quarta-feira, 4 de maio de 2011

A arte de bem criar champanhe: Ruinart

Há muitos anos que o champanhe é alvo de paixão ou de rancor, bebida agradável que não é indiferente a ninguém.

Uns gostam de beber acompanhada de frutos, sendo o mais popular o morango, visto que activa as propriedades de acidez e a adstringência, mas na realidade quando o champanhe é bom, simples é como se aprecia melhor.

Uma das casas mais conhecidas e afamadas pela sua qualidade é a francesa Ruinart, em Reims, que desde 1729 produz os seus néctares.

Não vou estar aqui a explicar os métodos técnicos de trabalho, como o tratamento da uva e das vinhas no campo, a sua apanha, vinificação e engarrafamentos.

Vou saltar todas estas linhas e falar do que é mais interessante: o produto final!

Não fique o leitor a pensar que não é importante a produção, que é bastante interessante até, mas o prazer está em beber, degustar e apreciar - o resto é história.

Vou começar pelo Blanc des Blanc, feito exclusivamente da casta Chardonnay: tem uma cor amarela-dourada perfeita, mas quando o pomos a dançar no copo, podemos ver alguns laivos esverdeados, distintivos pela sua acidez.

As bolhas são finas e elegantes, elevando ao topo aromas primaveris e frescos, como os frutos vermelhos, morangos, cerejas num "bouquet" extraordinário.

Na boca, o prazer amplia-se ao demonstrar um enorme equilíbrio, estrutura e, principalmente, um final muito persistente. Preço 62 €.

Um dos mais populares é o Rosé, produzido das castas Chardonnay (45%) e Pinot Noir (55%): revela-se num rosa-dourado ao olho, e com uma bolha muito delicada e expressiva.

O nariz é um estrondo, muito floral, frutado e fresco, dando vontade de o beber logo.

Na boca, mantém a firmeza e a delicadeza do nariz sobre boa estrutura, revelando a fruta vermelha e os morangos em cada golo. Termina longo. Preço 62 €.

Já na gama de topo estão o Dom Ruinart e o Dom Ruinart Rosé: o primeiro foi lançado recentemente no mercado português, sendo um "vintage" de 1998, produzido somente com a casta Chardonnay, verdadeiramente fantástico e que poderá encontrar nas principais garrafeiras por volta dos 185 €.

O segundo, o Rosé, é de uma fineza e elegância de que poucos produtores se podem orgulhar. É, para mim, "la crème de la crème".

Produzido com as castas Chardonnay (84%) e Pinot Noir (16%), revela-se ao olho num rosa com laivos dourados e cobre, e bolha muito fina e delicada.

O nariz muito opulento, mas a revelar de forma subtil as fragrâncias, só é superado pela boca cítrica e de frutos do bosque, muito equilibrada e elegante.

Uma verdadeira bomba de prazer no palato. O preço assusta, mas a qualidade paga-se: 315 €.

Não fiz harmonizações com nenhum prato ou sobremesa, porque o champanhe dá bem com tudo e tudo se dá bem com um Ruinart!

*Preços retirados da Garrafeira Internacional.

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 04 de Maio de 2011

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