Quando alguém me envia para um restaurante e eu
vejo, na morada, que é num sétimo andar, associo logo o espaço a um
hotel, pois é comum estes aproveitarem os últimos pisos, principalmente
se for em Lisboa, para assim poderem usufruir de uma vista sobre a
cidade.
Cheguei e fui logo recebido por um senhor que se encarregou
de encaminhar-me, a mim e ao meu carro, para o estacionamento reservado
ao "União", na rua Castilho. À hora do almoço, este tipo de iniciativa é
sempre bem-vinda.
Uma subida de alguns segundos até ao topo do edifício, alguns metros de corredor e entro na sala de jantar.
A
vista não podia ser melhor, o Castelo de São Jorge como pano de fundo, a
cidade de Lisboa a completar o cenário e uma cara sorridente a dar as
boas-vindas. Cara essa que pertence ao proprietário Antero Jacinto,
homem com muita sabedoria no métier, depois de vários anos no mítico e
já saudoso Bachus (agora Bistro 100 Maneiras), o grandioso Alfa (agora
Hotel Corinthia), que já conta com quase 13 anos no Varanda de União.
No
Varanda, o estilo que Antero sempre abraçou foi a cozinha tradicional
portuguesa de sabor e rigor, e, quem lá vai, sabe bem o que procura e
sai sempre com as expectativas cumpridas.
Sentei-me à mesa perto da
janela (que mais parece um miradouro) e iniciei a minha degustação. O
primeiro a chegar foi um prato que muito nome deu a várias casas de
Lisboa: Ovos à professor.
Rigor e consistência saltaram-me logo à
memória! Ovos no ponto, enchidos a enriquecer o sabor, o suficiente para
agradar o mais exigente dos gastrónomos. O que é bom normalmente é
simples e eficaz.
Apesar de a carta ter muitos clássicos da nossa
gastronomia, como Sapateira Recheada, o Bacalhau à Varanda, os Filetes
de Linguado à Castilho e, nas carnes, Arroz de Pato à Antiga, Rim de
Vitela com molho de mostarda ou os Nacos de Vitela com Lagosta à
Varanda, optei pelos pratos do dia.
Primeiro, chegaram os filetes de
polvo, acompanhados por um arroz guarnecido com o próprio molusco.
Tenros, com um polme adequado às expectativas e um arroz quase
malandrinho, em perfeita harmonia com o prato.
De seguida, veio o
cabrito com batatas em cebolada e arroz de miúdos, mais uma vez a
respeitar as tradições, bem temperado, carne macia e o arroz de miúdos
muito aromático - um regalo ao palato.
E porque tanta comida não
poderia dispensar um vinho, escolhi de uma carta interessante, onde os
Douros e Alentejanos estão em maior quantidade e diversidade perante as
restantes regiões. A escolha recaiu num Douro, o Maritávora Tinto, que
se fez acompanhar bem durante toda a refeição.
Para as sobremesas, as
opções eram entre o Papão de anjo, um bolo de chocolate, uma salada de
frutas, tarte de limão merengada e um toucinho-do-céu. Optei pelo
último, e não me arrependi!
Ministros, advogados e diplomatas eram
vários ao almoço. Segundo me apercebi, é costume aparecerem por lá, e é
fácil perceber por quê.
Lisboa tem muitas preciosidades gastronómicas e a Varanda da União é certamente uma das que merece ser a sua próxima visita.
Detalhes
Restaurante Varanda da União
Rua Castilho, 14 - C 7.º
1250-066 Lisboa
N 38º43'13'', W 9º08'58''
+351 213 141 045
varandadauniao@sapo.pt
Horário: Encerra aos domingos o dia todo e Sábados e Feriados ao almoço. Aberto das 12h00 às 15h00 e das 19h30 às 23h30
Preço médio: €30
Tipo de Cozinha: Tradicional
Cartões: Todos
Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 23 de Novembro de 2011
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