Até há uma boa de dezena de anos, o simples ato de esticarmos o braço para pegar no galheteiro e retirarmos a garrafa de azeite para temperar o nosso prato era quase instintivo. Um curto comando cerebral que se refletia num movimento e num posterior aumento gustativo vegetal no prato. Agora, como no vinho, todos somos eruditos e questionamos antes de nos servir: “qual é a acidez deste azeite?”, “é virgem, ultra virgem ou pornograficamente refinado?”.
A origem da oliveira, segundo alguns cientistas, remonta à Era Terciária, mas a primeira aplicação que se conhece foi há mais de 6000 anos, quando então os guerreiros da Mesopotâmia se untavam para se proteger do frio. De acordo com a bíblia e alguns achados arqueológicos, as oliveiras já eram cultivadas em solo fértil desde o Século XXX a.C.. Mas foi apenas no século VII a.C. que os gregos e romanos começaram a utilizar este produto na sua dieta. Agora é tão comum que é impensável entrar numa cozinha sem uma garrafa de azeite.
Benéfico para a saúde, visto que reduz o risco de enfarte ou AVC – a sua grande quantidade de gordura monoinsaturada pode reduzir o mau colesterol (LDL), tornou-se o melhor aliado na cozinha. Na realidade, há alguns factores que são importantes na escolha do azeite, um dos principais é a acidez, quanto menor provavelmente melhor é. A luz é um dos piores inimigos: o contacto com esta acelera o processo de oxidação, logo a deterioração do mesmo.
O calor também não ajuda: evite os locais quentes, mas não guarde no frigorífico. Tenha também atenção aos períodos de validade, pois dificilmente podem durar mais do que um ano após a produção. E por último, é o ar. Recentemente, várias marcas introduziram os bicos doseadores, que são proporcionalmente negativos ao efeito prático, pois estes aceleram muito a oxidação.
Digamos que a garrafa ou embalagem ideal seria em vidro escuro temperado, ou mesmo tapado, ou uma embalagem em alumínio totalmente opaca, e o néctar teria de ter baixa acidez e ser bastante aromático para facilitar a sua vida.
Aqui vão algumas sugestões de alguns dos melhores que poderá encontrar no “mercado”:
• Acushla
É um azeite biológico certificado, extra virgem, DOP, com uma acidez inferior a 0,1% produzido pela Quinta do Prado em Vila Flor no Douro.
Além da sua imagem contemporânea, bonita, a embalagem foi desenhada e criada pensando nas questões ambientais, sendo totalmente reciclável.
Quanto às propriedades do produto, em copo próprio apresenta-se amarelo esverdeado, com aromas e sabores frutados, tendo uma longa persistência final com notas apimentadas.
(€9,90 - 500ml)
www.acushla.pt
• CARM
Tem uma gama muito extensa, desde a seleção CARM, Quinta do Bispado, do Côa, da Calábria e das Marvalhas todos com processo muito parecidos, no entanto de olivais distintos, de azeitonas de variedades diferentes, havendo espaço para cada um ter a sua identidade, mas a qualidade é comum a todas.
O Premium das Madural e Verdeal é talvez o mais expressivo, com aromas fortes e apaixonantes e apesar de uma acidez de 0,1% é bastante saboroso e encorpado na boca.
(€6,40 – 500ml)
www.carm.pt
• Gallo Azeite Novo
Extraído a frio de azeitonas que são colhidas entre os meses de Outubro a Dezembro, é o mais requintado de toda a gama Gallo.
O formato é tipicamente igual a quase todas as garrafas do mercado, mas esta tem a particularidade de ter um revestimento dourado que não só protege da oxidação como lhe confere um design distinto.
Já recebeu o primeiro prémio Mário Solinas, sendo considerado o melhor azeite do mundo.
Muito frutado, intenso e ligeiramente picante.
(€4,50 - 500ml)
www.gallo.pt
• Oliveira Ramos Premium
Produzido das azeitonas galega, cobrançosa e picual tem uma identidade muito própria e complexa.
A sua extração e conservação bastante técnica e cuidado permitem uma boa armazenagem de aromas e sabores resultando no azeite fresco e elegante, muito frutado, no entanto a revelar outros frutos como maçã, amêndoas e frutos secos.
É ligeiramente picante mas de forma graciosa e interessante.
Não há uma ciência para a utilização desde azeite, mas serve para temperar, cozinhar e guarnecer.
Muito boa proposta da João Portugal Ramos
(€8,90 - 500ml)
www.jportugalramos.com
• Quinta do Vale Meão
Curiosamente o nome já está bem conotado, pois o vinho é considerado um dos melhores de Portugal, o que pouca gente sabe é que o azeite também é excelente.
Azeitonas de Trás-os-Montes de um olival que foi plantado pela Dona Antónia Adelaide Ferreira, é produzido em modo de Agricultura biológica e atinge a acidez máxima de 0,2%.
Bom aroma herbáceo e fruta, ligeiramente especiado na boca. É mesmo uma agradável surpresa.
(€11,50 - 500ml)
www.quintadovalemeao.pt
Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 04 de Abril de 2011
4 comentários:
Esquece-se de falar naquele que foi considerado o melhor do mundo "Romeu" de Trás os montes..
Abraço
TIago lopes
Olá Tiago, eu não me esqueci, mas para dizer a verdade prefiro estes, e antes desse está o João das Barbas que é top.
Abraço
V
«ato»???? Desilusão encontrar aqui a fast food ortográfica
Caro Anónimo,
Isto não é fast food ortográfico, mas sim o acordo vigente. E visto que trabalho para dois mcs que me obrigam a escrever nesse formato, e apesar de não gostar nem compreender porque é que foi feito, não tarda nada vai ser obrigatório. E quer se goste ou não vai ter que viver com ele.
V
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