Recordo com certa facilidade a primeira vez que tive a oportunidade de provar um néctar das Altas Quintas: o momento ficou marcado e registado em 2006.
Estava eu no restaurante de um amigo que não se calava a falar de um novo "alentejano" que tinha recebido e que era bastante diferente do perfil tradicional desta região!
Era o Altas Quintas Colheita de 2004 e depois de o provar fiquei entusiasmado e pedi logo para me reservarem uma caixa. Passaram alguns anos e tive a oportunidade de provar esse mesmo néctar, e apesar de estar ausente dos taninos, e apesar da cor tijolo - factor da idade - continua um vinho muito interessante e bem agradável.
O segredo deste produtor está na forma como é encarado o projecto: "Os vinhos fazem-se na vinha, não na adega".
As vinhas, essas, são todas na região demarcada de Portalegre, junto à Serra de São Mamede, representando 48 hectares numa propriedade com uma área total de mais de 250 hectares. Plantadas a uma altitude que varia entre os 500 e 650 metros de altitude e com orientação de norte-sul, está povoada principalmente com castas da região como a Trincadeira , Aragonez e Alicante Bouschet nos tintos, e Verdelho e Arinto nos brancos.
A adega é uma simbiose entre o moderno e o tradicional, havendo desde os lagares de granito e os fantásticos balseiros da Seguin Moreau, às modernas e refrigeradas cubas de inox, vinimatic, de onde saem os vários néctares directamente para as garrafas ou em alguns casos para estágio em barricas de carvalho que nunca excedem os três anos de idade.
O enólogo dispensa apresentações, e é um dos grandes responsáveis pelo sucesso do projecto - Paulo Laureano , que sabe o que faz, e o que faz, faz bem.
Os resultados práticos para 2011 já foram apresentados: um branco e um tinto, ambos "colheita", ficando a faltar o "reserva", que se espera no mercado ainda antes do fim do ano.
Aqui ficam as notas de prova dos novos lançamentos:
Altas Quintas Colheita Branco 2010
Produzido das castas Arinto e Verdelho e fermentado em barricas novas de carvalho francês.
Apresenta uma cor citrina límpida e fortes aromas a fruta tropical, bastante fresco e no nariz distingue-se de forma equilibrada o contacto com a madeira, através das notas especiadas e fumadas.
A boca é uma boa revelação, fresco, bastante untuoso onde a fruta tropical se revela interessante, o final é longo, persistente e cativante.
Grau alcoólico; 13º.
PVP €12.
Altas Quintas Colheita Tinto 2007
Vinificado das castas Trincadeira, Aragonez e Alicante Bouschet, fermentou em balseiros de carvalho francês e, depois da fermentação malo-láctea repartida entre os balseiros e barricas, partiu para um estágio de 18 meses em barrica, seguindo para as garrafas onde ficou durante um largo período a procurar equilíbrio, antes de ser lançado para o mercado. Esta forma ponderada de produzir resultou num vinho com uma cor jovem, granada, apesar dos quatro anos de idade.
Os aromas de fruta compotada, bem como alguns toques mentolados, e bastante especiaria e tosta (resultado do estágio na barrica), remetem-se para uma boca equilibrada, elegante e bastante fresca.
Um vinho distinto e cativante e bastante gastronómico.
Grau alcoólico: 14º.
PVP €19,5.
Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 22 de Junho de 2011
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