Depois do desaire da semana passada, em que Portugal foi preterido pela França na realização da Ryder Cup 2018, e assim perdendo um grande investimento numa região que para mim é um filão de ouro do nosso país: A Comporta.
Não digo que gostaria de ver os longos areais, os campos verdes de sobreiro e pinheiro, ou os longos arrozais decorados com prédios e resorts de luxo, mas nem tanto ao mar nem tanto à terra.
Quem nunca deixou de acreditar nesta região e aposta fortemente no seu desenvolvimento é a Herdade da Comporta, desenvolvendo o seu projecto no turismo, imobiliário, restauração, golfe, sustentabilidade paisagística e aquele que me levou a pensar neste texto: o Vinho.
Foi em 2001 que começaram a plantar uma vinha num terreno que à primeira vista parece um areal, e com a sua proximidade ao mar, presumo que deve ter havido muitas dúvidas em relação ao projecto, mas a realidade é que este conjunto de factores unidos à sua forte exposição solar criaram um micro clima muito propício ao crescimento, desenvolvimento e produção de vinho.
Em 2003 foi o primeiro ano de produção e desde então já plantaram e enxertaram mais vinha, tendo neste momento 30ha de área plantada e já havendo projectos para crescimento desta vinha.
O processo de vindima é manual e, depois de seleccionada, a uva chega a adega em caixas de 20kg onde é novamente escolhida, esmagada e desengaçada, fermentando em lagares de inox.
Já nos depósitos e depois dos melhores lotes estarem escolhidos, passam para a fase de estágio numa sala equipada com os mais modernos equipamentos de refrigeração e humidificação, criando as melhores condições para uma evolução correcta e exemplar.
A adega, além de estar equipada com o mais moderno equipamento para a produção e vinificação de vinho, é um edifício bonito de arquitectura arrojada, o que incentiva muitos dos passantes a fazer uma paragem, arriscar numa prova e no final levarem para casa algumas garrafas compradas na loja.
Aqui está um bom exemplo de como se podem vender bastantes vinhos sem o custo da distribuição.
Focando-me apenas nos vinhos que o enólogo Francisco Pimenta e a Herdade da Comporta produzem, estes dividem-se entre Herdade da Comporta, Parus e Chão de Rolas. Dentro dos que tive acesso, aqui vão algumas notas de prova.
Herdade da Comporta Rosé 2009
Produzido das castas Castelão e Touriga Franca, tem uma cor salmão escura.
O nariz revela framboesas e muita frescura.
Já a boca é um pouco doce, macia e bastante fresca.
Teor Álcool 12,5%.
Preço: €4,80
Herdade da Comporta Branco 2010
Produzido das castas Arinto e Antão Vaz, é bastante tropical e com notas cítricas, revelando-se aromático, estruturado e persistente.
Teor Álcool 13,5%.
Preço: €7,5
Herdade da Comporta Tinto 2007
Produzido das castas Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet e Touriga Franca, tem uma cor romã viva, revelando muita fruta madura e alguma madeira no nariz e depois uma boca bastante estruturada com os taninos bastante presentes. Boa persistência e acidez.
Teor Álcool 13,5%.
Preço: €7,5
Parus Branco 2009
Produzido exclusivamente da casta Antão Vaz, revela logo notas de ananás e limão no nariz, e na boca os sabores mantêm-se de forma suave, mas rapidamente transformam-se num vinho fresco, mineral e com uma persistência muito apaixonante.
Teor Álcool 14%.
Preço: €10
Parus Tinto 2008
Produzido das castas Alicante Bouschet (80%), Aragonez (10%) e Touriga Nacional (10%).
A sua cor granada e o nariz onde a fruta vermelha madura, juntamente com as notas de madeira, revelam um vinho cuidado onde a oxigenação vai alterando beneficamente a sua evolução.
A boca revela taninos firmes (um pouco duros ainda), boa acidez e um bom equilíbrio das notas de madeira.
Teor Álcool 14,5%.
Preço: €12
De realçar que são vinhos equilibrados com preços justos e que demonstram uma boa solidez da equipa e do projecto de enologia da Herdade da Comporta.
Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 25 de Maio de 2011
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