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Rua Latino Coelho 1 - Lisboa
Telefone: 21 312 00 00
Há trabalhos que eu faço por prazer, há prazeres que acabam em trabalho, e há prazeres que só encontro no meu trabalho.
Foi há pouco tempo que fui ao panorama e descobri uma nova visão da cozinha portuguesa.
A primeira fase da viagem começou por uma passagem pelo lobby do hotel, apanhar um elevador ultra sónico (ultimo piso), e partir para uma viagem sobre Lisboa sem sequer precisar de apanhar um avião.
Para os que não são fans deste meio de transporte, têm aqui uma oportunidade única de sobrevoar Lisboa, sem haver o perigo de perder as malas.
Feita a passagem obrigatória pelo bar, sobrevoo Lisboa em direcção aos salões.
O serviço Christoffle e o faqueiro de prata foram os primeiros a encher os meus olhos. Depois, e ainda deslumbrado com o espaço, vejo uma sala onde o branco e o dourado imperam. Ao fundo, uma garrafeira protegida por paredes de vidro dá à sala um “je ne sais quoi” de fantástico.
Sentei-me nas grandes e cómodas cadeiras e, numa sensação de conforto total, dou início aos trabalhos.
O tema é "folhas, flores, frutos e brotos". Abro o menu e logo na primeira página leio um texto do chef. E assim diz: “Antes de iniciarmos esta viagem de sentidos e sabores, gostaria de vos apresentar as bases da minha cozinha
Tradição: O respeito pela cozinha tradicional portuguesa e os seus produtos.
Frescura: Não existem produtos secundários, todos têm um valor na receita. Porém, têm de ser frescos.
Inovação: O elemento surpresa e alguma provocação estão sempre presentes na minha abordagem culinária.
Sabor: O Sabor e o Gosto são os elementos mais importantes. A cozinha, antes de tudo, tem de ser saborosa. “
Aqui vou eu, e o primeiro a chegar é: Tártaro de robalo com ovas de Tobiko, funcho e cerefólio, servido com um gaspacho de morangos, vodka e pimenta preta.
Estamos perante um caso sério de cozinha, tudo encaixa na perfeição. A apresentação magnifica, o doce do morango silvestre, o fresco do robalo, o ténue picante deixado pela pimenta e o efeito de pequenas explosões de sabor que as ovas provocam. Simplesmente rendi-me e ainda tenho mais pela frente.
O atum corado e muxama laminada, ananás e beterraba marinados, micro-vegetais e gelado de queijo parmesão, confesso que não morri de amores. No entanto, estava muitos pontos acima da média.
Seguem-se os lagostins salteados com cristais de cítricos, geleia sólida de alvarinho perfumada com baunilha e falsa maionese de melancia. A provocação e a criatividade deste chefe são ilimitadas, os cítricos fazem sobressair os lagostins e a geleia de alvarinho é simplesmente genial.
Um dos elementos que este chef se orgulha é de ter introduzido o conceito de mineralogia em Portugal: ouro, prata, bronze e carmine. O Conceito pode parecer estranho à primeira vista, e na realidade o seu valor é na mais valia que dá a apresentação, pois penso que o sabor é inócuo.
Mas para perceber melhor provei o bronze de foie-gras lacado com vinho tinto e oito especiarias, guarnecido com farófias de porto branco e coulis de manga. Foi neste momento que as minhas palavras desapareceram, pois só conseguia pensar “que combinação fantástica de especiarias”, e as farófias…. ai, as farófias!
O interessante é que, depois do primeiro prato, pensei que fosse impossível igualar ou mesmo superar, mas o Chef apresenta uma ementa num crescendo quase impossível, ora vejam o que se segue: robalo cozinhado em vácuo com água do mar e salicórnias, creme de topinambours e pleurotus amarelos salteados com alho e flor de sal. Dá para acreditar?
O Carré de leitão desossado, com batatinhas novas confitadas em azeite de baunilha e um puré de nectarinas, é simplesmente uma pérola da cozinha. Numa apresentação mais simples nada deve ao sabor e à criatividade, e todos os sabores se equilibram de uma forma natural e clara.
Seguiram-se as sobremesas: “Pudim marfim sobre tártaro de ananás tostado com baunilha e espuma de cerejas” e “sobre um creme de papaia nêspera o nosso bouquet de frutas, folhas e flores.
Nada é deixado ao acaso, tudo é visto para ser perfeito, e o talento está todo lá.
Não me vou estender pelo serviço e carta de vinhos, pois nada de negativo tenho para apontar, pelo contrário, o trabalho de equipa colmata numa refeição genial e exemplar.
Saí deste espaço perplexo! Como é que não há fila de espera para conhecer as criações deste talentoso chef?
Estão à espera da estrela (para mim já merecida)?
Foto 1 - Tártaro de robalo com ovas de Tobiko
Foto 2 - Atum corado e muxama laminada
Foto 3 - Lagostins salteados com cristais de cítricos
Foto 4 - Bronze de foie-gras lacado com vinho tinto e oito especiarias
Foto 5 - Robalo cozinhado em vácuo com água do mar e salicórnias
Foto 6 - Carré de leitão desossado
Foto 7 - Pudim marfim
Foto 8 - Sobre um creme de papaia nêspera
6 comentários:
Eu fui lá comer e achei para um restaurante gourmet caro porque estive na Casa da Calçada que tem uma estrela michelin e era mais barato, será que este tipo de restaurante que se dizem gourmet têm viabilidade económica?. Quando vou a este tipo de restaurantes para já não vou atras da figura de um chefe mas da comida que a casa me propociona porque chefes vão e vêem como o caso do Chefe Henrique esse sim poderia dar uma estrela Michelin a este restaurante ,a comida muitgo copia do que se faz lá fora e a melhor para sabores nacionais, em ponto certo a marinada do tomate da sobremesa, caso a lamentar não terem um escanção e a carta de vinhos ser mais elaborada e alargada, o que achei muito mau foi o preço de um nescafé, devem continuar a melhorar que querem ser conectados como gourmet, até breve.
Olá João,
Obrigado pelo comentário!
Realmente as opiniões diferem e neste espaço vivemos sobre uma verdadeira democracia pois cada um pode dizer o que pensa.
Conheço o trabalho do Henrique, Ricardo e Leonel, e acho que cada um tem o seu estilo e arte.
O Henrique com o Alma afastou-se um pouco da alta cozinha que nos vinha habituando, indo para um conceito mais moderado, e com produtos mais económicos.
O Ricardo é um dos nossos melhores cozinheiros, e talvez o que se mostrou mais criativo e homogéneo nos últimos trabalhos.
O Leonel não segue os passos (nem deve, cada um tem o seu espaço) do Henrique, trazendo ao panorama toda a sua identidade, criatividade e experiencia.
O menu que ele apresentou em Abril é um trabalho muito bom, não acho que seja barato, mas para trabalhar os produtos que ele trabalha ou subia os preços, ou andava a trabalhar para aquecer (perdendo dinheiro a casa, e pelos produtos que usa deve andar mesmo no limite).
Quanto ao escanção concordo que é uma figura que deve estar presente, mas não é por isso que a garrafeira perde identidade – a que lá está é diversificada, criativa e ajustada. Não deixo por isso dizer que poderá ser melhor, muito melhor.
Mas como disse focalizei-me na arte e conceito da cozinha do Chef Leonel Pereira.
Não deixe de vir fazer os seus valiosos e pertinentes comentários.
Até breve.
À quinze dias atrás tive o prazer de jantar neste restaurante e a qual deixo a minha opnião, em certos pratos gostei notei de que e uma cópia autentica a pratos de chefes de renome do que se faz lá fora, o preço é igual ao que se pratica lá no estrangeiro o que para o comun dos portuguese não se pode lá chegar exemplo um leite creme a 11 € nem no restaurante o Fialho onde se faz um belissimo leite creme. A tendencia e o que vai ditar a este tipo de restaurantes veja-se o que os outros chefes estão a seguir, pratos sustentaveis e com grande valor
Olá Anónimo,
É sempre bom visitar os locais e formar a sua própria opinião, mas permita-me discordar quando fala em cópias.
O chef Leonel é uma pessoa criativa e bastante arrojada. As técnicas aliádas ao sabor fazem da cozinha dele singular.
Ora vejamos, "Geleia sólida de alvarinho", "Bronze de foie-gras lacado com vinho tinto e oito especiarias, guarnecido com farófias de porto branco e coulis de manga", "Atum corado e muxama laminada", e outros.
Fica aqui o desafio de dizer onde viu estes pratos que não no panorama?
Quanto aos preços nem todos podem, mas com os produtos usados, não se pode esperar que seja tarefa fácil para a carteira.
Vou dar o caso da geleia de alvarinho, é preciso conhecer, estudar e abrir muitas garrafas para poder absorver, e escolher o mais apropriado vinho e a textura certa. Muitos € na pesquisa.
Veja por exemplo os lagostins, 40% do peso pago vai para o lixo, a cabeça e a casca custam o mesmo que a carne, certo?
O preço de uma beringela baby ronda os 50€/K.
Os produtos de qualidade custam dinheiro, e depois reflecte-se na conta. Isso posso eu garantir!
E
É o melhor restaurante do país, simplesmente porque o Leonel Pereira é o melhor Chef! Já estive em restaurantes como um dos do Joel Robuchin, em dois do Michael Mina,... e nada se compara! O que ele faz é alquimia. Tudo se conjuga na perfeição. E tem um chef de pastelaria que faz jus ao parceiro (babo-me a pensar no pudim de leite com azeite e flor de sal).
A relação qualidade-preço é perfeita. Para ser irrepreensivel precisavam de melhorar o serviço de mesa, sobretudo no cuidado com os vinhos.
Few restaurants achieve pure perfection, but this is certainly one of them. The tasting menu is sublime. Chef Leonel Pereira make a brilliant job. Each small dish that arrives brings successive intrigue, mastery and delight. "The Mineralogy" is a must. The complimentary chef's dishes were a great addition to the menu! The service is above and beyond expectation. The subtle decor and resplendent view overlooking Lissabon makes you fall in love with Portugal itself.
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