quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Douro Boys mostram-se em Lisboa

O mercado dos vinhos em Portugal pode ser bastante assustador para os produtores, pois além de criarem um bom vinho, precisam de criar marca, notoriedade, meios de distribuição e de controlo de qualidade, tendo sempre a preocupação de apresentarem um vinho excelente.


Foi assim que cinco produtores do Douro decidiram unir-se com uma missão: pôr o Douro no mapa mundi. Foram eles a Quinta do Vallado, Quinta do Crasto, Quinta do Vale D. Maria, Quinta do Vale Meão e a casa de vinhos do Porto, Niepoort.


Pode parecer estranha esta conversa, mas a realidade é que o Douro é mais conhecido pelos vinhos do Porto, e os "Douro Boys" pretendem estender a notoriedade aos vinhos não licorosos desta região.


O projecto já conta com oito anos de vida, e com muitos sucessos, pois além de conseguirem sem grande dificuldade meter o Douro no mapa, criaram uma fama invejável por muitas e importantes regiões vitivinícolas do mundo. Certo que o trabalho não foi só deles, mas são também uns dos grandes responsáveis por este feito. 


Uma das datas mais esperadas pelos críticos, restauradores, garrafeiras e concorrência, é o jantar dos "Douro Boys", que anualmente se reúnem para apresentar as suas novidades. Este ano foi no Pestana Palace em Lisboa e estas são algumas das novidades que gostaria de destacar.
 

Crasto Superior 2009
 
Produzido de uvas de vinhas velhas e de várias castas como Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Souzão, entre outras, provenientes do Douro Superior da Quinta da Cabreira, resultando num vinho fino e fresco. 


Estagia durante 12 meses em barricas de carvalho francês, originando um nariz aromático e expressivo de frutas silvestres e especiarias. 

Na boca é fresco, muito volumoso e com taninos maduros e elegantes, terminando agradável e com boa persistência.
 






  

Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas 2009
 

Mais uma vez é difícil descrever todas as castas utilizadas para vinificar este vinho, mas a idade destas é certamente superior a 70 anos. 

O resultado é fascinante. Estagiou em barricas de carvalho francês (85%) e carvalho americano (15%), durante 16 meses. 

O resultado é um nariz forte em notas de frutos silvestres, especiaria e esteva, colmatando numa boca fresca, com taninos extremamente elegantes, e um final complexo e uma persistência acentuada.
 









Meandro 2009
 

Confesso que este é um vinho que sempre me encantou desde a minha primeira prova deste néctar. Os anos passam e o feitiço permanece. 

Produzido das castas 35% Touriga Nacional, 30% de Touriga Franca, 25% de Tinta Roriz, 5% de Tinta Barroca e 5% de Sousão, estagia em barricas de primeiro e segundo ano. 

A madeira integra-se perfeitamente no néctar, que apresenta um nariz encorpado de frutas vermelhas maduras, depois na boca tem bom volume e estrutura, sendo um excelente companheiro para pratos de caça estufados.
 







 
Robustus 2007
 

Salto de um grande néctar para um outro poderosíssimo, mais um grande trabalho da casa Niepoort! 

A inspiração do Robustus 2007 veio dos grandes vinhos velhos em que a ideia é prolongar o estágio em madeira para suavizar os taninos, criar grande estrutura, e fazer um vinho encorpado. 

Assim ficou em estágio em tonéis durante 4 anos, criando um néctar singular, onde a fruta preta e vermelha casam com notas de café e algum tabaco. 

A boca é apaixonante e vibrante, terminando longo e persistente. Para guardar ou beber já, eu optei pela segunda!
 

  


Quinta do Vale Meão 2009
 

Um verdadeiro colosso produzido das castas 57% Touriga Nacional, 35% Touriga Franca, 5% Tinta Barroca e 5 % Tinta Roriz, estagiando em barricas (80% novas e 20% de 2º ano) de 225 litros de carvalho francês (Allier) e engarrafado no passado mês de Agosto. 

Ainda está novo e um pouco duro para se beber, por isso o potencial de guarda é altíssimo, onde certamente daqui a dois anos mostrará a sua exuberância de frutas silvestres e grande frescura típica deste grande néctar.
 









Quinta do Vallado Adelaide Douro 2009
 

É um vinho que dispensa apresentações, pois a sua exuberância e qualidade reservam-lhe o apelido de "uma pomada". 

As vinhas têm mais de 90 anos e as castas seleccionadas são várias, e entre elas está a Tinta Roriz, Tinta Amarela e a Touriga Franca. 

O resultado é um vinho muito concentrado, com notas de madeira, tabaco, e ameixas, já na boca é bastante encorpado e maduro, com taninos muito amaciados. 

Já o final é bastante complexo, persistente e fino.
 




 
VZ 2010 Douro Branco
 

Confesso que a primeira vez que o provei não fiquei convencido, mas numa segunda tentativa, com mais alguns dias de garrafa, mostrou um potencial diferente. 

Produzido das castas Viosinho, Rabigato, Codega e Gouveio, misturadas ainda durante a vindima, de vinhas com idades entre os 20 e os 50. Estagiou em barricas de carvalho francês durante 9 meses, resultando num branco encorpado, com boa estrutura. 

Penso que é um vinho que vai envelhecer bem em garrafa, mas que já está bom para se beber.






Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 12 de Outubro de 2011

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A Ferrugem que Encanta

Fachada do Restaurante Ferrugem
Depois de duas tentativas falhadas, a primeira pela minha fraca capacidade de me desenrascar sem GPS e a segunda por um infortúnio pessoal, finalmente, e quando menos esperava, fui visitar aquele de que já tantas elogios mereciam dos seus visitantes. E apesar de já conhecer a comida (em feiras e congressos), os proprietários e cozinheiros, nunca os tinha visto a trabalhar no seu habitat natural.

Eram sensivelmente dez horas da noite quando olhei pela primeira vez para o edifício (antigo estábulo do inicio do sec XVIII), suspense quebrado, expectativas consolidadas, pois era exactamente o que eu imaginava, uma fantástica e bem executada recuperação de um edifício em ruínas, traduzindo-se num palco único e perfeito para a arte da gastronomia.

Ultrapassadas as portas de vidro, regozijo os meus olhos com o espaço: um pé-direito altíssimo, paredes de pedra, apenas escondidas por alguns quadros, uma garrafeira repleta de néctares (lusos), uma lareira que nos dias frios deve ser o alvo das reservas, e um tecto em madeira cativante.

Dei inicio ao meu trabalho de investigação gastronómica, as opções dividiam-se em três momentos: o primeiro mais inspirado nas entradas, o segundo nos principais e o terceiro nos que adoçam a boca. 

Assim, pode-se escolher o menu de Outono (€28), optando por um prato por momento, degustação em 4 momentos (€32) e em 6 momentos (€40), com o complemento de vinhos sendo €15 e €20 respectivamente.

Dispensei o pastel de nata de bacalhau que tanta fama dá à casa, pois apesar de gostar e achar incrível, é tempo de ver o que mais se confenciona na cozinha da Dalila e do Renato.

O primeiro a chegar foi o cumprimento do chefe, composto por um caldo verde e a broa de milho tostada com azeite. Bom, mas era apenas para abrir o palato, mantenho a ânsia por algo mais interessante. 

Chega então o Crocante de alheira de caça, puré de maçã reineta e compota agridoce de tomate-cereja, um best-seller segundo a casa. 

Compreendo, pois tem tudo o que é necessário para agradar, a crocancia da massa, os sabores fortes do enchido, o ácido da maçã e o adocicado da compota. Gostei!

Caso sério foram as Lascas de bacalhau com azeite transmontano e coral de azeitona, legumes salteados e crocante de pão com chouriço, que além de aromas fortes e atractivos, tinha uma apresentaçao que apelava ao uso do garfo. O nível aumentou e a vontade de continuar também.

Chega agora à mesa a Cabidela de polvo, basicamente é o polvo acompanhado por um arroz feito na tinta de choco, dando ares visuais a cabidela. Neste, o octópode estava tenro e saboroso e a mistura invulgar do arroz pintado dava um gosto único.

Ainda houve tempo para um lombo de veado, terra de cogumelos, puré de frutos, flores e frutos silvestres, apelidado internamente de Floresta de Outono. Gostei, carne no ponto correcto, texturas diferentes que elevavam o nível sensorial e uma mistura de sabores a terra, e agridoces diferentes e bem conjugados.

Terminei com dois doces, a Pêra rocha do oeste em geleia de porto vintage sobre tarte de queijo fresco e o Tributo ao “abade de priscos” numa mousse de Outono, ambos na toada dos anteriores, boa execução técnica, alma e inovação.

Os vinhos foram todos a copo e estavam todos disponíveis na carta: comecei no Afros Vinhão, passei pelo Soalheiro Alvarinho e Cottas Reserva e terminei com o Porto Andresen Branco 20 anos e o DSF Colecção Privada Moscatel Roxo 2001 para os doces.

Referencie-se que a carta é bem elaborada, bem dotada e a preços adequados, longe da exploração que vemos por este país fora.

Fiquei apaixonado pela cozinha da Dalila e do Renato, que conseguiram em 2006 realizar o sonho de abrir o “Ferrugem”, e que certamente vão ser os responsáveis de muitos e agradáveis sonhos gastronómicos de quem visita a sua casa.

Aqui transpira carinho, paixão e o saber, e sai-se com o estômago cheio, a alma contente e a pensar já na próxima visita.

Detalhes
Restaurante Ferrugem
Rua das Pedrinhas, 32
4770-379 Portela - Vila Nova de Famalicão
N 41º27’41,8’’, W 8º26’53,6’’
+351 252 911 700
www.ferrugem.pt
Horário: Encerra aos domingos ao jantar e segundas o dia todo. Aberto das 12h00 às 14h30 e das 20h00 às 22h30
Preço médio: €35
Tipo de Cozinha: Criativa portuguesa contemporânea
Cartões: Todos

Lascas de Bacalhau com azeite transmontano
Pêra Rocha do Oeste em geleia de porto vintage
Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 12 de Outubro de 2011

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Koschina e Vila Joya já têm programa para 2012!

Depois de alguns minutos onde as câmaras cor-de-rosa não paravam, tentando apanhar o melhor ângulo do Michael Imperioli (Sopranos) e da Diane Neal (NCIS), actores bastante famosos na outra costa do atlântico e de uma popularidade um pouco mais modesta em Portugal, deu-se inicio à ordem de trabalhos - a conferencia de imprensa do Festival Gourmet Internacional (Tribute do Claudia).

Gebhard Schachermayer (Embaixador do Evento) e
José Avillez (chefe de cozinha)
As novidades são muitas e não ficam apenas pelos jantares no luxuoso restaurante gourmet do Vila Joya. Pois é, este ano parece que vai haver passagens por Beja (Herdade da Malhadinha) e Lisboa (ainda por definir).


Outra, como já devem ter reparado, é a vontade de internacionalizar e mediatizar este evento de forma mais global, mudando o nome de Tribute to Claudia para International Gourmet Festival, e claro, convidando várias estrelas das séries americanas e alguns actores de Hollywood, pois a mim cativaram-me assim que anunciaram o nome da Eva Longoria!


Já por Albufeira a história é outra - começando no dia 13 de Janeiro e prolongando-se até dia 23, este ano abre novamente com as “estrelas” Michelin de Portugal, sendo o cartaz embelezado com vários três estrelas Michelin como o francês Alain Passard do L’Arpege em Paris, ou o Laurent Gras do L20 em Nova Iorque, ou ainda Joachim Wissler do Vendome em Colónia, entre outros!


O elenco é extenso e há certamente muito por onde escolher. Este ano é composto pelos chefes: April Bloomfiled, Albano Lourenço, Vincente Fargé, Hans Neuner, Jose Avillez, Benoit Sinthon, Henrique Leis, Vitor Matos, Hans Välimäki, Koschina & Friends, Norbert Niederkofler, Mario Lohninger, Jonnie Boer, Jacob Jan Boerma, Peter Knogl, Joachim Wissler, Magnus Nilsson, Alain Passard, Normand Laprise, Shaun Hegartt, Laurant Gras e Massimo Bottura.

Michael Imperioli (Sopranos) e Diane Neal (Lei e Ordem/NCIS)
e Christopher Raphael (RP Internacional de celebridades)
Os preços por pessoa e por jantar variam entre os €350 a €400, e os pacotes, para quem quiser ficar lá para todos os jantares e dormir sobre o mesmo tecto, prepare-se para investir €8.900 por pessoa e poderá ter acesso a tudo, incluindo a cozinha, privar com os chefes e jantar na “mesa dos chefes”. 

Um privilégio só alcance de algumas e recheadas bolsas.

Para mais informações por favor consultar o site : 
www.internationalgourmetfestival.com

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Finalmente é sexta-feira

Desde há uns dias que tenho estado em Espanha na região da Cantábria a procurar e experimentar restaurantes e ontem,  depois de vários restaurantes sofisticados e outros mais tradicionais, decidi dar um passeio nocturno em Santander, onde guarneci o meu já penado estômago com um "picoteio".
É uma tradição que em Portugal se perdeu (mantém-se ainda nas feiras) e em Espanha se cultiva: saltar de porta em porta, comer pequenas tapas, pedir um vinho ou uma imperial e depois seguir para a freguesia seguinte. Divertido, económico e um evento social.
 

 
Mas, voltando a Portugal, este fim-de-semana a festa está programada para Beja, com o evento da Vinipax e Olivipax, que começa já hoje, pelas 15 horas, no Parque de Feiras e Exposições de Beja. 

Além de se poder fazer várias provas de inúmeros produtores de vinhos e azeites nacionais, este ano conta também com o Beja Gourmet, Kids e Brava com várias degustações de restaurantes e wine bars (bom para o "picoteio"), espectáculos e animação para crianças e muitas actividades ligadas à tauromaquia. Certamente que vai ser um programa para famílias, ou para os apaixonados do vinho e gastronomia. Este evento, que termina apenas no domingo,  conta ainda com espectáculos musicais e actuações dos Sonido Andaluz e do fadista  Marco Rodrigues.
 

Já se pretende ficar por Lisboa ou Porto, aqui estão duas novidades fresquíssimas e bastante apetitosas.
 

Restaurante Book (Porto)
 

Fica na rua de Aviz, precisamente na antiga livraria com o mesmo nome, sendo a mais recente aposta do grupo Lágrimas. O espaço é descontraído, bem como a sua ementa, oferecendo uma comida de conforto, onde se destacam as criações do chefe Pedro Mendes, como o Creme de ervilhas com almôndegas de morcela ou o Bife de vitela Arouquesa com molho de vinho da Casa de Eça. A acompanhar a refeição tem sempre a companhia do DJ residente, que nos dias mais movimentados se prolonga pela noite fora, e depois poderá continuar a noite nas "Galerias" do Porto.
 

Rua de Aviz, 10
T: 917 953 387
 

Pizzaria Passaparola (Lisboa)
 

É um dos mais recentes espaços das Docas (Alcântara) e da família Moia, que pretende trazer à cidade um espaço moderno, inspirado nos sabores de Itália, descontraído, despretensioso e, acima de tudo, a preço justo. O ex-líbris da casa é a variedade de massas para pizzas, onde em muitos casos pode optar entre a fina, crocante, normal e integral. O espaço, além do edifício de dois pisos bastante desafogado, conta ainda com uma esplanada (vista Tejo e Ponte 25 de Abril) e um parque infantil, ideal para famílias.
 

Doca de Santo Amaro Armazém 8
T: 218 232 470


Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 07 de Outubro de 2011

sábado, 1 de outubro de 2011

Vinhos Alentejanos no CCB


Não, não é um novo espetáculo, mas sim um encontro de vários produtores que dão a provar as suas novas colheitas, ou seja passo o comunicado:

Os Vinhos do Alentejo vão estar em prova livre nos dias 30 de Setembro e 1 de Outubro no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, no âmbito do evento “Vinhos do Alentejo em Lisboa”, dirigido a todos os consumidores e organizado pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), com produção da Essência do Vinho.

O evento “Vinhos do Alentejo em Lisboa” conta com a presença de dezenas de produtores e mais de 300 vinhos da região do Alentejo. Durante dois dias irão decorrer provas temáticas, sujeitas a inscrição e orientadas por alguns dos mais conceituados especialistas, como Aníbal Coutinho (enólogo e crítico de vinhos), Rui Falcão (crítico de vinhos) e Manuel Moreira (sommelier e crítico de vinhos). No sábado, pelas 19h30, os visitantes poderão ainda assistir a um showcase exclusivo da banda sensação ‘Os Azeitonas’, que irá apresentar ao vivo alguns dos temas mais conhecidos do seu reportório.

O evento “Vinhos do Alentejo em Lisboa” pode ser visitado dia 30, sexta-feira, das 16h00 às 21h00, e dia 1, sábado, das 15h00 às 21h00.

Informações adicionais estão disponíveis no sítio da CVRA www.vinhosdoalentejo.pt