quarta-feira, 20 de abril de 2011

Em terras do Cartaxo

Nas viagens que faço pelo nosso país, vou tentando conhecer um pouco melhor os nossos produtos, produtores e, principalmente, aquele "je ne sais quoi" que faz a diferença.

Quando fui visitar a Quinta da Fonte Bela, que pertence à DFJ vinhos, não estava preparado para o que ia ver, e a surpresa foi imediata.

Ao chegar àquela zona recôndita do Cartaxo, fiquei apaixonado pelo edifício principal (utilizado há uns anos para gravar umas das mais famosas telenovelas portuguesas: a "Vila Faia").

Edifício centenário do século XIX, exemplar da chamada "Arquitectura de Ferro", foi desenhado e projectado pelos alunos de Eiffel.

Apelidada de Catedral do Vinho, relembra muito as grandes destilarias escocesas, longos e bonitos pés-direitos e as típicas chaminés das destilarias.

A verdade é que aqui se fez muita aguardente, antes de se dedicar apenas ao vinho!

Agora os edifícios estão repletos de barricas, muitas e grandes, depósitos de vinhos com capacidade para 2,8 milhões de litros, uma tanoaria onde se recuperam as antigas barricas, um laboratório e uma sala de visitas e provas.

A produção deste ano ascendeu a mais de seis milhões de garrafas e para o ano já se pensa em duplicar.

Ainda dentro dos números impressionantes estão os mais de 400 hectares de vinha que controlam nas regiões vitivinícolas de Lisboa, Tejo, Douro, Terras do Sado e Alentejo, que se traduzem em mais de 30 referências de vinhos varietais e bivarietais.

Dos três sócios fundadores, Dino, Fausto e José Neiva Correia, só o último é que permanece à frente dos destinos da empresa, sendo não só o administrador como o enólogo-chefe.

Para Neiva Correia, a solução é simples: faz os vinhos que o consumidor e os mercados desejam, com o preço e a qualidade de mãos dadas.

Prova viva de que a solução funciona são os já falados seis milhões de garrafas produzidos para mais de 30 países, sendo o mercado externo representativo de 90% das vendas, que atingem os 10 milhões de euros anuais.

Verdadeiramente impressionante!

Recentemente, José Neiva Correia chegou à conclusão de que, para continuar com uma empresa moderna e pronta para enfrentar os efeitos nocivos da crise financeira, tem de pensar muito no preço, mas como a qualidade é imprescindível, estudou a melhor forma de conseguir baixar os custos de produção, mantendo um patamar elevado da marca e produto, e apercebeu-se que é na uva da região de Lisboa que consegue tirar melhor partido, estando mesmo a pensar abandonar outras regiões para se centrar numa única.

O reconhecimento internacional e nacional mais uma vez é o reflexo de quem soube tomar as medidas correctas.

Desde 1998 a DFJ ganhou mais de mil prémios, medalhas e "Best Buy", 112 só no ano de 2010.

Para se perceber um pouco melhor o resultado, há que provar e apreciar alguns destes vinhos.

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 20 de Abril de 2011

1 comentário:

Anónimo disse...

bbbbb