quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Manifesto de Luís Baena

OJE - Lifestyle - 2010.01.06
Imagens Rui Santos

Abriu há um mês e já é referenciado por alguns bloguistas como um dos lugares mais interessantes de Lisboa. Na passada segunda-feira fui verificar com os meus próprios olhos e palato o que o Chef Luis Baena anda a fazer, agora a solo.

O espaço está originalmente decorado, relembrando um estilo pop art dos anos 60: o lettering usado e algum papel de parede têm semelhanças com os quadros de Andy Warhol, nomeadamente o Flowers de 1970 e o Marlyn Monroe de 1967, o primeiro substituído pelas criações gastronómicas de Baena e o segundo pelo retrato do Chef.

As mesas em vez de toalhas têm vinil e as paredes são decoradas por várias frases que fazem parte da vida deste cozinheiro. Outro detalhe delicioso são os candeeiros sobre o balcão do bar, também eles num estilo pop art.

O manifesto não é novidade, pois é assim que todos o conhecemos: cozinha irrequieta, vanguardista e criativa. A vontade de recriar-se e reinventar-se para exceder- -se a si próprio e demonstrar a sua paixão na criação.

As ementas são sempre diferentes, por isso a minha experiência poderá ser só minha e de alguns que por lá passaram a semana passada. Agora alguns ficaram e outros saíram e, claro, novos apareceram.

Há menus de degustação de cinco pratos que se iniciam nos 35€ (blowup), 48€ (vertigo) e 68€ (stairway to heaven). Este último é um desafio do chef, em tom de provocação, clamando: se não me conhece coloque-se nas minhas mãos e tenha coragem!

Caso queira ir pela carta, os preços variam entre os 10 a 15€ nas entradas, 18 a 25€ nos pratos principais, onde se incluem alguns vegetarianos e meia dúzia de sobremesas que variam entre os 9 e os 18€.

Ao almoço a carta é diferente, apresentando alguns petiscos como o pastel de massa tenra de galinha (3€), sushi de presunto de Barrancos (5€) com arroz de coentros ou de tomate (2,50€), migas de bacalhau de coentrada 12€ e a empada de cabrito (14€). Estes últimos têm meias doses de 6,5€ e 7,5€.

A minha experiência começou num Fricassé de cogumelos silvestres das Penhas Douradas e croûtons de curcuma. Não foi o meu favorito, visto que o sabor dos citrinos abafava um pouco os restantes ingredientes e a concha que substituía a tradicional colher não facilitava o trabalho. Mas mostra aqui um pouco da originalidade e o quebrar de barreiras a que este chefe se obriga.

A Gamba frita com caril manjericão e nage de wasabi estava boa, notava-se bem a qualidade dos ingredientes e a originalidade da sua confecção. A combinação da nage de wasabi com o manjericão foi uma agradável surpresa, pois dava um toque asiático e mediterrânico bastante original.

O Pregado com crosta de mostarda foi o ponto mais alto, muito bem preparado, com uma crosta divinal e uma quadratura de crostas coloridas (açafrão, beterraba, salsa e tomilho limão, tinto de choco) a criar uma cama, que além do aspecto visual fantástico, enriquecia a harmonia dos sabores.

O Culombo de novilho com molhos diferentes estava novamente num ponto muito alto de gastronomia. O rabo de boi desfazia-se, não obrigando quase a passagem da faca, e o lombo mal passado fizeram música dentro da minha boca.

A emulsão de alho francês com feijão verde era realmente diferente, inovadora e saborosa. Um pouco de caldo e uma batata gratinada acabavam a guarnição deste prato.

Terminei com o Triffle de bolacha Maria, molho de caramelo e praliné de amêndoa, que me pareceu um pouco mediano para o nível que até aqui se tinha instituído.
Este era o menu Vertigo € 48,00 + 2 copos de vinho 5€ + couvert 4€ + água 3€ e café 1,5 e paguei 61,50€.

Vou ter de voltar e provar outras criações, na certa interessantes e saborosas, mas essencialmente irreverentes.

Termino com uma frase que vi estampada na parede: "A culinária, como a língua, deve ser dinâmica", Mia Couto.

Para comentar este artigo ou sugerir temas contacte o autor por gourmet@live.com.pt.

Detalhes
Restaurante Manifesto
Largo de Santos, 9C 1200-808 Lisboa
www.restaurantemanifesto.com
Tel.: +351 213 963 419
Telm.: +351 911 715 880
Horário: Aberto das 12h00 às 15h00 e das 19h30
às 00h00
Preço Médio: 45,00 €
Encerra: Encerra aos domingos e feriados o dia todo e sábados ao almoço
Tipo de Cozinha: Criativa de Autor
Cartões: MB, VISA, AMEX
Notas: Estacionamento no parque Vitorino Nemésio.

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 06 de Janeiro de 2010

6 comentários:

Anónimo disse...

O que faz um nome?

Com todo o respeito pelo Luís Baena achei a refeição (menu Vertigo) banal, desinteressante, distante e acima de tudo cara.
O espaço está igual ao Omnia com alguma mais alguma cor nas paredes e os ditos candeeiros em cima do bar.

Casa vazia, ambiente frio (não por falta de aquecimento),serviço qb, a comida foi como uma pista de ski, das pretas, sempre a descer num plano muito inclinado. Gostei do fricassé, sei que a gamba estava boa, o pregado não estava mau demasiado pequeno, mais de metade do culombo foi para dentro e a sobremesa era detestável (90% foi para dentro).

Nem uma palavra, nem uma questão sobre a não satisfação de alguns pratos. Ai a HOSPITALITY onde é queela anda.

Preço duas pessoas 117 muito caro mesmo com uma boa qualidade. Com os pratos apresentados foi carissimo.

O Chefe não estava presente.
Esperava muito mais criatividade.

Não vi nada irrequieto, nem vanguardista, nem nehuma barrira quebrada.

Não percebo como é que a TIME OUT escreveu

À noite, os preços sobem um bom bocado. Um jantar à carta pode andar pelos 35/40€ ou continuar a escalada, sobretudo para quem se aventure pelos menus de degustação, que são três: a 28, 38 e 78 euros (o último é um menu surpresa). Uma coisa é certa: a atitude de quem aqui entra tem de ser também ela um manifesto. Se se senta à mesa de Luís Baena é porque quer ser surpreendido.


Não corresponde em nada com a realidade

Finalmente, gostei do texto inicial da carta, mas em nada se reflete na refeição. Tanta pretensão.

EuSouGourmet disse...

Caro Anónimo,
Quando fui na passada segunda, levei a minha mulher que pediu outro meu o (blowup) onde comi um Carpaccio do Alentejo fatias finas de pão torrado com toucinho e presunto, óleo de trufa, tomate confitado e um Gelado nitrogenado de marron glacé bastante interessantes.
Tenho que concordar com a sobremesa, pois realmente não gostei.
Quando ao culombo o meu estava muito bom.
Sei que não é desculpa, nem eu me desculpo em nome de outras pessoas mas a casa ainda se está a fazer.
Quanto ao HOSPITALITY tenho que concordar que o empregado que lá andava, parecia um pouco perdido e nunca me perguntaram se eu estava a gostar, apenas no ultimo prato.
Mas tenho a dizer que vi irreverencia e irrequietude, principalmente na alteração de menus.
Cumprimentos
V

Anónimo disse...

Ok

Vamos ver a irreverência e a irriquietude no futuro, nas mudanças de menu que não sei qual a frequência.

Sepois voltamos ao tema

Dummy Essentials disse...

Heartiest Congratulations on winning the Blogger's Choice Awards 2009 for the "Best Foreign language blog" category :)
Pooja and Ankit
Dummy Essentials
http://dummy-essentials.blogspot.com/

Anónimo disse...

Meus senhores, depois de vários anos a trabalhar em Hotelaria/Restauração tanto no nosso país como no estrangeiro (3 países), cheguei ao MANIFESTO... e desde já eu manifesto que : quem nos dera a nós que existissem mais MANISFESTOs por esse país fora!!!
A todos os que já foram ao MAINFESTO e não gostaram ou ficaram "ressabiados" com alguma coisa dou um conselho de amigo, voltem lá, limpem as mentalidades de preconceitos e curtam o que vos é oferecido.

Aquelçe abraço

EuSouGourmet disse...

Caros anónimos,
O Manifesto é realmente um bom restaurante, ainda tem um longo caminho pela frente mas já mostra a sua irreverencia.
Como em tudo nada chega perfeito, mas tem tempo para lá chegar e vamos esperar que chegue.
Cumprimentos
V