quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Vencer no Algarve conquistar no Alentejo

Foi em terras algarvias, dirigindo o negócio Garrafeira Soares, que esta família se apresentou e afirmou no mundo dos vinhos.

Alguns anos após se iniciarem na distribuição, apaixonaram-se por um terreno em Albernoa, no baixo Alentejo, e investiram em 200 hectares de terreno quase baldio.

Seguiram-se os investimentos na vinha, nas árvores, na adega, na casa e até num hotel, e é em 2003 que fazem a primeira vindima, começando logo da melhor forma.
O Malhadinha tinto, na sua primeira aparição ao público, conquistou três importantes prémios na International Wine Challenge, em Londres.

A partir desse momento, vivem todos os dias sobre a motivação de fazerem mais: mais quantidade, mais variedade e mais qualidade.

Pois assim, das poucas castas que constituíram as primeiras vindimas dos 20 ha de vinha, juntaram-se mais 7 ha em 2006, havendo agora um conjunto muito alargado de castas: Antão Vaz, viognier, aragonês, alicante bouschet, trincadeira, syrah, touriga nacional e outras.

Hoje vou falar dos últimos a que tive acesso, começando por aquele que mais me espantou: O Malhadinha Branco 2009.
Foram 7936 garrafas produzidas das castas Arinto (50%), Viognier (35%) e Chardonnay (15%) que resultaram num elegante e moderno vinho.

Com aromas primaveris discretamente florais e vegetais, revela-se na boca muito intenso, fresco e frutado e com uma acidez graciosamente controlada.
A influência da madeira faz o seu final longo e persistente.

Via este vinho a acompanhar um robalo com ervas aromáticas ou marisco frito. Servia a 11ºC. PVP €18.

Ainda nos brancos, outro interessante e de uma complexidade mais graciosa é o Antão Vaz, que infelizmente já está esgotado, mas podemos encontrar uma das 4223 garrafas de 2009 nos mais perspicazes restaurantes.

Mineral, frutado e ligeiramente fumado nos seus aromas, revela a mesma potencialidade na boca, juntando-se uma acidez equilibrada.
É o parceiro ideal para peixes assados ou cozidos (com molhos).
Sirva entre os 9-10ºC. PVP €9,50.

O apogeu foi ao degustar o Marias 2007! O blend das castas Aragonês (60%), Alicante Bouschet (20%) e Cabernet Sauvignon (20%) só peca pela quantidade: 6200 - quantos por este mundo fora irão ser privados deste néctar dos Deuses?

A cor encarnada escura carregada, quase negra, revela inúmeros aromas elegantes onde os frutos vermelhos sobressaem, juntando-se elegantemente ao aroma de frutos secos torrados, revelando ainda notas especiadas e um pouco de tabaco.

A boca elegante e rica em sabores demarca-se pela sua estrutura de taninos muito robusta e polida, tornando o vinho macio e muito guloso.

O final é muito longo e graciosamente persistente, sendo um vinho que casa bem com pratos fortes e aromáticos.
Sirva entre os 16-18ºC, mas guarde algumas garrafas para provar daqui um par de anos ou mais.
PVP €60.

Parabéns ao enólogo Luís Duarte e à sua equipa, pois aqui só a excelência é que vai para os mercados

Para comentar este artigo ou sugerir temas contacte o autor por gourmet@live.com.pt.

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 5 de Outubro de 2010

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