumas das possibilidades que a revista WINE – A Essência do Vinho proporciona a partir de agora aos utilizadores do iPhone.

Através de uma aplicação desenvolvida pela Appstore, a WINE – A Essência do Vinho torna-se pioneira em Portugal, neste sector da Imprensa especializada em vinho e gastronomia, a disponibilizar conteúdos avalizados para o iPhone, que já conta mais de 500.000 utilizadores nacionais e quase um milhão de brasileiros.

“Trata-se de mais um passo da Essência do Vinho no sentido de alargar a produção de conteúdos a novas plataformas de comunicação que têm ganho importantes audiências ao longo dos anos”, realça Nuno Pires, director executivo da Essência do Vinho e da revista WINE – A Essência do Vinho.

A aposta no segmento das novas tecnologias de informação e comunicação tem sido vincada pela empresa que, neste momento, envia também uma newsletter electrónica semanal para um universo superior a 176.000 subscritores, produz conteúdos audiovisuais através da Essência do Vinho TV (www.essenciadovinhotv.com) e conta mais de 10.000 seguidores nas páginas que detém na rede social Facebook.

“Muito em breve anunciaremos ainda uma importante parceria estratégica relacionada com conteúdos na Internet e que nos permitirá alcançar ainda mais público”, acrescenta Nuno Pires.

Disponível em Portugal e no Brasil, a revista WINE – A Essência do Vinho é uma publicação da Essência do Vinho, empresa líder na realização e promoção de eventos enogastronómicos no nosso país, tendo já experiência em mercados externos como o Brasil, Angola, Estados Unidos e Suíça.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Finalmente é sexta-feira

Estava a acabar de ler as recomendações da Câmara de Lisboa sobre o trânsito durante os próximos dois dias e, ao fim de 5 minutos, perdi-me nas ruas e avenidas.

À custa da "Lisbon Summit", a capital vai andar às avessas.

Pode dar muito prestígio ao País, mas dá uma carga de chatices em alterações ao quotidiano.

E como não quero encher o texto de rotas alternativas para as minhas sugestões, vou centrar-me na cidade do Porto.

Esta semana houve uma grande afluência de cozinheiros ao Hotel Porto Palácio para assistir ao Congresso Nacional dos Profissionais de Cozinha.

Foram mais de 300 a trocar ideias e a debater o futuro da profissão.

Eu, como não poderia deixar de ser, também marquei presença, pois, perante tal aglomerado de saber gastronómico, retiram-se as melhores e mais frescas novidades do meio.

Novidade fresquinha é a abertura, na passada quarta-feira, de um novo espaço de restauração: A Casa de Pasto da Palmeira, que é do mesmo proprietário da Horta dos Reis em Vila Nova de Gaia.

O Madeira, nome pelo qual é conhecido, decide atravessar a ponte da Arrábida em direcção à Foz e abre um novo restaurante a apostar nos petiscos e degustações de pequenas porções.

Só fecha à terça-feira e, nos restantes dias, abre do meio-dia até à meia-noite. Boa comida a bom preço.
Rua do Passeio Alegre 450.
Tel: 226 168 244

Quem tem estado a dar frutos da sua criatividade é o novo, mas experiente, chefe Vítor Matos, que se mudou do Hotel Tiara, no Porto, para a Casa da Calçada, em Amarante.

Não deixe de lá ir para experimentar a carta residente, que parece que vai ser mudada lá para meados de Dezembro.

A minha recomendação é que aproveite os preços de época baixa e, durante a sua refeição, não pode deixar de provar a sobremesa "vintage".
Largo do Paço - Amarante.
T: 255 410 830.
www.casadacalcada.com

Voltando ao Porto e a um dos seus grandes clássicos - falo na Casa Aleixo e no seu arroz de feijão e de polvo. Ainda esta semana tive a oportunidade e privilégio de comprovar que a qualidade e o rigor das receitas, que tanto celebrizaram este espaço, seguem as suas linhas tradicionais.

Junto à estação da Campanhã, debaixo do grande letreiro com o nome da casa, tem um espaço verdadeiramente familiar, onde a qualidade e os preços andam de mãos dadas.

A sua proprietária, Inês Diniz, encarrega-se que a sua refeição seja um acontecimento que certamente não o decepcionará.

Quando lá for, não se esqueça de procurar no cesto dos vinhos algumas das raridades da casa e tentar a sua sorte, pois aqui, se o vinho não estiver em condições (a idade não perdoa alguns néctares), pode sempre abrir outra sem custos extra.
Rua da estação, 216.
Tel: 225 370 462

Ainda dentro dos mais tradicionais e familiares, bati à porta da Cozinha do Manel, subi os degraus do 215 da rua do Heroísmo junto ao museu militar e dou de caras com os "barros" que albergam deliciosas confecções.

Aqui, o show coocking está estabelecido há anos e não é uma tendência de mercado, é algo que nunca foi escondido - há rigor e tradição e não há nada para se esconder. Assim foi, ainda é e continuará a ser a teoria desta casa.

Os filetes de pescada ou o cabrito assado no forno a lenha são as minhas recomendações, mas, para ser sincero, até agora nada me desiludiu nesta casa.

Se passar por lá numa terça, peça o arroz de pato, mas, se for à quinta, é o cozido que faz as honras da casa.
Tel: 225 363 388.

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Le Chef: A Castanha

Por Vítor Claro
Chefe do Restaurante Hotel Albatroz-Cascais

O som das castanhas a estalar na brasa e o grito do homem que as vende (até a ASAE se lembrar...) querem sempre lembrar-nos que o frio está aí à porta.

A castanha é hoje menos utilizada enquanto guarnição de mesa e mais como uma espécie de petisco quase sempre salgado, mas nem por isso caiu no esquecimento da sua valiosa função nutritiva de há alguns séculos atrás, antes de termos descoberto a lógica da batata... a castanha teve, muito mais do que hoje, um lugar cimeiro nos pratos dos portugueses e dos europeus.

Uma preparação francesa é um requinte doce. "Marron glacé", miolo de castanha confeitado, sucessivamente em caldas mais fortes, até termos uma espécie de bombom super-doce e super-delicioso.

As castanhas do norte de Portugal, Trás-os-montes e da Beira Interior são de qualidade reconhecida, de vários calibres, todos eles de fantástico sabor e quando frescas, de uma macieza tenra quase cremosa.

Serão, junto com a sardinha, um dos últimos bastiões da afamada "sazonalidade". De facto, não lembra a ninguém em pleno Agosto passar na Praça da Figueira e encontrar uma motorizada "tunning" com um assador a carvão e alguém de manga à cava aos gritos de alguma coisa quente... por melhor que seja (ou de uma sardinha na brasa... por alturas do... Carnaval!).

Costumamos, nesta altura do ano, aquecermo-nos por dentro com elas "quentes e boas" e sempre estaladiças e tostadas. Ou então cozidas, com erva doce, especiaria que nos é tão familiar como estranha... lembrando os rebuçados de funcho das ilhas e, ao mesmo tempo, a estranheza que cria à maior parte dos portugueses, um bolbo fresco de funcho, com o seu subtil aroma doce e delicado.

Juntei a esta receita outro ingrediente... mágico, a trufa negra. Também nesta altura do ano nos brinda com a sua existência e o seu perfume que consegue transformar quase todos os pratos em luxos terrenos.

Poucos poderão saber é que a trufa cresce preferencialmente nos solos ricos perto de carvalhos e..... castanheiros.

Raia com castanhas e trufas negras
Ingredientes (4pax)
1kg de asa de raia limpa
16 castanhas médias
1 funcho grande
1 trufa preta
2 pimento padron
1 bróculo-filho (os mais finos)
4 camarões 20/30
4 folhas de wonton
100g vinagre de arroz
20g açúcar
5g sal

Preparação:
Descascar as castanhas. Escaldar em água dois minutos e pelar.

Estufar com pouca água as aparas do funcho, uma noz de manteiga, sal e um pouco de açúcar. (Um toque de licor de castanha fica bem bom...)

Ferver o vinagre com o sal e o açúcar e deitar para um recipiente com o interior do funcho laminado.

Picar MUITO finamente o camarão descascado (metade pode mesmo ser passado no 1,2,3),
temperar a gosto e enrolar nas folhas de wonton e cozer a vapor.
Picar as pontas do brócolos.

Numa frigideira, derreter manteiga e cozinhar a raia, sem deixar ganhar cor. No fim, colocar as pontas do brócolos e cozinhar junto com a raia.

Empratar tudo e no fim laminar a trufa para o prato, em último lugar, preferencialmente na mesa!


VINHO
Navazos-Niepoort, branco Palomino 2008

O "véu", característica dos palominos finos, mais acentuada nos olorosos, apresenta-se neste vinho numa filosofia totalmente nova, como um vinho de mesa de graduação alcoolica tranquila.

O perfil salino, quase a lembrar maresia e ostras, e o aroma da oxidação nobre, a lembrar nozes e óleos gordos, vão na minha opinião encaixar, junto com a muito refrescante acidez, neste prato de raia, peixe tão sui-generis.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Chefes reunem-se no Porto

Está a decorrer no Hotel Porto Palácio a maior reunião dos profissionais de cozinha com o tema Produtos da Nossa Terra. Grandes chefes de cozinha Hélio Loureiro, José Cordeiro, António Alexandre, António Vieira, Pedro Lemos, José Avillez, Nuno Diniz, Hans Neuer e Francisco Gomes abordam as novas tendências da gastronomia portuguesa, os seus produtos e as suas questões emergentes.

Destacamos alguns momentos do programa de hoje:

11h30 - Debate: Novos Desafios para os Chefes de Cozinha
Intervenientes: Chefes Hélio Loureiro, José Cordeiro, António Alexandre

12h15 - Demonstração de pastelaria
Interveniente: Joaquim de Sousa

15h - Lançamento da campanha "a Copo!", da ViniPortugal

15h30 - Restauração no Porto: Chefes Proprietários
Intervenientes: Chefes Fausto Airoldi, Rui Paula, António Vieira, Pedro Lemos

Mais informações no site oficial!

O meu menu : Pelos Caminhos de Portugal

Hoje acordei a pensar em água, nos peixes nos barcos e marinheiros!

E foi assim que comecei a pensar quais eram os restaurantes que sobre este tema poderiam dar uma boa resposta para "executivos", acumulando, uma boa refeição.

Foi junto ao Oceanário que encontrei este menu: Terrina de beringelas grelhadas com queijo da ilha, manjericão e tomate; Crepes gratinados de bacalhau e espinafres com creme de camarão; Olho de bife grelhado com chimichurri; Vulcão de chocolate com gelado de nata.

Foi a ver o Tejo, a outra margem, o Oceanário, e até o teleférico, que degustei esta refeição na esplanada do Água e Sal.

Um restaurante descontraído, moderno e muito agradável que reúne muitas influências da América Latina, com a gastronomia portuguesa e um pequeno cheiro a Açores.

A sala ampla e com um pé direito de perder de vista tem uns candeeiros em linho que "iluminam" a decoração do espaço. Aos almoços de fim--de-semana, o restaurante dedica uma parte do menu aos "enfants".

E hoje, sendo terça-feira, e porque gosto que vivam as mesma experiencias que eu, junto a este artigo um voucher de 10% até dia 15 de Dezembro.

E para usufruir basta levar uma cópia do jornal ou recorte deste artigo.

Sem perder a concentração inicial, desloquei-me à procura dos barcos e de um local onde, juntamente com uma boa refeição, pudesse relaxar ao som do tilintar dos mastros.

E vejam só o que descobri na Marina de Cascais: Salada de peito de pato fumado com tangerina e vinagrete de Romã; Bacalhau lascado com puré de grão e amêndoas torradas; Carne lombinho de vitela branca com puré de batata violeta e molho de cogumelos selvagens; mousse de chocolate gelada, panacota de coco e frutos vermelhos.

Estou no restaurante e bar Hemingway a degustar as criações do Chefe Igor Martinho.

Há quem o conheça por ser o chefe do Ano, outros pela Quinta dos Frades, mas eu reconheço-o pela sua criatividade, simplicidade e rigor técnico. O espaço é moderno e interessante, combinando várias frentes num só resultado: o de servir bem!

A Telma faz as honras da casa; Pedro também dá a cara; mas são o shacker e os copos os seus melhores aliados, e o Igor cozinha - uma trilogia de sucesso. Senão veja este menu:

Restaurante, esplanada, música ao vivo, bar e muito boa disposição!

Se há algo na marina de Cascais que mereça atenção é com certeza o Hemingway.

Leve a cópia do OJE ou recorte deste artigo e até dia 15 de Dezembro divirta-se ao som dos sabores e cocktails... do mar!

Para comentar este artigo ou sugerir temas contacte o autor por gourmet@live.com.pt.

Voucher
10% na factura até dia 15 Dezembro (Max 6 pessoas)
Restaurante Água e Sal
aguaesalrestaurante.wordpress.com
Esplanada D. Carlos I - Oceanário de Lisboa 1990-005 Lisboa
W 9º 5' 33'' N 38º 45' 57''
Tel. (+351) 218 936 189
Email: restauranteaguaesal@gmail.com

10% na factura até dia 15 Dezembro (Max 6 pessoas)
Restaurante Hemingway by Igor Martinho
www.hemingwaycascais.com
Marina de Cascais 58-1º 2750-800 Cascais
W 9° 25' 8" N 38° 41' 29''
Tel. (+351) 916 224 452
Email: hemingwaycascais@gmail.com

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 16 de Novembro de 2010

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Finalmente é sexta-feira

Foi na quarta-feira que o Paulo Amado (edições do Gosto) e o Fausto Airoldi (presidente do jurí CCA 2010) chocaram uma plateia de vários chefes, seus familiares e amigos, ao anunciarem o vencedor do Chefe Cozinheiro do Ano de 2010.

Ninguém!

Parece que ninguém cumpriu o esperado pelo júri. Decisão corajosa? Ou está na altura de rever os parâmetros?

Pois a mim parece-me que os dois.

Pena a menção desconfortável e evitável à eventual falta de qualidade do ano transacto.

Mas nem tudo são más notícias, a mais fresca e interessante é a abertura de um novo espaço de restauração em Lisboa.

Chama-se Faz Gostos, e a cozinha está a cargo do Duval Pestana que aceitou o desafio dos seus novos sócios António Costa Cabral e Bruno Coutinho.

O que antes era uma fábrica de fogões, ou ainda antes disso um convento, foi transformado pelo Arquitecto Paulo Lobo em algo novo, moderno e fantástico sem destruir a traça do edifício, estilo ao qual já nos habituou.

A gastronomia é aquela que o Duval já bem apresentou, primeiro em Olhão, depois Castro Marim e há pouco mais de um ano, em Faro. Agora acumula duas casas e presenteia-nos com as suas criações e receitas que foi reunindo da mais genuína cozinha tradicional Lusa.

A carta de vinhos divide-se em duas: a primeira é elaborada pelo Prof. Virgilio Loureiro, mais erudita e com escolhas menos conhecidas do público; e a segunda mais tradicional, sem grandes aventuras (incluindo Chateau de Latour, Chateau Petrus, Vega Sicilia).

Para terminar, juntou-se à experiente equipa de barmens do Cinco Lounge e os seus exóticos e coloridos cocktails.
Aberto das 19h às 02h e a sala é para fumadores.
Rua Nova da Trindade, 11 (junto ao teatro da Trindade).
T: 213472249

Mais discreto, e segundo consta ainda numa fase de soft-opening, está o novo D’Oliva, que parece que depois do sucesso no Porto, decidiram arriscar pela capital.

O conceito é o mesmo que conheci e gostei em Matosinhos, mas agora a mais de 300km de distância.

Fica mesmo ao lado da Cinemateca Portuguesa na rua Barata Salgueiro 37-A.
T.213528292

Já no norte, é o Rui Paula que dá cartas ao vencer o prémio Best of Wine Tourism pela Great Wine Capitals Global Network, com o seu restaurante DOC.

Situado no cais da Folgosa, entre o Pinhão e a Régua, é certamente um local a visitar para degustar os seus menus contemporâneos com base na cozinha tradicional duriense e transmontana.
Estrada Nacional 222 Folgosa-Armamar.
T: 254858123.

Relativamente perto deste restaurante, o enólogo da Taylors, David Guimaraens, fez uma das mais fantásticas descobertas que ouvi falar nos últimos anos. Descobriu duas barricas de um vinho do Porto pré-filoxérico, com mais de 155 anos.

O porto que eu tive acesso e degustei está num estado de conservação e de envelhecimento verdadeiramente impressionante.

Penso que é um caso raro e possivelmente único de um estágio tão longo, o que lhe conferiu uma cor de mogno profundo, um aroma complexo e intenso, em que várias coisas nos vêm à cabeça, e depois a boca é uma explosão graciosa e suave, com uma acidez invejável.

Infelizmente não vai ser uma garrafa ao alcance de todos e principalmente de todas as carteiras.

A série limitadíssima do estojo inspirado em instrumentos do século XIX, contendo um decanter de cristal soprado manualmente, vai custar sensivelmente €2.500.

Quem quiser apresse-se a fazer a sua encomenda, que este certamente não vai ganhar pó nas garrafeiras. www.scionport.pt

Para comentar este artigo ou sugerir temas contacte o autor por gourmet@live.com.pt.

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 12 de Novembro de 2010

Transmontanices

Raramente falo sobre livros, pois realmente são poucos os que nos podem dar novas luzes ou mesmo educação sobre o tema que eu gosto mais de falar: Gastronomia.

O Transmontanices do meu querido amigo Virgílio Gomes ultrapassa a barreira do útil e educativo, pois este livro é uma sábia e sentida compilação dos costumes e tradições da gastronomia de trás-os-montes e um pouco da duriense.

Li e reli alguns capítulos como "As Saudades da Terra", "Memória", "As 7 Maravilhas à mesa" e, claro, as diversas dissertações sobre as modernidades - vulgo "Alheira de Bacalhau".

Diverti-me e reflecti muito sobre vários pensamentos do Virgílio, é um livro que nos leva a pensar muito em tradição e família.

Os valores nobres nunca devem ser esquecidos!

E termino com uma frase do livro: "Contra a alheira de bacalhau, contra a alheira vegetariana, marchar, marchar!"

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Transmontanices - Causas de Comer é um livro constituído por textos que descrevem a gastronomia transmontana. Com prefácio de Inês Pedrosa e desenhos de Graça Morais, a obra apresenta um conjunto de crónicas que Virgílio Gomes, reconhecido gastrónomo português, escreveu sobre as memórias da vivência e educação do gosto que adquiriu pelo facto de ter nascido e vivido em Trás-os-Montes.

As memórias, o significado da expressão “à transmontana”, as contradições da alheira de bacalhau e a problemática da tradição e da modernidade são alguns dos assuntos que mereceram a reflexão do autor e que de forma descontraída verteu nas 169 páginas do Transmontanices – Causas de Comer.

O reconhecimento de Virgílio Gomes como pessoa e profissional surge nas vozes de António Bóia e José Cordeiro, chefes de cozinha, Fernando Fernandes, co-proprietário dos restaurantes Pap’Açorda e Bica do Sapato, e de António Monteiro, Grão-Mestre da Confraria dos Enófilos, cujos testemunhos surgem compilados na contracapa do livro.

As Edições do Gosto desenvolvem um papel institucional forte nas profissões da hotelaria e restauração. A par dos projectos editoriais que realizam anualmente, organizam alguns dos mais reconhecidos eventos a nível nacional, tais como o concurso Chefe Cozinheiro do Ano, o Congresso Nacional dos Profissionais de Cozinha e o Algarve Chefs Forum, entre outros.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Vega Sicila Unico 1989

Esta foi uma das melhores pomadas que passou pela minha goela nos últimos dias, pena que só tenham sido dois copos - a recordação vai ser certamente eterna.

As castas são 80% Tempranillo e 20% Cabernet Sauvignon.

A cor concentrada e escura revela um nariz doce e frutado com ligeiras notas da madeira.

Depois a boca elegante e graciosa tem muita estrutura enchendo toda a boca, terminando num final longo e intenso.

Está fantástico, mas com alguns anos em cima vai certamente melhorar!

O problema é arranjar garrafas destas, já são raras e quem as detém, não vai certamente ceder.

Um pomadão!

Chefe Cozinheiro do Ano 2010

A decisão foi inesperada diria mesmo uma reviravolta para os cabisbaixos oito participantes da final do Chefe Cozinheiro do Ano (CCA).

Este ano não há vencedores porque não houve qualidade técnica, tendo-se assistido a vários erros básicos, segundo Fausto Airoldi - Presidente do Júri.

Mas como eu não avaliei, fica aqui o comunicado da organização sobre o resultado de 2010.

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Sobre a Final do CCA 2010
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Obrigada a todos pelos vossos comentários, positivos e negativos.

Compete-nos um esclarecimento e não uma justificação. Estamos certos da decisão tomada, que foi a correcta para a manutenção do rigor e do patamar de qualidade que queremos para o CCA. É uma questão de respeito pelos anteriores 20 CCAs, por todos os concorrentes e pelos nossos parceiros e patrocinadores. Estamos aqui, nas Edições do Gosto, 15 pessoas com afinco e dedicação, tentando manter a herança de 1989, desde 2002, para valorizar a gastronomia portuguesa e por vezes, sempre que necessário, a tomar uma posição.

O facto de ontem não se ter atribuído um vencedor não significa que os oito concorrentes não tinham qualidade. Acreditamos que todos eles são profissionais competentes e mereceram estar a disputar a Final Nacional pelo trabalho que fizeram nas Etapas Regionais e pelo trabalho diário nos seus locais de trabalho.

Ontem disputou-se uma Final Nacional com base num Cesto Surpresa e era isso que estava a ser avaliado. Os menus apresentados como resultado dessa prova não foram excelentes. E era isso que estava em causa ontem. Avaliar a harmonia dos menus apresentados, a sua execução técnica e nutricional, o sabor, a apresentação, os correctos pontos de cozedura e todos os critérios que estão definidos em Regulamento técnico e de prova.

Estão presentes três tipos de júri:

Um júri técnico de higiene, que não prova.

Um júri técnico que está na cozinha, avalia as prestações, que não prova.

Um júri de prova que não está na cozinha, recebe os pratos sem identificação e prova.

No final há uma reunião, sem que seja identificado concorrente algum.

Não está em causa a qualidade, carreira ou competência de um concorrente, está em causa o resultado que se apresenta num conjunto de pratos que constituem um menu, naquele dia específico do concurso.

No final houve uma pontuação atribuída, com base nas pontuações individuais dos 14 elementos do júri. Naturalmente que na média das pontuações haveria sempre um concorrente com maior pontuação que os restantes, nem que fosse por 1 ponto. E teria sido mais fácil para todos atribuir-lhe o prémio.

Ainda assim, não é objectivo deste Concurso premiar “o menos mau”.

Queremos premiar a excelência, o rigor e a qualidade.

Felizmente que contamos com parceiros e patrocinadores que partilham connosco a vontade de elevar o patamar da cozinha portuguesa. Foi difícil para o júri tomar esta decisão, por todo o respeito que têm pelos colegas que estavam em competição.

Sabemos que foi duro para com os concorrentes, que preferiam ter perdido para alguém. Mas no fundo, se tivéssemos escolhido um vencedor não estaríamos a ser verdadeiros com a nossa missão, que é dignificar a vossa profissão.

NOTA FINAL: A Organização do CCA publica anualmente um Regulamento aprovado pelo Presidente do Júri, em consonância com a Federação Mundial das Associações de Cozinheiros (WACS). O ponto 10. prevê que o júri possa não atribuir primeiro prémio.

Obrigado a todos. Viva a possibilidade de cada um escrever o que entender e nós somos gente dessa liberdade. Porém, temos a pedir que, por gentileza, opinem com conhecimento. Usem com absoluta liberdade, mas com equilíbrio, este nosso espaço aberto. Nós somos gente que vive isto todos os dias e custa-nos, naturalmente, dar guarida a opiniões que nada têm que ver com este sector e que aqui vêm prestar as suas naturais fidelidades, alegrias e desgraças.

Por nós falamos nós. Estamos cá há tempo suficiente para saber do nosso caminho. Obrigado a todos.

Paulo Amado
Rita Cupido
EDIÇÕES DO GOSTO

O Eleven celebra o 6º aniversário

Na semana em que celebra o seu sexto aniversário, o restaurante Eleven, com uma estrela Michelin, elaborou um menu especial em que a sobremesa será o bolo de aniversario, para que todos os clientes festejem este aniversário.

até ao final da semana, à hora de almoço, por 43€, o Eleven tem uma ementa exclusiva criada pelo chef Joachim Koerper, que se complementam com uma garrafeira de vinhos nacionais.

- Amuse bouche
- Minestrone de Vieiras salteadas
- Mil folhas de garoupa com duxelle de cogumelos ou Pato confit sobre guarnição do bosque, molho de laranja
-Bolo de aniversário ou prato de queijos ou sorvetes Eleven

Parabéns ELEVEN!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O nosso Clube

A Lapa sempre foi um dos bairros de Lisboa que mais surpresas me deu nos últimos anos, não só porque muita da minha família por aqui vive, mas também porque algumas das melhores refeições foram tomadas neste bairro.

Curioso é o facto de quase todas essas refeições terem sido na rua das Trinas ou nas ruas paralelas ou perpendiculares.

Desta vez, subi a rua até quase ao fim e, no lado esquerdo, no 129, fui encontrar o Clube dos Jornalistas.

A sala não é uma nem duas, são várias e todas diferentes, umas com azulejos, outras com móveis antigos, espelhos e pianos, e outras com de tudo um pouco, mas todas diferentes e apaixonantes.

A sensação é a de que não estou num restaurante, mas sim em casa de um amigo.

Estamos na hora do almoço e até nem está mau tempo. Por isso, vou para a esplanada.

Assim, desço o pequeno lanço de escadas de pedra que separam as salas da esplanada e rapidamente alcanço a minha mesa.

Nada de espampanante: arranjos simples, toalhas na mesa, guardanapos de pano e um serviço de copos eficiente são o que basta para uma boa refeição.

A carta divide-se em sete entradas, entre os €7 e os €12, duas sopas de €5, seis peixes dos €15 aos €25, alguns pratos para vegetarianos, seis pratos de carne de €14 a €19 e seis sobremesas €5,50 aos €6,50.

Contas feitas, entrada, prato principal e sobremesa rondam os €25 - estou a gostar dos preços.

Inicio-me com um amouse bouche: mexilhões com mousse de ostras e salicornias, estes primeiros abertos numa espécie de técnica de escalfar com água do mar, o que dava um sabor intenso e agradável a mar.

Depois chegaram as vieiras em cama de açafrão e alho francês, uma combinação bem executada, onde a vieira é chapeada em manteiga de cacau para ficar no ponto perfeito.

Não há tempo a perder e passo para o robalo com arrozinho e amêijoas, o peixe muito bem confeccionado fazia-se acompanhar de um carolino preparado à moda do risoto, mas num formato muito mais nacional - um verdadeiro acepipe.

Perdizes e castanhas sobre uma tosta, floreada com salsa - tenho de confessar que eu rendo-me a uma boa perdiz e, neste caso, as castanhas acentuavam o sabor da ave, conferindo-lhe um adocicado ligeiro e muito agradável.

Ainda houve espaço para um rabo de boi com um puré de batata com trufa acompanhado de boletos frescos.

Não foi o meu preferido, mas confiro-lhe o mérito de estar muito bem confeccionado.

Infelizmente, risotos e rabo de boi estão na moda e proliferam por todas as casas.

A sobremesa de gelado de caramelo com manteiga da Bretanha e flor de sal (affogato) é provavelmente uma das mais simples e mais saborosas sobremesas que provei na minha vida.

O crocante do caramelo em camadas, separado pelo cremoso gelado e o fresco paladar da manteiga enchiam a boca, a este juntava-se o café que lhe dava a acidez e o amargo, tornando a sobremesa perfeita.

A carta dos vinhos é bastante boa, havendo opções para espumantes, champagnes, brancos, tintos e roses, bem como portos, madeiras e moscatéis - a copo e a garrafa, nada foi deixado ao acaso.

Termino congratulando o chefe André Magalhães e o seu sócio Pedro Vasconcelos por tão nobre projecto. Sendo ou não sendo jornalista, com certeza que vou pedir a minha ficha de admissão ao clube!


Detalhes
Restaurante O Clube dos Jornalistas
Rua das Trinas 129, 1200-857 Lisboa
W 9º 9' 34'' N 38º 42' 46''
+351 213 977 138
Horário: Encerra ao domingo. Aberto das 13h às 15h30 e das 19h30 às 23h30. Brunch de sábado
das 10h às 16h.
Preço: €30
Tipo de Cozinha: Autor
Cartões: Todos

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 10 de Novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O meu menu : Pelos Caminhos de Portugal

Procurar restaurantes no Porto é uma tarefa difícil pois é rara a porta que se passe e que:
1) o acolhimento seja mau;
2) a comida seja má;
3) os preços sejam disparatados.
Feita esta pré-análise e quase generalista resta-me descobrir os casos em que estes pontos não sejam apenas um cliché e do “não é mau” passe para “é muito bom”.

Esses mais escassos também se descobrem, em menor número é verdade, mas a queda do queixo não deixa de ser fantástica à mesma.

Não acredita? Então renda-se a esta ementa: …a sardinha assada em broa de Avintes com os nossos legumes avinagrados em conserva; ... o Lavagante azul, lombinhos e pinças em guacamole seu recheio num caneloni de beterraba, a vieira corada sobre creme de caril; Pistácios, num arroz doce e em creme, sorvete de cerejas.

O chefe chama-se Pedro Lemos e o restaurante roubou-lhe o nome.

Junto à foz, numa rua esconsa onde o carro se torna supérfluo temos no 974 um segredo que têm de ser desvendado: Duas salas, um esplanada, boa disposição, uma garrafeira composta e uma comida que deixarei para vós a adjectivação.

E porque os adjectivos não podem ficar em terra de ninguém pegue na sua cópia do hOJE ou recorte deste artigo, bata a porta do “Pedro Lemos”, usufrua de uma primorosa refeição e no fim entregue o seu voucher e ganhe um desconto de 10% sobre a factura final.

Já em terras do Sul, entrei no ferry em Setúbal e desembolsei €9 para entrar com o carro e passageiro e mais €2 para a minha companhia e naveguei com destino a Tróia.

Vinte minutos depois e já presas as amarras e baixada a ponte, precisei de mais dois minutos para chegar ao Tróia Design Hotel entregar o meu carro e dar de caras com este menu: Empada de galinhola com salada verde (€9); Carpaccio de vieiras com vinagrete de manga (€13); Salmonete de Setúbal com açorda de sapateira (€23); Naco de novilho, acelgas e migas de abóbora (€22).

Chama-se B & G e está integrada numa das mais modernas unidades hoteleiras do país.
A decoração é viva, onde as cores quentes proliferam e as peças de arte do Pedro Cabrita Reis enchem uma sala espaçosa e moderna.

A vista para a marinha e rio é praticamente toda uma parede, por isso sente-se onde sentar terá sempre acesso fácil a esta linda vista, não havendo espaço para o arrependimento.

A gastronomia apostando em alguns produtos locais está a cargo do chef João Vieira e apelida-se de regional alentejana contemporânea.

Ir a este restaurante é um pouco mais do que uma boa refeição, é entrar num hotel fantástico, é visitar uma reserva natural e principalmente é um excelente programa para se fazer acompanhado.

Até ao dia 9 de Dezembro, vá de carro, de barco ou no seu meio de transporte preferido até Troia e não se esqueça de levar a sua cópia do OJE ou recorte deste artigo para usufruir da sempre apetitosa redução de 10% de desconto sobre a factura final do restaurante - não acumulável com outras promoções.

Para comentar este artigo ou sugerir temas contacte o autor por gourmet@live.com.pt.

VOUCHER
10% na factura até dia
Restaurante Pedro Lemos
www.pedrolemos.net
Rua do Padre Luis Cabral 974 4150-459 Porto
W 8º 40' 19'' N 41º 9' 0''
Tel. (+351) 220 115 986
Email: geral@pedrolemos.net

10% na factura até dia 9 Dezembro (não acumulável com outras promoções)
Restaurante B & G
www.troiadesignhotel.com
Tróia Design Hotel
Tróia Marina 7570-789 Carvalhal – Grândola
W 8° 54' 17.1" N 38° 29' 33.4''
Tel. (+351) 265 498 000
Email: info@troiadesignhotel.com

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 09 de Novembro de 2010

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Croácia - Paraíso gastronómico

Fotografias António Vale

Há destinos em que a curiosidade é tanta que, antes de lá chegar, já criamos tantas expectativas com as curtas histórias que ouvimos, corremos o risco de ficar desiludidos.

Assim, e porque não sou pessoa para criar grande suspense, anuncio já que a minha experiência pela Croácia foi verdadeiramente reveladora, inesquecível e fantástica.

Para nós, portugueses, viajar para esta zona da Europa é totalmente exótico e diferente, pois não é propriamente aqui ao lado e os vários anos de guerras por estes locais fazem-nos sempre ficar com um pé atrás.

Mais uma vez, e acabando com o suspense, em poucas linhas, a região que vou descrever - Istria não só foi marginal desde sempre às guerras, como durante anos foi um dos destinos preferidos dos alemães, austríacos, holandeses, suecos e mais alguns povos que conheciam bem esta pérola do Adriático.

Iniciei a minha viagem pelo norte, entrando pela fronteira da Eslovénia, poucos kilometros após a passagem pelo Trieste Transalpino, e a pouco mais de duas horas do aeroporto de Veneza (uma das opções de chegada).

Chegando a Umag, onde passamos a primeira noite, deu para visitar um pouco do local e apercebemos-nos que estávamos mesmo junto ao mar.

Aqui optamos por ficar no cinco estrelas Melia Coral Umag, renovado em 2008 e a 2 minutos a pé da costa.

Decorado de forma agradável, sem nunca esquecer as influencias da Art-Decó estilo croata, é provavelmente a melhor opção para dormir. Tem um bar muito agradável onde se pode beber uma Piva (cerveja local).

Ainda dentro desta unidade pode encontrar um Spa que mistura as influencias hindus e tailandesas.

Se pretender jantar aqui pode fazê-lo, mas eu aconselhava-o a explorar outros locais, a comida não é propriamente fantástica. www.melia-hotels.com.

O Dia seguinte foi para explorar a área de Motovun , Buje e Livade.

Iniciei o meu dia encontrando-me com um apanhador de trufas e os seus cães altamente treinados, e junto ao rio Mirna aventurei-me pelo o bosque, na demanda desta luxuosa iguaria.

Se vai com intenções de ir lá apanhar as trufas e trazer para Portugal, perca essa ideia pois é preciso uma licença especial.

Mas, voltando ao programa, o meu conselho é que leve roupa velha e umas galochas, e não use perfume pois os mosquitos lá não perdoam!

Foi um dia que começou bem, pois encontramos várias trufas brancas que mais tarde iriam ser o nosso almoço e jantar.

Agora já sem lama e a lamentar as picadelas dos mosquitos locais, é tempo para a história. Este fantástico bosque, além das trufas, cogumelos e mosquitos, foi o principal (se não único) fornecedor de madeira para os venezianos. Seria correcto dizer que Veneza está assente em madeira de Motovun.

Subir à pequena terra de Motovun é indispensável, e se puder pernoite por lá, pois a vista não pode ser mais fantástica.

A influência dos venezianos está presente em todos os cantos e recantos, sendo muito divertido perceber o que são os livros nas estátuas por toda a vila – vai ter que ir lá para saber.

O hotel Kastel Tem apenas três estrelas, mas muito glamour, todo o conforto de um hotel luxuoso e uma vista fantástica.
www.hotel-kastel-motovun.hr

É tempo de almoçar e dirigimo-nos para um dos diversos agro-turismos para juntar uns ovos mexidos às nossas trufas.

Um dos mais tradicionais da região é o do sr. Tikel que, além de uma cozinha tipicamente genuína, é um dos vários produtores de vinho da Croácia.

Nesta região a casta dominante é o Malvasia, e claro que o vinho predominante é branco.

Por isso, se quiser beber os melhores vai ter que, obrigatoriamente, optar por esta casta. Ligado aos vinhos e azeites, tem um excelente programa: a visita e as provas nas adegas e lagares locais.

O melhor local para se informar é no site www.istra.hr.

Depois de uma tarde dedicada às trufas, vinho, azeite e castanhas, parei uns escassos segundos para provar as grapas locais e voltei a dedicar- me à mesa.

Este é um daqueles locais que não pode deixar de visitar, rústico, barato e com todos os melhores produtos que a região pode oferecer.

Chama-se VRH e fica na terra com o mesmo nome do restaurante. Aqui pode provar as tradicionais massas com urtigas, as batatas assadas e coradas na gordura de enchidos e a famosa carne da Istria com trufas. www.vrh.hr.

Nesta época a visita à Croácia gourmet não pode ser melhor : as melhores e mais frescas trufas do ano, a época das castanhas, os cogumelos a brotar e um tempo ameno que só apetece lareira, comida e uma boa companhia.

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Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 08 de Novembro de 2010