terça-feira, 21 de julho de 2009

AS ESTRELAS DO ALGARVE

OJE - Lifestyle - 2009.07.21

Os produtos são a alma do sabor, a confecção prova de mestria, o sabor testemunho do conhecimento, mas é a criatividade que os torna únicos.

São os embaixadores do guia Michelin no Algarve. Seis estrelas para cinco restaurantes e 3 nacionalidades diferentes. São os grandes responsáveis pela elevação da gastronomia praticada em Portugal, ao expoente máximo da referência internacional.
Personalidades, técnicas e criatividades diferentes, mas um pensamento comum: “O importante é agradar aos clientes e ter sempre os melhores e mais frescos produtos.”
Para algumas pessoas, o guia é uma peça de referência em viagem, levando os viajantes a programar o seu itinerário baseando-se nas estrelas do guia. Para os chefes, a opinião diverge: para uns é o reconhecimento de uma vida, para outros é apenas mais uma publicação. No entanto há um aspecto que não se pode negar, quem recebe tal distinção não a recusa e, que nem número de polícia, podemos sempre encontrá-la na porta do galardoado.

O alemão Wilhelm (Willie) Wurger veio para Portugal há 26 anos, tendo passado por vários locais, designadamente pelo La Reserve, onde foi responsável pela primeira estrela atribuída no Algarve em 90. Entretanto passa pelo São Gabriel em 95, onde lhe é atribuída uma nova estrela, e em 2006 recebe novamente a distinção, agora no seu primeiro projecto a solo: O Willie’s.
“Estava a trabalhar na Alemanha, e à procura de mudança. Ser um país com sol era primordial. (…) Enviei currículos para todo o lado, um veio para Portugal. Cheguei em Dezembro de 82 onde estive à experiência e desde então não saí de cá.”, recorda-se Willie.
Sendo discreto e mantendo-se longe das luzes da ribalta, tudo o que faz é em prol da qualidade e excelência da confecção.

O Brasileiro Henrique Leis chega a Portugal em 1993 para realizar o seu grande sonho – abrir o seu próprio restaurante. Este chef Maranhense, antes de se estabelecer no Algarve, teve a oportunidade de trabalhar com grandes nomes europeus como Paulo Bocuse, Guy Savoy, Gaston Lenôtre, entre outros. Em 2000 é agraciado com uma estrela.
“Financeiramente não sei se foi bom ganhar uma estrela, pois veio trazer mais responsabilidade e obriga-me a estar sempre actualizado, procurar sempre os melhores produtos, e a ter uma atenção redobrada a todos os detalhes.”, confessa Henrique.

Vindo dos Estados Unidos, chegou em Março para coordenar a equipa do São Gabriel. O jovem alemão Torsten Schulz herda a estrela mas não a cozinha, e mal chega tem como tarefa contratar uma nova equipa. Desafio superado, mete mãos à obra para conservar a estrela, agradar aos novos clientes, e ainda criar o seu próprio estilo.
Antigo produtor de micro vegetais em Miami, passou a utilizar estes produtos em todos os pratos que confecciona.
“Tenho uma equipa aberta a novos desafios, e que aceita as minhas ideias e sugestões. Ainda assim, estou muito dependente do conhecimento local destes elementos, principalmente do meu chefe de sala.”, revela Torsten.

“Vim de férias em 2001 a Portugal com a minha esposa. Gostámos muito e iniciámos a procura de um local para o restaurante. O Amadeus foi a resposta.”, revela Siegfried.
“Cheguei sem conhecer bem os produtos portugueses, mas rapidamente adaptei a minha cozinha ao melhor que este país oferece.”
Vindo de Hamburgo do Le Canard, chegou no início de 2003. Abriu as portas em Agosto do mesmo ano, oferecendo uma cozinha diferente, criativa e simplificada, no entanto rica em sabor. A integração de todos os elementos sazonais é para este chef um ponto fulcral no seu projecto gastronómico.

Na praia da Galé podemos encontrar o Austríaco Dieter Koschina, responsável pelo restaurante da simpática e luxuosa estalagem Vila Joya. Chegou a Portugal à experiencia em 90, ganhando a sua primeira estrela em 1995 e a segunda em 1999.
Não se contentando em ficar apenas atrás dos tachos, tudo faz para desenvolver actividades que promovam a gastronomia em Portugal. “A tribute to Claudia” é um dos eventos mais mediáticos, tendo reunindo em Janeiro de 2009 trinta e duas estrelas Michelin e umas outras dezenas do Gault & Millau.
“Sejam duas, uma ou nenhuma estrela, o importante é a qualidade dos produtos, e é essencial que a experiência do cliente seja marcante, o deixe satisfeito e feliz!”, confessa Koschina.
“Os clientes procuram essencialmente o fantástico peixe que o atlântico oferece, e todos os dias procuro, através dos nossos fornecedores o melhor que o oceano disponibiliza, para satisfazer os nossos pedidos.”

Para comentar este artigo ou sugerir temas contacte o autor por gourmet@live.com.pt

CONTACTOS:
Chef Siegfried Danler-Heinemann *
Restaurante Amadeus
www.amadeus.hm
Estrada Almancil-Quarteira–Escanxinas 8135-016 Almancil
T. 289 39 91 34

Chef Torsten Schulz *
Restaurante São Gabriel
www.sao-gabriel.com
Estrada da Quinta do Lago Km 3,5 8135-107 Almancil
T. 289 39 45 21

Chef Henrique Leis *
Restaurante Henrique Leis
www.henriqueleis.com
Vale Formoso 8135-035 Almancil
T. 289 39 34 38

Chef Dieter Koschina **
Restaurante da Vila Joya
www.vilajoya.com
Praia da Galé - Apartado 120 8200-416 Guia ABF
T. 289 59 17 95

Chef Wilhelm Wurger *
Restaurante Willie's
www.willies-restaurante.com
Rua do Brasil 2–Vilamoura 8125-479 Quarteira
T. 289 38 08 49

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE em 21 Julho 2009

3 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns, mais um artigo interessante, apesar de não concordar com tudo.
Por ex.
"grandes responsáveis pela elevação da gastronomia praticada em Portugal, ao expoente máximo da referência internacional."
é verdade mas é uma ilha muito afastada da gastronomia praticada em Portugal. Poucos restaurantes têm aprendido e bebido destes sucessos.

EuSouGourmet disse...

Olá Anónimo, obrigado pelo comentário.
Certo que não se pode agradar a todos, mas de facto há muita concentração de estrelas no algarve, e estão quase sempre cheios.
E esse é um facto comercial que não se pode negar, e mesmo falando-se de crise estas casas continuam a encher.
É de facto um fenómeno a estudar.
Abraço
V

Anónimo disse...

Penso que uma das razões de sucesso é o muito trabalho. E claro que nestes casos a Michelin reconhece. Nos outros ninguém estuda e poucos trabalham.