Há uma forte resistência em consumir este tipo de vinhos fora do Verão, certamente por se beberem frescos e, nas alturas de maior desconforto térmico, opta-se por aquele que se adequa melhor às condições: tintos para aquecer, brancos e rosés para refrescar. Este é um pensamento que acredito ser desadequado e inapropriado, pois durante o calor, refrescam-se as casas, e, quando está frio, há o aquecimento, havendo, dentro das casas, uma temperatura quase constante durante o ano inteiro. Perante estes factos, porquê a resistência? Há que largar os estereótipos, combater a resistência e, de uma vez por todas, alargar de forma regular o consumo dos brancos e rosés ao longo do ano. Se os espumantes não se confinam às estações, por que razão havemos de beber os brancos e rosés apenas nos dias solarengos? Eis aqui um conjunto de brancos que recentemente provei, gostei e sei que se podem beber nos diferentes 365 dias do ano.

Vinificado das castas Antão Vaz, Arinto e Verdelho, fermenta parcialmente em barricas novas de carvalho francês e o restante em cubas de aço inox, resultando num vinho de cor esverdeada, com aromas citrinos, alguma fruta tropical e umas ténues notas de especiarias.
Boa estrutura, onde o equilíbrio da madeira é revelador de uma grande elegância.
Correndo o risco de me repetir, este é o tipo de vinho que casa bem com um bom peixe grelhado ou frito.
Teor Alcoólico 13,5%. PVP €9,99
Quinta do Vallado Moscatel Galego Douro Branco 2010
Produzido apenas da casta Moscatel Galego, cuja grande distinção está em ter 50% das uvas de vinhas velhas com mais de 30 anos e os restantes 50% provenientes de vinhas com cerca de 13 anos.
Não é o típico moscatel doce, antes pelo contrário, é seco e bastante floral. Na boca, dominam novamente os sabores florais, terminando com uma frescura intensa e prolongada.
Diria que poderá acompanhar algum tipo de gastronomia específica, mas o meu conselho é que o beba como aperitivo a acompanhar os petiscos que precedem a refeição.
Teor Alcoólico 12%. PVP €8
Quinta do Alqueve Fernão Pires Branco 2010

Os rótulos mudaram, sendo mais modernos e apelativos, mas o conteúdo mantém-se positivo e inalterado ao nível da qualidade.
Nariz delicado, revelando flor de tangerineira, alguma hortelã, terminando equilibrado e com boa acidez. Ideal para acompanhar pratos de peixe ou marisco grelhado.
Teor Alcoólico 12,5%. PVP €6,5
Quinta das Apegadas Branco 2010

Vinificado das castas Viosinho, Rabigato, Malvasia Fina e Gouveio, resulta num branco de cor citrina brilhante.
É um vinho que revela um nariz muito jovem e expressivo, no entanto bastante elegante. Fruta tropical, lima, limão, e alguma mineralidade, combinados com toques florais são os aromas mais expressivos.
Já na boca, é fresco, longo e refinado.
Além das sugestões evidentes, como peixes e marisco, algumas carnes brancas serão certamente bom casamento para o Quinta das Apegadas.
Teor Alcoólico 13%. PVP €6,5
Cabriz Encruzado Dão D.O.C. Branco 2010

Produzido 100% da casta Encruzado, sendo a sua fermentação iniciada após a decantação pelo frio, terminando em barricas de carvalho francês, onde é realizada battonage, permanecendo durante vários meses até ao seu engarrafamento.
O resultado é um nariz muito aromático, mineral, com algumas notas de toranja. A madeira casou bem com o néctar, dando-lhe um bom volume sem roubar a acidez.
Termina longo e equilibrado. Já o bebi a acompanhar os mais diversos pratos, desde um ravioli de vitela com molho trufado a um peixe assado no forno, sendo um vinho bastante gastronómico.
Teor Alcoólico 13,5%. PVP €7
Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 30 de Novembro de 2011