O nosso país é muitas vezes apelidado de pequeno, e eu refuto e contradigo qualquer pessoa que faça este tipo de acusação, somos um país grande demais para o tempo que temos para o visitar.
Percorro o país de trás para a frente, e mesmo aquelas coisas que já tinha visto, obrigo-me a voltar a ver, porque o milagre da transformação está sempre a acontecer.
A poucos quilómetros do Porto, cruzo o porto de Leixões e faço a grande avenida que entra por Leça da Palmeira, e quando a paisagem passa dos prédios para o oceano, faço mais uns metros até ao Paço da Boa Nova e estaciono o carro à frente do Don Juan.
Foi aqui que há anos atrás comi a melhor paelha em terras lusas, por isso decidi voltar e verificar como estava esta Táperia/Arroceria.
Renovado por dentro pouco reconheci da anterior casa, talvez o bar e algumas mesas, mas olhando para a ardósia que se estendia pelas costas do bar, reconheci o estilo onde as tapas, paelhas e arrozes do dia estavam devidamente anunciados.
Sentei-me à mesa e comecei com as tapas do dia que hoje eram uns folhados de alheira com um molho agridoce - folhado bem feito, sem grandes exageros de manteigas e a alheira era decente, não muito forte, e combinava muito bem com o molho.
Os calamares, que chegaram ao mesmo tempo que o prato anterior, eram bons - lula bem cozinhada e a fritura bem executada, ao contrário de muitas que tenho comido por este país fora, onde se esquecem que é nos pratos mais banais ou apelidados de simples, que se exige mais rigor e sobretudo sabor.
Os revueltos com setas e gambas, para o meu gosto poderiam vir um pouco menos passados e ligeiramente menos salgados, mas não chocaram. Algo que devo destacar neste prato foi a abundância de alimento, principalmente das gambas, que normalmente aparecem aos pares e aqui foi mais para a dúzia.
A Paelha sempre foi o prato forte da casa, que juntamente com as tapas foram a razão de tantos gabados elogios ao longo dos vários anos de vida do Don Juan, e como não poderia deixar de ser, vou terminar os salgados com a de marisco.
Sobre o arroz amarelo típico do prato, identifico do mar as gambas, as amêijoas, o mexilhão em concha e mexilhão redondo, as vieiras e um lagostim - nada mau!
Levei a primeira garfada à boca e os sabores e ponto do arroz agradaram-me e demonstraram a razão de tantos louvores; mas a segunda, mais ponderada e pensada, denunciou alguns problemas: a vieira foi introduzida cedo de mais no prato e mirrou ao ponto de quase desaparecer, e os mexilhões eram de fraca qualidade, denunciando o congelamento – pena, porque os restantes mereciam um parceiro de maior qualidade.
Não fiquei convencido com a Paelha, também não a deitaria fora, mas repensava num mexilhão mais digno do prato.
Terminei com uma bola de gelado de mandarina de Sóller – (De Sandro Desii) que era verdadeiramente divinal, cremosa q.b., quantidade de açúcar acertada e um intenso e realista sabor a tangerina, exactamente como eu a conheço.
A carta de vinhos é bastante extensa, abrangendo muitas regiões e países, bem como várias e boas opções a preços muito aceitáveis, desde do vinho a copo às opções a garrafa.
Éramos três, dois adultos e uma criança que comeu um bife do lombo com batatas fritas (que eu tive a oportunidade de comer metade, e estava muito bom, a carne macia e bem temperada e as batatas muito fininhas e estaladiças – Cubos Juanitos), algumas bebidas pão e café e a conta resumiu-se a €64,30.
Um preço totalmente enquadrado ao serviço, espaço e gastronomia, o que me leva a recomendar sem margem de dúvidas o Don Juan, seja para um almoço de negócios, um jantar romântico ou um encontro de família. É um bom value for money e um sitio simpático para ter uma boa refeição.
Detalhes
Don Juan - Taperia | Arroceria
Rua Helena Vieira da Silva 320
Paço da Boa Nova
4450-329 Leça da Palmeira
W 8º 42' 44'' N 41º 11' 59''
+351 229 965 047
www.donjuan.pt/ geral@donjuan.pt
Horário: Aberto todos os dias das 12h30 às 01h00 (02h00 aos fins-de-semana)
Preço médio: €20 sem bebidas
Tipo de Cozinha: Espanhola e Internacional
Cartões: Todos
Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 29 de Dezembro de 2010
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