segunda-feira, 12 de julho de 2010

Maritávora, Quinta de Fidalgos e Poetas

Crítica do OJE:
Maritávora, Quinta de Fidalgos e Poetas

Por Vicente Themudo de Castro e João Barbosa


Não se chega a Freixo de Espada-à-Cinta facilmente.
Isto para quem vai do Porto ou de Lisboa.

Manuel Gomes Mota, proprietário da Quinta de Maritávora, diz mesmo que ninguém vai lá por engano, pois a vila não fica a caminho de nada, totalmente desviada das rotas principais. Aquela vila, que uns dizem ser transmontana e outros alto duriense (será um pouco das duas), é uma terra simpática.

Monumentos, há alguns e, pasme-se, manuelinos, tão típicos das cidades e vilas do litoral.

Outra das atracções é a torre da igreja maior, com sete lados.

Pouco mais haverá para ver. Já nos seus arredores há uma paisagem de montanha, de curvas e recantos, que vale a pena espreitar. Mas o que leva hoje a falar de Freixo é a Quinta de Maritávora, produtora de vinhos de calibre maior, que têm dado prestígio à localidade.
A quinta terá pertencido a uma senhora da família Távora, de nome Maria e apelido Lencastre.

Bolandas várias, desconhecidas por enquanto, a propriedade acabou por ser comprada, no século XIX pelo pai do poeta Abílio Guerra Junqueiro.

Desde então que está na mesma família. Manuel Gomes Mota é sobrinho bisneto do autor de "A velhice do padre eterno".

A família é importante na terra e possui diversas quintas. Divisões feitas, calhou a Manuel Gomes Mota a de Maritávora, onde começou a "brincadeira" de fazer vinho.

A produção acabou por ser demasiado para ser só brincadeira e da divisão com os amigos, cedo avançou para uma empresa. Hoje, a Maritávora produz dois reservas e duas colheitas (em ambos os casos branco e tinto).

Recente, muito recente, a produção de Vinho do Porto, em parceria com a Cristiano Van Zeller. O negócio passa-se assim: a quinta entrega vinho para os lotes e recebe vinho já pronto para comercializar a sua marca.

Para já, o Vinho do Porto da Maritávora é só para exportação.
Os nomes maiores são os reservas!

Porém, o Reserva Branco tem um mediatismo maior, colhendo maiores aplausos da crítica. Este vinho provém todo duma vinha centenária, onde muitas castas durienses se misturam, não se sabendo, ao certo, quantas lá estão nem todas as que por lá há.

É um talão pequeno, que gera entre as 2.000 e as 3.000 garrafas ano, e podem ser adquiridas nas principais garrafeiras a partir de 28€. Uvas doutros talhões ali não entram.

O que aquela terra dá é o que fica.

Provado o Maritávora Reserva Branco de 2009 nota-se o estilo da quinta e do seu enólogo, Jorge Serôdio Borges, nome sonante da enologia do Douro.

É um vinho mineral, que espelha bem as características do solo xisto abundante, cerrado e agreste.

No nariz e na boca vem muita frescura, boa acidez. No nariz é cítrico. Na boca é prazenteiro, com longo final.

Para comentar este artigo ou sugerir temas contacte o autor por gourmet@live.com.pt.

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 7 de Julho de 2010

1 comentário:

jogos disse...

Parabens pelo blog e pelo roteiro grastronomico.