quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Douros que encantam

Do Douro vêm sempre surpresas interessantes, seja pela sua paisagem, a sua gastronomia, as suas gentes, ou principalmente pelos seus arrojados e apaixonantes néctares.
Três produtores completamente distintos apresentaram as suas novas colheitas e histórias, e cada uma reza a sua narrativa.
Da encosta de Adorigo, no concelho de Tabuaço, chegam-nos os "Pôpa": Um touriga nacional - TN tinto 2008, um tinta roriz - TR tinto 2008, um blend de vinhas velhas VV tinto 2008 e um doce - Vinho Doce tinto 2010. E a diferença e curiosidade é que são produzidos por um dos mais conhecidos e reconhecidos enólogos de Portugal, mas da região da Bairrada, o Luís Pato. Muda a região, mantém o seu perfil e, acima de tudo, a qualidade.
Já de uma quinta em que a história não precisa de relato, a Casa Burmester, também chegaram várias novidades, que começam nos vinhos tranquilos produzidos pelo enólogo Francisco Gonçalves, como o Casa Burmester Touriga Nacional 2009, e o Porto Vintage 2009 Burmester Quinta do Arnozelo produzido pelo enólogo Pedro Sá.
Termino com o sempre apaixonado João Brito e Cunha, que depois da sua passagem por várias casas e projectos, lusos e não só, decidiu apostar na sua própria marca, criando não só vinhos tranquilos, como um Porto Vintage com muito caracter. A referenciar as etiquetas Ázeo branco 2010, os Quinta de São José (tinto 2009, reserva 2009 e grande reserva 2009), bem como a sua recente proposta de Porto Quinta de São José Vintage 2009. 

Passo agora a destacar os que mais gostei nas várias provas:


Pôpa TR 2008 

Vinificado e produzido exclusivamente da casta Tinta Roriz, teve um estágio diferente, em pipas de primeiro ano de 650L durante seis meses, que devido ao seu grau de maturação apresenta uma cor vermelha bastante carregada. 

No nariz, bastante carregado e complexo, apresenta notas de chocolate, e na boca mantém a sua complexidade, bastante encorpado, no entanto de taninos macios. 

O final é bastante prolongado e diria mesmo apaixonante. 

Experimentei-o em harmonia com um lombo de bacalhau escalfado, suas línguas e batata olho de perdiz em puré. 

Foi um casamento perfeito e uma boa sugestão para a sua refeição. 

Teor Alcoólico 14%. 
PVP: 19€.
 


Burmester Quinta do Arnozelo Porto Vintage 2009 

Quando se fala de um Porto é difícil identificar todas as castas, mas neste caso apercebemo-nos da predominância da touriga nacional, sendo que o blend é feito de castas de vinhas velhas com mais de 50 anos. 

O perfil é um pouco diferente de um vintage clássico, estando pronto para beber ou, para quem prefere, aguardar uns anos por uma evolução, que certamente beneficiará o seu caracter. 

A sua cor violeta opaca combina com um nariz exuberante, onde sobressai a fruta negra do bosque. 

Já a boca é gulosa e redonda, terminando longo e frutado. 

Teor Alcoólico 20%. 
PVP: 42€.
 

Quinta de S. José Reserva 200

Produzido da casta touriga nacional (45%), juntamente com uvas de vinhas velhas (55%), situadas no Cima Corgo, estagiou em barricas de carvalho francês usadas de 225L e 400L. 

O resultado foi um vinho de cor purpura carregado, com aromas muito complexos, onde a predominância é de fruta madura, algumas flores e especiarias. 

Já na boca, a exuberância é fantástica mostrando frescura e elegância, com uns taninos que lhe conferem um fantástico e longo final de boca. 

Este é um vinho que certamente daqui uns anos beneficiará do estágio em garrafa. 

Teor Alcoólico 14,5%. 
PVP: 23€.

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 09 de Novembro de 2011

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