sábado, 23 de outubro de 2010

2008 e os vintages da Fladgate

Como vem sendo habitual nesta época do ano, os vinhos do Porto começam a aparecer e os mais cobiçados têm o selo Vintage, caso tenha sido um ano fantástico e com características muito especiais.

A Fladgate não teve dúvidas de que 2008 foi um desses casos, engarrafando diferentes lotes das diversas quintas e marcas, garantindo o selo de Vintage - ano excepcional.

Um factor comum a todos os vinhos que vou descrever nas próximas linhas é que, apesar de serem uvas e quintas diferentes, todos eles receberam o mesmo tipo de tratamento: as uvas foram pisadas em lagares de granito, usando-se as técnicas de sempre, passadas de geração em geração.

A aguardente utilizada foi a mesma e a exposição meteorológica também: um pouco mais fresco que o habitual e Agosto também não escapou à regra.

Na vindima, as temperaturas mais altas, mas com as noites frescas, criaram boas condições para um bom final de maturação e, claro, para as fermentações.

A única coisa de que nos podemos queixar é que o rendimento da produção foi comparativamente menor que em 2007.

Começando pela Quinta da Roêda, a principal propriedade da Croft e, seguramente, uma das mais fantásticas propriedades do Douro, o Croft Quinta da Roêda 2008 Vintage Port apresenta-se no copo de cor púrpura escura e alguns laivos de violeta.

Notas aromáticas de eucalipto e framboesa em compota, no nariz, e a boca é gorda e volumosa, com taninos bastante sólidos para um jovem vintage.

Termina longo, persistindo a fruta de forma agradável e suave.

O Taylor Quinta da Vargelhas 2008 Vintage Port é outra supresa agradável, cor preta intensa também com laivos violeta, aromaticamente o cassis e os frutos do campo prevalecem, havendo espaço ainda para um pouco de melaço, tomilho e notas de madeiras exóticas.

A boca, ainda um pouco dura, é intensa mas ao mesmo tempo arredonda de forma inesperada, tornando os taninos subtis.

Já o Taylor Quinta de Terra Feita 2008 Vintage Port revela uma complexidade aromática extraordinária, onde as amoras, framboesas, toques vegetais e a menta saltam de forma intensa e poderosa. Este é um clássico: refinado e complexo. Os taninos densos, cheios de textura, revelam a fruta negra de forma subtil, terminando num muito longo final.

Os Fonsecas: Guimaraens e Quinta do Panascal, apesar de diferentes, são igualmente interessantes e reveladores de um bom ano de Vintage.

Ambos têm cor púrpura negra e opaca, revelando-se mais jovem o Quinta do Panascal, embora possuam narizes completamente distintos: o Guimaraens com amoras, morango, cassis, frutos do bosque, temperados pelo café e especiarias e finalizados com toques de menta; o Panascal com mais chocolate, muito chocolate e ainda com notas de cereja e ameixa, terminando ligeiramente especiado e com um pouco sabor a couro.

Ambos são intensos e persistentes na boca, terminando longos, doces e fantásticos - típico num bom Fonseca!

Mais uma vez, estamos perante um ano que vai dar-nos muitas alegrias, e seguramente que 2008 é um bom investimento para quem faz da guarda uma escolha.

Poderá encontrar estes néctares do Porto nas principais garrafeiras do país, a preços que rondam os €35.

Vá lá, beba um Porto!

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 20 de Outubro de 2010

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