A Pêra Rocha ou a Pêra de Portugal, como é
conhecida pelo mundo fora, deve o seu nome e existência à gabarolice e
vaidade de uma pessoa.
Estávamos no ano de 1836, em Sintra, quando o
senhor Rocha ostentava aos seus amigos e vizinhos um fruto tão
delicioso e crocante que todos se apaixonavam. Não tardou que a inveja
levasse não só ao roubo de tão deliciosa pêra como a pequenos ramos da
pereira para depois ser enxertada nas árvores nos quintais dos
rapinadores, e foi assim que ela cresceu na área plantada. Quanto ao
nome, sempre que alguém provava o fruto de outro pomar, perguntava
sempre "O que é isto?", a resposta era contundente "É a pêra do senhor
Rocha". Com os tempos perde o "do" e o "senhor" e acaba por ficar apenas
Pêra Rocha".
O seu crescimento foi de tal forma que o seu consumo é
de sensivelmente sete quilos por pessoa, havendo uma área plantada de 10
000 ha, para uma produção total de 200 000 toneladas, sendo mesmo o
único fruto que é mais exportado do que importado, com Portugal como o
quinto maior produtor do mundo.
Nasceu em Sintra, mas é o Oeste que
lhe dá fama, e, em visita à Fábrica Frutos no Cercal (Oeste), percebo
agora o porquê de haver sempre pêra fresca 12 meses por ano. É que,
depois de apanhada, a que não vai directamente para embalamento ou venda
directa, é guardada numas grandes arcas frigoríficas, com uma
temperatura constante de 1ºC, e nas quais é retirado grande parte do
oxigénio, levando as pêras a hibernar. Assim, por cada mês, só
envelhecem entre seis a sete horas.
Um dos grandes compradores é a
Sumol-Compal, em Almeirim, que faz o único sumo de Pêra Rocha do mundo,
comprando, anualmente, entre 5000 a 6000 toneladas de fruta
exclusivamente portuguesa, para produzir a gama Clássica (1l, 330ml e
200ml) e a Essencial (110ml).
Em ambos os casos, não há adição de
açúcar e, no caso do Essencial, a sua dose é o equivalente nutricional
ao consumo da pêra inteira.
Sendo este um produto de excelência, e
principalmente um produto de Portugal, não perca escolhendo algo menor e
compre o que é nosso.
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Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 15 de Novembro de 2011
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