OJE - Lifestyle - 2010.04.21
São 55 hectares de vinha distribuídos em duas quintas: Alqueve e São João. Estou a falar do Pinhal da Torre, sediado em Alpiarça, e que produz mais de 12 diferentes rótulos, divididos na entrada de gama com a "Vinha do Alqueve", a gama média "Quinta do Alqueve", as superiores a "Prestige" e a top dos tops "Premium".
As castas dividem-se por muito mais do que os rótulos e combinam o melhor das vinhas nacionais, com a necessidade emergente de trazer o cheirinho internacional, como o syrah nos tintos ou o chardonnay nos brancos.
A vinha, essa é situada mesmo no centro do Ribatejo, agora dominada região Tejo, que sempre foi um pouco desconhecida em termos vínicos no mercado português, e agora com a alteração de nome e região ainda se tornou um pouco mais confusa.
Mas Paulo Saturnino Cunha ignora a alcunha do desconhecido e promove aquilo que deve ser fomentado, a boa qualidade e a originalidade do solo e vinha desta região.
É ponto assente e obrigação a produção de vinhos com qualidade e apresenta alguns rótulos de vinho tinto que devem receber uma merecida atenção.
São eles o Quinta de São João e o 2 Worlds, ambos de 2004. O primeiro é um conjunto de três castas: Touriga nacional, touriga franca e tinta roriz, e apesar dos seis anos, três dos quais em garrafa, apresenta uma cor rubi com laivos violetas, mostrando uma jovialidade aromática e uma elegância na boca muito boas.
O seu carácter frutado, onde os frutos maturados do bosque sobressaem, e o estágio de 12 meses em barricas, conferem uma característica complexa e de final rico na boca. Curiosamente por cada hora que passa e se não exagerar vai assistir a uma evolução crescente do vinho, e no meu caso quatro horas após a abertura conheci da mesma garrafa um novo e mais interessante nectar.
Uma escolha adequada para combinar com grelhados de carnes de porco e vaca.
Quanto ao segundo, o 2 Worlds, para o qual recaiu a minha preferência, as castas são touriga nacional e cabernet sauvignon. A sua harmonização de forma singular revela um vinho muito gastronómico e aveludado.
O estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês deu uma complexidade e uma persistência bastante agradável, terminando de forma longa, enchendo a boca com os seus taninos muito seguros e redondos.
Termino ainda com uma referência especial ao Quinta do Alqueve Colheita Tardia 2005, feito 100% com uvas da casta Fernão Pires.
De cor dourada brilhante onde o seu carácter único e frutado, especialmente a maçã reineta, harmoniza de forma adequada com o doce suave do melaço caramelizado. Torna-se assim um vinho muito interessante para acompanhar sobremesas, e alguns queijos, como o da serra.
São vinhos para beber, apreciar e criar ambiente, transformando o néctar de Baco num prazer que deve ser partilhado.
Para comentar este artigo ou sugerir temas contacte o autor por gourmet@live.com.pt.
Detalhes:
Pode encontrar em vários restaurantes e garrafeiras especializadas, sendo o contacto do produtor:
Pinhal da Torre
Quinta de São João - 2090 Alpiarça
Tel: (+351) 243 559700
www.pinhaldatorre.com
E-mail: geral@pinhaldatorre.com
Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 21 de Abril de 2010
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