Entrámos em 2011 e é tempo de fazer contas na restauração e hotelaria, pois os diversos jantares de grupo foram a bonança esperada, depois de um ano que se adivinhou mau. Curioso foi as diversas queixas que as pessoas fizeram, na demanda de um restaurante para fazer uma refeição no dia 1 de Janeiro, quase tudo fechado, até as grande superfícies!
Muitos proprietários perderam um excelente dia para fazer negócio, e quem sabe para descobrir novos clientes.
Mas voltando às novidades, a norte, em Vila Real, o Edgar Gouveia abriu um novo espaço cheio de glamour e carisma. Chama-se Cais da Villa e fica na antiga estação de comboios da cidade.
Tive a oportunidade de experimentar a comida feita pelo chefe de
cozinha Manuel Gonçalves e a chefe de pastelaria Graça Silva, e a par com
a decoração deixou-me deslumbrado.
Uma zona para beber vinhos e petiscar,uma sala para refeições, um balcão
para os mais apressados, e uma esplanada que no Verão vai ser certamente
um local a não perder. Depois dos sucessos do Douro IN e do Casta e Pratos, este empresário junta mais um êxito à sua lista: Cais da Villa. Rua Monsenhor Jerónimo do Amaral (Estação de Comboios Vila Real),
Tel: 259 351 209 - www.caisdavilla.com
Já em Vieira do Minho, mais precisamente no Lugar de São Miguel na Caniçada, fui conhecer o restaurante Splendid onde o chefe Chakall assumiu a responsabilidade de fazer a carta.
Inspirado no seu novo programa Portugal Revisitado, onde procura os produtos das regiões e seus receituários, o chef argentino criou uma carta repleta de sabores minhotos e com grande paladar.
Há alguns pratos que só podem ser degustados se forem previamente solicitados, um ou dois dias antes, como a perna de bísaro.
Tel: 253 649 000 - www.aquafalls.pt
O famoso restaurante Porto de Santa Maria, no Guincho em Cascais, mudou de mãos, mas não de estilo ou qualidade, tendo sido comprado por um grupo de empresários portugueses da zona.
O chefe reformou-se mas deixou legado, e o ex proprietário José Galveia passou o negócio e o conhecimento, e as novidades já começam a aparecer. De caras já há novidades, a simpática e competente Jade Alvim é a nova Relações Públicas do espaço; da cozinha, e da carta que nunca me deixou mal consta que vão haver novidades à base de marisco, como um arroz de lavagante e uma pasta com o mesmo marisco!
Tive ainda a oportunidade de ir visitar a enorme e variadíssima garrafeira da casa, que além de uma colecção invejável de portos, tem inúmeras raridades como Barcas Velhas, Colares, Ferreirinhas, entre outros.
Estrada do Guincho – Cascais, Tel: 214 879 450 - www.portosantamaria.com
Termino com uma referência a um livro: “2780 Taberna, Cozinha Experimental”.
Li e reli recentemente e voltou-me a encantar pela sua forma moderna, directa e divertida como encara a cozinha. Unem-se produtos e ingredientes, principalmente os portugueses, de diferentes regiões, criando novas e arrojadas receitas, cheias de sabor.
Os seus autores são os proprietários e cozinheiros do restaurante 2780 Taberna em Oeiras e, tal como o livro, o restaurante é arrojado, experimental e diferente. Editado pela Bertrand.
PVP €22,72.
Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 7 de Janeiro de 2011
4 comentários:
Uma opinião pessoal:
As experiências tidas em restaurantes cuja carta é da responsabilidade de um chefe conhecido, e com todos os merecidos créditos, foram decepcionantes.
Com as escolas de hotelaria existentes a formarem novos cozinheiros, que para além da sua paixão pelo que fazem estão motivados para singrarem na sua actividade, os restaurantes devem é apostar nesta juventude.
Os chefes com crédito devem dedicar-se aos seus restaurantes para que os seus clientes não saiam decepcionados dos mesmos aquando da ausência do chefe.
Olá Anónimo,
Infelizmente tenho de concordar e discordar consigo, há muitos chefes "catedráticos" que continuam e fazem um excelente trabalho.
Quanto aos novos chegam cheios de garra e com vontade de fazer novas técnicas e produtos diferentes, cheios de estética e criatividade, mas com zero de sabor.
Mas acredito que seja a gerãcção entre os 20-30 que vai criar mediatismo gastronómico ao nosso país, mas têm de pensar nas bases da nossa cultura e receituário.
Já o Arzak afirmou que é impressionante a nossa cultura gastronómica, que rica e espantosa, mas também é extraordinário que os portugueses tenham tanto medo do que é cultural.
Vamos ver o que os proximos anos podem revelar.
Obrigado
Talvez porque não ficou bem clara a minha opinião pessoal voltei.
Primeiro gostaria de dizer-lhe que concordo com todo o seu comentário.
O meu anterior texto tinha 3 parágrafos:
1º parágrafo: Os restaurantes que contratam um chefe conhecido para somente fazer a carta normalmente pretendem tirar partido do mediatismo do mesmo. A maior parte das vezes a equipa de cozinheiros do restaurante não trabalha, nem nunca trabalhou, com o chefe, tendo dificuldade em identificar-se com a carta proposta.
2º parágrafo: Há bons cozinheiros que darão bons chefes, tendo tido cursos de hotelaria, e tendo trabalhado em equipas de restaurantes com chefes "catedráticos". Compete aos novos restaurantes procurá-los e contratá-los. Posso aqui dar um excelente exemplo do chefe Ricardo Costa. Estive em 2008 no restaurante Largo do Paço, Amarante, tendo sido presenteado por uma excelente refeição. Na parte final da refeição tivemos uma conversa muito agradável com o chefe que se mostrou interessado na nossa opinião. Fiquei satisfeito quando pouco mais de uma semana depois ao mesmo chefe / restaurante foi atribuída uma estrela michelin.
3º parágrafo: A excelência gastronómica numa casa deve-se ao chefe e à sua equipa, sendo importante a sua presença. Como exemplo recordo-me de ter estado no DOC, Armamar, Régua, onde a refeição foi óptima. Quando chegámos, num dia de semana à hora do almoço, estava numa mesa o chefe Rui Paula a comer algo que parecia uns ovos estrelados. Tudo o que comemos estava muito bom, e o chefe e a sua equipa fizeram um trabalho excelente.
Como deve ter reparado só apresentei casos de sucesso, mas claro que tenho exemplos negativos que dão suporte à minha opinião mas, como deve compreender, não apresento.
Para terminar a para provar que dou importância à cultura gastronómica Portuguesa devo dizer-lhe que me dá pleno prazer ir comer ao Fialho, Évora; ao São Rosas, Estremoz; Balbina, Miranda do Douro; Fernando, Pedras Rubras; Solar dos Presuntos, Lisboa; e muitos mais.
Olá Anónimo mais uma vez,
A presença do chefe no dia-a-dia é muito importante e sou defensor que o chefe não é um franchise!
Mas infelizmente grande parte dos alunos que saem das escola, têm pouca experiência numa área complicada, que é a gestão do dia-a-dia, cozinhar nem sempre é tudo.
E os chfes consultores dão uma grande ajuda na gestão do pessoa, quais os melhores fornecedores, preparação e manutenção da mise en place, etc.
E aí percebo a vontade de procurar ajuda externa.
Mas depois do conhecimento estar passado, os consultores têm um papel menor ou mesmo supérfluo.
Voltando à presença, é sempre bom terminar a refeição e privar com o chefe, não só para o cliente como para a equipa de cozinha, o feedback seja negativo ou positivo é sempre construtivo,
Obrigado pelo comentário,
Vicente
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