sábado, 30 de outubro de 2010

SCION

Se há coisas que eu gosto na minha profissão é quando me surpreendem com algo que eu não pensava existir ou ser possível de fazer.

Tive a feliz oportunidade de provar por duas vezes o que eu penso ser um dos melhores néctares que tive acesso em toda a minha curta vida, e aqui digo curta pois tenho uma diferença que ultrapassa os cem anos à idade deste vinho.

Já experimentei vários Madeira com uma certa idade, mas Porto foi a primeira vez que o meu palato teve acesso a tão elevado grau de envelhecimento.

Chama-se SCION foi vindimado no século XIX durante o período pré-filoxérico, e teve 155 anos a descansar em cascos. O facto mais extraordinário é estar em perfeitas condições, diga-se mesmo em soberbas e únicas condições!

Em 2008 David Guimaraens, enólogo da Taylor’s, provou este vinho que repousava num armazém de uma distinta família do Douro que o mantinha como reserva privada, com a excepção de um casco que dizem ter sido adquirido por Winston Churchill.

Em 2009, o único descendente directo da família morreu sem deixar filhos, tendo os seus herdeiros decidido vender o vinho.

Foi aí que a Taylor's adquiriu amostras dos dois cascos e constatou que as quinze décadas de envelhecimento em madeira tinham-no concentrado e conferido uma complexidade mágica.

Ainda vamos ter que esperar mais um mês antes de o podermos comprar nas principais garrafeiras. Mas ponha já de lado €2,500 se pretende ser uma das poucas e raras pessoas a adquirir um dos mais exclusivos Portos de sempre!

Notas de Prova: De cor mogno profundo apresenta uma auréola âmbar pálida com subtis reflexos azeitona. O vinho envolve o nariz com uma sublime e arrebatadora fusão de opulentos e sedutores aromas. Intenso perfume de melaço e figo envolvido por complexas notas de café torrado, folha de charuto, pimenta preta e cedro combinadas num arrebatador mas discreto odor de madeira de carvalho. Concentrado a uma quinta-essência mágica, o vinho envolve o palato com opulentos e deliciosos sabores, entrelaçados com uma acidez vibrante. Ricos e suaves sabores de uma intensidade surpreendente persistem num fim de boca interminável.

Porquê o Nome SCION: A palavra Scion tem dois significados: o descendente ou herdeiro de uma família nobre e garfo de uma planta, especialmente utilizado para a enxertia.

Sobre a Filoxera: A Filoxera é um insecto originário da América, introduzido na Europa na segunda metade do séc. XIX, ao qual as videiras europeias não são resistentes. Em 1870, já a Região Demarcada do Douro se encontrava seriamente afectada pela praga e, na década de 1891-1900, todo o país estava invadido, assim como, toda a Europa. A solução encontrada foi a introdução da enxertia de castas nacionais sobre porta-enxertos americanos que são resistentes a este insecto, transformando indelevelmente a vitivinicultura europeia.


Mais informações em www.scionport.pt

Lisbon Top Chef

Aqui está uma boa razão para calçar umas galochas e sair de casa: Lisbon Top Chef!

Este evento gastronómico pretende promover a gastronomia de topo da cidade de Lisboa.

São 10 restaurantes seleccionados na área de Lisboa que apresentam um menu especial, dando elevada evidência aos Chefes de Cozinha e ao seu especial trabalho.

Destinado a sinalizar perante nacionais e turistas um conjunto de abordagens levadas a cabo pelos Grandes Chefes de Lisboa.

O Lisbon Top Chefs é organizado pelas Edições do Gosto em parceria com a Chaine des Rotisseurs, e conta com o apoio do Turismo de Lisboa! São ainda patrocinadores: Vinagre de Jerez, Água das Pedras, Nespresso e Club del Gourmet.

Os contactos dos restaurantes e respectivos menus estão disponíveis no site do evento em www.lisbontopchefs.com.

Menus dos 10 restaurantes.

Chefe Cordeiro convida Chefe Helmut Ziebell

Hoje, o restaurante Feitoria vai receber o famoso chefe Helmut Ziebell.

Sendo uma nova iniciativa do Altis Belém, o Chefe Cordeiro desafia outros chefes a elaborar um menu especial para o Feitoria, abrindo o restaurante a outras influências e cozinhas de autor.

O reputado chefe austríaco é o primeiro convidado da iniciativa e após aceitar o convite, preparou em conjunto com o chefe Cordeiro um menu de degustação muito especial e repleto de novidades inspiradores.

O chefe Helmut Ziebell conta com um currículo internacional surpreendente, trabalha há 40 anos em Portugal e conquistou inúmeros prémios e distinções, tendo ficado conhecido em Portugal quando ascendeu a Chefe de cozinha do Hotel Ritz Lisboa, sendo mestre de muitos jovens que hoje actuam no panorama da cozinha portuguesa. o Menu degustação criado pelo chefe Cordeiro e Chefe Helmut Ziebell especialmente para o restaurante Feitoria tem o valor de €45,00 por pessoa com vinhos incluídos.

Veja o Menu aqui!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Marco Gomes assina novo projecto

O chefe Marco Gomes abraça um novo projecto agora na Praia da Granja.

Chama-se New Faces e promete trazer novidade e de ser um upgrade na oferta gastronómica local.

A vista que se intitula deslumbrante e segundo o que foi dito não é o elo mais forte, pois está taco-a-taco com a qualidade da paparoca.

O espaço apesar dos seus 1.000m2 divididos por dois pisos, com a sua decoração minimalista e moderna cria um ambiente exclusivo e acolhedor.

O chefe residente é o Paulo Conde que promete uma cozinha diferente, onde pode encontrar pratos como:
  • Açorda fria de sapateira com bacalhau marinado em azeite e coentros;
  • Bombom de morcela com maçã confitada e redução de Vinho do Porto;
  • Lombo de bacalhau crocante com puré de grão-de-bico em cama de legumes salteados;
  • Perdiz recheada com frutos secos e puré de batata aromatizado;
  • Bolo folhado com ovos-moles e amêndoa torrada, o Queijo amanteigado com compota de cereja;
  • Crepe Recheado de arroz-doce com pêra bêbada em vinho do Porto LBV e gelado de canela.

O New Faces tem Menu de degustação, Menu Infantil e pratos vegetarianos.

Horários
Restaurante: Aberto das 12h30h às 15h e das 19h30h às 23h (fins-de-semana até às 24h).
Bar/Lounge: Aberto de quinta-feira a sábado, das 20h às 02h
Cafetaria: Aberto das 9h às 20h

Encerra às segundas-feiras

Morada:
Rua Engº Rocha Melo, 1
Piscinas da Granja
4405 – 54 Arcozelo, Vila Nova de Gaia
Reservas: info@newfaces.com.pt
T: +351 91 778 6515

Finalmente é sexta-feira

Este é um daqueles fins-de-semana que damos graças por ter três dias para desanuviar e não pensar nas desgraças da suposta não aprovação do Orçamento de Estado.

Junte-se a mim e pense: "Vou dar três dias de lazer e prazer a mim próprio e às pessoas que se queiram juntar".

Inicio a minha recomendação com o novo projecto do Grupo Lágrimas, um hotel de charme mesmo no centro de Lisboa: o Hotel da Estrela.

Edificado no antigo palácio dos Condes de Paraty, num projecto de arquitectura da Teresa Nunes da Ponte e de decoração por Miguel Câncio Martins.

O resultado foi um hotel escola (paredes-meias com a escola de Hotelaria de Lisboa) com 13 quartos e 6 suites e um ambiente fantástico.

Um destaque para as camas Hästens nas melhores suites - vá lá e perceba porque é que são as melhores do mundo!

Rua Saraiva de Carvalho 35, Telf: 211 900 100
www.hoteldaestrela.com.

Já no baixo Alentejo, os homens mais mediáticos são os Virgem Suta que, através da sua música, deram-se a conhecer ao mundo.

O que ainda não está suficientemente divulgado é a casa de petiscos que possuem!

Pois é no centro de Beja, junto à Sé, numa rua esconsa e suficientemente íngreme para ser considerado um esforço, podemos encontrar, na rua Casa Pia, a Galeria do Desassossego.

Um espaço agradável, rústico e muito animado. Abre de quarta a sábado, das 19h às 4h, e tem a cozinha aberta até às 3 da manhã.

A comida, composta por petiscos, tapas e algumas modernices dispensáveis no Alentejo (risoto), é vária e a preços muito aceitáveis, indo dos €2,5 aos €10.

Mas se lá for à sexta-feira prepare-se para a animação dos concertos ao vivo agendados para este dia. Tlm: 966 278 887.

Voltando à capital e arredores, hoje é um dia de luxo gastronómico, pois, no Ritz, inicia-se o Lisbon Top Chefs com um jantar de excepção preparado pelo chef Pascal Meynard.

Até ao dia 5 de Novembro, pode en-contrar, em alguns dos principais restaurantes da cidade, um menu de degustação específico. São dez os chefs que aderiram à iniciativa e a nenhum se pode apontar o dedo.

Pena é que sejam neste número, pois muitos mais poderiam estar dentro da iniciativa e aumentar a qualidade da oferta. Mas, infelizmente, há sempre que estabelecer um número e escolhas. É a vida! www.e-gosto.com/ topchefs.

Vamos agora aos arredores. Em Cascais são só dois, também eles cheios de técnica, criatividade e qualidade.

O chefe Paulo Pinto convidou Edu Gomes, um dos mais prestigiados chefes brasileiros, para um jantar de sonho. Broa de fubá, moqueca de pescada, lombinho de porco, quindim de maracujá e muito exotismo compõem a ementa de seis pratos. O preço é de €65 por pessoa, incluindo as bebidas.

E, se for rápido, ainda pode arranjar uma das poucas mesas que não foram reservadas. Telf: 210 966 000.

Termino com um pequeno aviso de um Bazar que vai decorrer em Sintra no próximo sábado. Para além de algumas peças de roupa, acessórios e artigos de decoração, vai ter também alguns vinhos novos e antigos a preços interessantes.

Escadinhas do Lord Byron, junto ao hotel Lawrence, na vila de Sintra.


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O regresso à infância

Sou ribatejano de coração e sempre que posso volto aos lugares que tanta influência tiveram não só no meu paladar, como também na vontade de trabalhar em redor da gastronomia e vinhos.

Uma das memórias mais presentes que tenho são as difíceis e apertadas curvas que separam a cidade de Tomar da pequena vila de Cem Soldos. Pois, durante este percurso, ouvia sempre o meu pai a dizer: "Este é o restaurante preferido do tio António." E quando para lá ia com o meu tio António a conversa era proferida na primeira pessoa.

Fui lá diversas vezes na minha infância e continuei a ir pela vida adulta, certo de que a ementa não muda, mas a qualidade mantém-se inalterável.

Vou terminar com o suspense e revelar o nome do espaço: Restaurante Chico Elias.

Foi há mais de 70 anos que abriu, ainda como um pequeno tasco, e rapidamente se tornou popular, mas foi com a introdução das receitas originais (muito diferentes para a época), da ainda cozinheira Maria do Céu, que a casa ganhou fama e reconhecimento.

Esta casa tem muitas particularidades e, garantidamente, não é para aqueles que têm decisões vinte minutos antes de passar as portas do restaurante.

Aqui a regra é marcar e, por vezes, com vários dias de antecedência, pois a grande maioria dos pratos precisa de 24 horas para marinar e, em alguns casos, dois a três dias.

O danado de bom é um dos mais populares e obriga a algumas imposições, marcação de pelo menos seis pessoas 48 horas antes da aparição.

A combinação de frango, coelho e lombo precisa de marinar durante dois dias em vinho tinto e ervas. O resultado é fantástico, suculento onde os aromas e texturas combinam de forma rude, mas agradável.

No Chico Elias não podemos esperar grandes apresentações, técnicas ou um serviço de 5 estrelas, somente a garantia de produtos bons e apetecíveis.

O coelho na abóbora é um ex-líbris, os aromas aqui enchem uma sala e garanto que trocava qualquer ambientador por um aroma destes a todo o dia e toda a hora. Neste prato, só aponto um defeito, que é garantidamente recente, a inclusão de cogumelos de cultura, aqui o progresso manchou o passado, mas o prato continua bom.

A ementa ainda tem algumas sopas e entradas, feijoadas, pratos de carne e peixe e um conjunto pálido de sobremesas - aqui garantidamente merecia mais.

A carta de vinhos é fraca, não havendo grande opções - uma, talvez duas. O ideal é trazer de casa uma das suas melhores pomadas, porque no Chico Elias ninguém se chateia se o fizer.

Os preços dos pratos/dose são 14€, tirando algumas excepções como o Cabrito (€17), Lampreia seja fricassé, bordalesa ou arroz (€25 ) e o Coelho (€15).

Nas especialidades ainda pode encontrar: Cachola, couves à D. Prior, pato com migas, bacalhau com broa e presunto, bacalhau com carne de porco, enguias de fricassé.

Termino com um apelo: melhorem as entradas que são abaixo do banal e voltem a servir os cogumelos selvagens.

Quanto ao Chico Elias, é uma casa onde se come bem, serve-se bem e a bons preços e, acima de tudo, é um local onde gostamos de estar a comer.


Detalhes
Restaurante Chico Elias
Rua Principal 70 - Algarvias - 2300-302 Tomar
W 8º 25' 17,32'' N 39º 35' 43,06''
+351 249 311 067
Horário: Encerra terça. Aberto das 12h
às 15h30 e das 18h00 às 22h.
Preço: €30
Tipo de Cozinha: Regional
Cartões: MB

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 27 de Outubro de 2010

O meu menu : Pelos Caminhos de Portugal

Procurar o local para um almoço de negócios é uma das tarefas que me dá mais prazer todas as semanas, pois é um desafio interessante e que obriga a um número grande de factores de selecção.

Condição obrigatória e preferencial é ser num local central e bastante discreto - garantia de ter logo vários pontos.

Um serviço simpático e prestável ajudam bastante e, são mais alguns pontos! Sala cómoda e carta de vinhos para todos os preços e gostos - Mais pontos.

Mas a confecção ser boa ou excelente, criativa e uma boa relação preço qualidade são logo vários pontos extra.

Esta semana, não só descobri um local com muitos pontos, mas que acumulou vários pontos extra. Não acredita? Então encantem-se lá com esta ementa: Salmão marinado com meloa grelhada, lagostins e beterraba (€12); Momentos de tomate, mousse, gelado, confit espuma, creme e geleia (€12); Amêijoas à Bulhão Pato (€14); Creme de abóbora com vieiras salteadas (€9); Risotto de polvo com coentros (€19); Bife da vazia grelhado com chalotas glaceadas (€19); Porco preto do Alentejo, lombinhos e terrina mediterrânica (€20); Fondant, Bolo de chocolate morno com coração de maracujá (€8); Macaron de framboesa, gelado de pistáchio (€8).

A descoberta está a vista e acesso de todos: Hotel Sofitel de Lisboa e o seu restaurante AdLib.

A sala ampla confortável combina a discrição das mesas interiores, com as mais iluminadas junto às janelas ao nível da avenida, criando um ambiente moderno e afável.

O serviço é sempre exímio e impecável, pronto para qualquer exigência ou pedido que nos possa passar pela cabeça e, sem demora, a resposta ou acção é correspondida.

A cozinha, a cargo do chefe Daniel Schlaipfer, alia a influência francesa com a mediterrânica, surgindo uma cozinha de fusão de autor, deliciosa e cativante.

Assim, estou seguro ao recomendar este como um dos locais mais saborosos para uma reunião de negócios, um jantar romântico, ou simplesmente para uma bela refeição.

Até ao dia 30 de Novembro, o OJE, em parceria com o Hotel Sofitel, oferece o fantástico desconto de 10% e, para usufruir desta redução, basta levar a sua cópia do OJE ou recorte deste artigo. Vá lá com o OJE e pague menos por uma excelente refeição.

Para comentar este artigo ou sugerir temas contacte o autor por gourmet@live.com.pt.

Voucher
10% na factura até dia 30 de Novembro
Restaurante AdLib (Hotel Sofitel Lisboa)
www.restauranteadlib.pt
Avenida da Liberdade, 127 1269-038 Lisboa
W 9º 8' 36'' N 38º 43' 0''
Tel. (+351) 213 228 350
Email: adlib@accor.com
Aberto aos almoços de 2.ª feira a 6.ª feira das 12h30 às 15h00 e aos jantares de domingo a 4.ª feira: das 19h30 às 22h30 e de 5.ª feira a sábado das 19h30 às 24h00

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 26 de Outubro de 2010

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Uma oportunidade única para ir à borla a Chamonix


De 20 de Outubro a 03 de Novembro, entra em www.todaaneve.com e habilita-te a ganhar uma viagem de uma semana para 2 pessoas à Chamonix (com alojamento 3* e forfait ski incluídos).

Com um restaurante de duas estrelas michelin e outro de uma, é certamente um destino gastronómico imprescindível. Veja a minha crónica do local.


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Jantar de Sonho

Aqui vai um importante aviso para quem gosta do São Gabriel no Algarve!

Não sei se ainda vai a tempo de poder reservar o seu lugar no fantástico jantar que vai decorrer no Sheraton de Lisboa, na terça-feira dia 26, mas aqui fica o aviso!

O chefe Leonel Pereira convida Torsten Schulz, o chefe do restaurante com uma estrela Michelin - São Gabriel.

Um menu com sete pratos diferentes, vinhos e uma vista de sonho, e o preço não me choca, pois são €69 de total prazer gustativo.

Menu:
Variação de abóboras
Camarão tigre salteado com topinambour e emulsão de açafrão
Robalo crocante em caldo de erva-príncipe e conserva de cebolinhas novas
Peito de pato com linguiça de lagosta, chalotas assadas, jus de vinho do Porto
Lombinho de porco preto grelhado com chanterelles e lingoberry
Sabores de piña colada em três texturas
Crumble de frutos vermelhos, gelado de morango silvestre, parfait de framboesas, gelatina de mirtilo.

Reservas 213 120 000.

Tuberfest – A festa da Trufa

Fotos António Vale

Foi em 1999 que Giancarlo Zigante e a sua cadela Diana meteram a pequena cidade de Livade na Croácia na boca do mundo ao descobrir uma gigante trufa branca de 1.310kg.

As então desconhecidas trufas do bosque de Motovun (Motovunska Suma) no Vale do rio Mirna passaram a ter um residente no Guinness Book of World Records e mudaram para sempre o modo de ver esta pequena iguaria.

Zigante, que ainda hoje se confessa incrédulo com a descoberta, recebeu propostas de vários restaurantes e chefes do mundo inteiro, chegando mesmo aos €10.000, um valor muito alto para a época.

Até aquela data mais de 95% destas trufas eram vendidas em contrabando e transportadas para Itália, e depois, ao chegarem a Piemonte, eram vendidas para o resto do mundo como trufas de Alba.

Nos últimos 10 anos as autoridades croatas conseguiram, não só reduzir o contrabando para valores abaixo dos 50%, como também, numa atitude pedagógica, incutir a tradição de servirem esta iguaria como produto da região de Istria.

Os preços aí dispararam logo e agora as mais acessíveis valem no mínimo 700€, compradas directamente aos apanhadores no bosque, e €1.000 quando compradas nas lojas ou restaurantes.

Agora e até Dezembro é a época das raras trufas brancas, muito apreciadas pelos bons garfos, podendo chegar mesmo a valores de mercado de €8.000 o quilo, dependendo do tamanho, aroma e apresentação. Quanto maiores e mais intensas, maior será o valor que vai ter de investir!

Em Livade, durante os três últimos domingos do mês de Outubro, decorre o Tuberfest – um evento fantástico que não só pretende divulgar internacionalmente a trufa, como é uma forma de os vendedores se darem a conhecer aos compradores.

São centenas de quilos de trufas brancas e pretas que estão expostas, de todos os tamanhos e preços, em tendas onde o aroma se torna irresistível.

Se for um fanático como eu, faça as malas, compre umas galochas, viaje e meta-se dentro do bosque de Motovun. É certamente um programa mais interessante e diferente do que possa imaginar.

www. croatia.hr
www.istra.hr

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 25 de Outubro de 2010

sábado, 23 de outubro de 2010

Finalmente é sexta-feira

Há restaurantes em Portugal que, por mais que passe o tempo ou a crise se agrave, parecem viver alheios a todos estes problemas ou períodos.

Fez alguns dias que fui jantar ao Olivier Café, onde a boa disposição da Natalie é contagiante e não há mesa que não esteja com um sorriso ou vontade de exprimir alegria.

Sejam pessoas reservadas ou os mais mediáticos colunáveis de Portugal, todos gostam de lá ir, principalmente para comer o Spaghetti de trufas com Kobe.

Se não acredita nas minhas palavras, vá até lá e veja com os seus próprios olhos.
Olivier Café.

T. 213422916 / 912571505.

Ainda em Lisboa e já fora do fim-de-semana, se não avisar hoje certamente não vai a tempo de poder reservar o seu lugar no fantástico jantar que vai decorrer no Sheraton de Lisboa, na terça-feira dia 26.

O chefe Leonel Pereira convida Torsten Schulz, chefe do restaurante com uma estrela Michelin, São Gabriel no Algarve.

Um menu com sete pratos diferentes, vinhos e uma vista de sonho, e o preço não me choca, pois são €69 de total prazer gustativo.

Reservas 213 120 000.

Fecho as minhas recomendações com um dos mais importantes eventos vínicos (diria mesmo enogastronómicos) que tem início hoje às 15h, em Beja no Parque de Feiras e Exposições: a Vinipax.

Durante três dias, os temas em redor do vinho, azeites e, claro, a gastronomia alentejana, serão o prato e copo da casa. São mais de 50 produtores alentejanos que, desta forma aberta, pretendem dar a provar as suas últimas propostas, bem como de uma forma mais descontraída dar visibilidade à marca Vinhos do Alentejo.

Em paralelo a este evento, está a decorrer a Olivipax, onde o líquido a provar e apresentar é mais espesso e verde, sendo igualmente um dos melhores companheiros à mesa. Falo, evidentemente, do azeite.

Durante estes três dias altamente recomendados, poderá ainda assistir a várias actividades, desde os interessantes debates e colóquios sobre o mundo do vinho, os showcookings de cozinha regional alentejana e um dos momentos mais interessantes do evento - os resultados do concurso "MELHOR VINHO / FIJEV / VINIPAX 2010".

Assim, e se quiser saber um pouco mais sobre os vinhos, azeites e gastronomia alentejana, junte a família, meta-se no carro e trace o destino para o Parque de Feiras e Exposições de Beja.

www.vinipax.com

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 22 de Outubro de 2010

2008 e os vintages da Fladgate

Como vem sendo habitual nesta época do ano, os vinhos do Porto começam a aparecer e os mais cobiçados têm o selo Vintage, caso tenha sido um ano fantástico e com características muito especiais.

A Fladgate não teve dúvidas de que 2008 foi um desses casos, engarrafando diferentes lotes das diversas quintas e marcas, garantindo o selo de Vintage - ano excepcional.

Um factor comum a todos os vinhos que vou descrever nas próximas linhas é que, apesar de serem uvas e quintas diferentes, todos eles receberam o mesmo tipo de tratamento: as uvas foram pisadas em lagares de granito, usando-se as técnicas de sempre, passadas de geração em geração.

A aguardente utilizada foi a mesma e a exposição meteorológica também: um pouco mais fresco que o habitual e Agosto também não escapou à regra.

Na vindima, as temperaturas mais altas, mas com as noites frescas, criaram boas condições para um bom final de maturação e, claro, para as fermentações.

A única coisa de que nos podemos queixar é que o rendimento da produção foi comparativamente menor que em 2007.

Começando pela Quinta da Roêda, a principal propriedade da Croft e, seguramente, uma das mais fantásticas propriedades do Douro, o Croft Quinta da Roêda 2008 Vintage Port apresenta-se no copo de cor púrpura escura e alguns laivos de violeta.

Notas aromáticas de eucalipto e framboesa em compota, no nariz, e a boca é gorda e volumosa, com taninos bastante sólidos para um jovem vintage.

Termina longo, persistindo a fruta de forma agradável e suave.

O Taylor Quinta da Vargelhas 2008 Vintage Port é outra supresa agradável, cor preta intensa também com laivos violeta, aromaticamente o cassis e os frutos do campo prevalecem, havendo espaço ainda para um pouco de melaço, tomilho e notas de madeiras exóticas.

A boca, ainda um pouco dura, é intensa mas ao mesmo tempo arredonda de forma inesperada, tornando os taninos subtis.

Já o Taylor Quinta de Terra Feita 2008 Vintage Port revela uma complexidade aromática extraordinária, onde as amoras, framboesas, toques vegetais e a menta saltam de forma intensa e poderosa. Este é um clássico: refinado e complexo. Os taninos densos, cheios de textura, revelam a fruta negra de forma subtil, terminando num muito longo final.

Os Fonsecas: Guimaraens e Quinta do Panascal, apesar de diferentes, são igualmente interessantes e reveladores de um bom ano de Vintage.

Ambos têm cor púrpura negra e opaca, revelando-se mais jovem o Quinta do Panascal, embora possuam narizes completamente distintos: o Guimaraens com amoras, morango, cassis, frutos do bosque, temperados pelo café e especiarias e finalizados com toques de menta; o Panascal com mais chocolate, muito chocolate e ainda com notas de cereja e ameixa, terminando ligeiramente especiado e com um pouco sabor a couro.

Ambos são intensos e persistentes na boca, terminando longos, doces e fantásticos - típico num bom Fonseca!

Mais uma vez, estamos perante um ano que vai dar-nos muitas alegrias, e seguramente que 2008 é um bom investimento para quem faz da guarda uma escolha.

Poderá encontrar estes néctares do Porto nas principais garrafeiras do país, a preços que rondam os €35.

Vá lá, beba um Porto!

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 20 de Outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O meu menu : Pelos Caminhos de Portugal

Nós somos, e sempre seremos, um país de conquistadores e exploradores.

Há qualquer coisa na alma lusa que nos obriga a querer saber sempre mais e a querer ir até mais longe.

Apesar de as nossas conquistas serem cada vez mais escassas, até no hóquei em patins já não ganhamos nada desde 2003.

Mas a exploração continua, ainda que seja dentro do nosso país (pois ainda há muito para dar a conhecer).

Todos nós gostamos de explorar visualmente, mentalmente e gustativamente, e é essa a proposta que vos faço hoje: Creme de peixe e marisco com coentros (€5); Foie-gras de pato ao seu gosto... suficiente para dois! (€15); Espetada de polvo com manga e coentros servida com rosti de batata a murro (€18,5); Risotto de vieiras com cogumelos (€25,5); Costeletinhas de borrego grelhadas com arroz farsi (€19,5); Pudim abade de Priscos com sorvete de tangerina (€7).

Os sabores têm a assinatura exótica de Chakall e o restaurante chama-se Quinta dos Frades.

Este é um daqueles espaços em que tudo se explora, começando pelo misterioso bar dourado que, acompanhado pelos biombos e armários, esconde várias mesas discretas e românticas.

Depois, uma sala ampla e descontraída que revela ainda uma mezanine, paraíso dos fumadores.

Gastronomia criativa, exotismo e muito por descobrir fazem deste local uma visita obrigatória.

E porque é terça-feira, e neste dia gostamos de ajudá-lo a reduzir a despesa, aproveite o nosso voucher, bastando, para isso, levar uma cópia da edição de h(OJE) ou o recorte deste artigo e usufrua de um desconto de 10% na factura, válido até dia 31 de Outubro, excepto às sextas e sábados ao jantar.

Numa das zonas mais fantásticas de Portugal para fazer surf, onde ainda agora, no passado domingo, acabou o famoso campeonato do mundo do "World Best Male & Female Surfers", em Peniche.

Dou-lhe mais um pretexto para visitar esta vila piscatória, devanei-se mentalmente com estas iguarias gastronómicas: Creme de lagosta suada à moda de Peniche (€8); Arroz de cogumelos, espargos verdes, queijo da ilha e tomilho (€8,50); Abrotea em caldeirada de mexilhão (€13,5); Cachaço de porco preto guisado com castanhas (€12,5).

Na principal avenida de Peniche pode encontrar, atrás da fachada de madeira e de vidro, o Tempero de Mar.

É talvez o restaurante mais criativo da zona! É sempre bom comer um bom peixe ou marisco grelhado, talvez assado no Inverno, mas o chefe Ricardo Cera e a sua experiência trouxeram um tempero e uma animação gastronómica a esta zona, que bem merece.

Bons copos, mesas espaçosas, decoração moderna e um serviço simpático que colmatam numa magnifica refeição.

Mais do que uma refeição, mais do que uma viagem, é uma experiência e, mais tarde, uma recordação.

Até ao dia 31 de Outubro, não se esqueça de viajar com a sua cópia do OJE, ou recorte deste artigo, e usufrua de uma oferta extraordinária de 10% de desconto sobre a factura final do restaurante.

Para comentar este artigo ou sugerir temas contacte o autor por gourmet@live.com.pt.


Voucher
10% na factura até dia 31 de Outubro
(excepto sexta e sábado ao jantar)
Restaurante Quinta dos Frades by Chakall
www.quintadosfrades.com
Rua Luis de Freitas Branco Nº5 D 1600-488 Lisboa
W 9º 9' 39.38'' N 38º 46' 13.15''
Tel. (+351) 217 598 980
Email: reservas@quintadosfrades.com


10% na factura até dia 31 Outubro
Tempero de Mar
Av. do Mar, 30-32 2520-205 Peniche
W 9º 22' 42.32'' N 39º 21' 22.82''
Tel. (+351) 262 185 545
Email: temperodc@gmail.com

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 19 de Outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

Finalmente é sexta-feira

Esta semana, a minha pesquisa foi muito extensa. Fui a tantos lugares, restaurantes, bares e apresentações, que certamente terei várias recomendações para muitos fins-de-semana.

Mas como não há espaço para tudo, vou seleccionar alguns que podem, certamente, ser um dos seus destinos e experiências para estes próximos dias.

Vou começar por aquele que foi mais inesperado: o Ad-Lib no Hotel Sofitel, em Lisboa. O seu mais recente chefe, Daniel Schlaipfer, assumiu, de forma segura e confiante, aquela que foi uma casa que andou perdida nos últimos tempos.

Algumas das suas criações, como o presunto pata negra com melão grelhado ou o salmão fumado, também ele com melão grelhado, são quase óbvias, mas discretamente diferentes.

As reservas podem ser feitas através do nº 213 228 350 ou no site www.restauranteadlib.pt.

E, à semelhança da semana passada, porque está a decorrer, desde ontem, o Portugal Fashion em paralelo com o Porto Restaurant Week, vou centrar as minhas sugestões na cidade invicta.

Foi ontem que começou a 3.ª Edição daquele que é um dos mais alargados e longos eventos ligados à gastronomia na cidade do Porto. São mais de trinta restaurantes que, até ao dia 27 de Outubro, vão servir menus de alta gastronomia a €20. É uma oportunidade única de visitar alguns dos restaurantes que normalmente são apelidados de inacessíveis, ou simplesmente caros, sem destruir o seu orçamento mensal.

A Cozinha do Manel e a sua cozinha tradicional, o Artemisia com a sua decoração um pouco étnica, o japonês GóShò, o mediático e fantástico Pedro Lemos, o sempre "in" Cafeína, entre outros, têm diariamente menus a €20 bastante acessíveis.

Ao optar por um destes restaurantes, não se esqueça de deixar o seu vale de 1€ e contribuir para as causas sociais sempre enquadradas nesta iniciativa, sendo, neste caso, a instituição Mulheres de Vermelho. Saiba quais os restaurantes aderentes e os seus menus no site oficial: www.porto-restaurantweek.com.

E, já que está no Porto, aproveite para ir às caves do mais famoso néctar do mundo, abertas diariamente e a servir provas para todos os gostos e preços. www.ivp.pt
Para a sua vida nocturna, não há nada como ir para a zona das galerias, onde a animação não pára e são vários os bares e espaços dançantes para escolher.

O mais conhecido e concorrido é o Twins que, nos próximos dias, irá ser o palco das grandes festas da moda.

Faça, assim, um programa diferente - vá para o Porto, durma num dos fantásticos hotéis de cinco estrelas que esta cidade oferece (Porto Palácio, Sheraton, Infante Sagres, Tiara Park, Ipanema Park, Pousada do Porto ou Yetatman), aproveite os menus do Porto Restaurant Week e termine numa das mais animadas noites de Portugal.

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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Le Chef: Peixe-galo

Por Alexandre Silva, Chefe executivo do restaurante Bocca

Veja a sugestão do chef...

Quem diria que este peixe já foi desconsiderado pela maioria das mesas na Europa! É curioso, no mínimo, tendo em conta que, hoje em dia, é um dos peixes de água salgada mais apreciado pelos comensais, o que faz dele um produto de grande valor gastronómico e comercial.

A sua apresentação varia entre o belo e o estranho, mas, por baixo dessa beleza, encontra-se uma carne delicada de cor branca e firme, com um sabor adocicado e baixo teor de gordura. Teor esse que poderá dificultar a sua confecção, ou seja, a linha entre o suculento e o seco é muito ténue, sendo necessário controlar a cozedura ao pormenor. A sua carne poderá ser utilizada em vários tipos de confecção, sendo que aconselho os seguintes: Escalfado, panado, salteado, e grelhado, mas nunca esquecendo o rigor na confecção.

A dieta deste nadador, pouco exímio, por sinal, é composta por pequenos peixes, crustáceos e alguns cefalópodes.

Ostenta, de cada lado, uma enorme mancha negra com forma arredondada que usa para quando se sente em perigo, colocando-se de lado para dar a sensação de que é um olho de um grande peixe.

O Peixe-Galo, a Cebola Roxa e a Raiz de Aipo
1 Peixe-galo de 2kg
3 Cebolas Roxas
1 Raiz de aipo
Azeite 0,5cl
Vinho do Porto 0,5lt
Açúcar 50gr
Flor de sal q.b.
Rebentos de Mostarda q.b.
Limão 1 unidade

Filetar o peixe-galo e dividir em 4 doses iguais, reserve.

Cortar a cebola em meias luas e cozer em lume brando com o vinho do Porto e açúcar até ficar com a textura da compota, reserve.

Cortar uma parte do aipo em chips e fritar em óleo, reserve.
Cortar a outra parte do aipo em fatias finas e bringi-los em água a ferver, arrefecer de imediato em água e gelo.

Ao servir, tempere o peixe com flor de sal
e sumo de limão e salteie em azeite.

Salteie o aipo em azeite, aqueça a compota
e sirva de imediato conforme a foto.


O vinho: Três Bagos
Vinho aconselhado para acompanhar o peixe-galo é o Lavradores de Feitoria Três Bagos Branco 2009 Douro DOC. Produzido das castas Viosinho, Boal e Malvasia Fina
é um vinho fresco e frutado com um ligeiro travo da madeira. Sirva de 11ºC a 12ºC e vai sentir uma acidez equilibrada que prolonga o final de forma consistente. PVP €5.

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 14 de Outubro de 2010

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Fortaleza dos sabores

Alguém me disse que não se deve voltar aos sítios onde já se foi feliz, pois o risco de desilusão é grande.

No meu caso, penso precisamente o oposto: evito os locais onde fui infeliz e retorno sempre à casa que mais felicidade me deu.

Neste caso, e só nas últimas semanas, fui lá quatro vezes, e não me arrependi de nenhuma visita.
Falo de uma das mais sólidas cozinhas de Portugal: a Fortaleza do Guincho.

Falar do chefe é difícil, pois, seja o consultor Antoine Westermann (3 estrelas Michelin), ou o executivo Vincent Fargés (uma estrela Michelin), ambos têm tantos galardões e menções pela sua técnica e criatividade que dispensam qualquer apresentação.

Entrando na sala de jantar, durante o dia, apaixonamo-nos pela vista sobre o oceano e a praia do guincho; à noite, as luzes artificiais iluminam uma sala romântica e com muita epopeia a revelar.
No meu imaginário ouço as pancadas de Molière, sobem-se os panos, baixam-se os olhos e apresenta-se a ementa: Os sabores do Outono.

Iniciei-me nesta graciosa tarefa degustando o Boudin Blanc de aves trufado, feijão verde e "pieds bleus".

A pequena salsicha branca ligeiramente trufada estava magnífica, suavemente aromatizada pelas trufas, o feijão verde ligeiramente al dente, e os pieds bleus soberbamente preparados sobre o seu suco, foram o golpe de misericórdia.

O espumante Rebouça Alvarinho reserva bruto de 2006 casou perfeitamente com este prato.
Seguiu-se o melhor da noite, simples mas objectivo - Peito de faisão assado, creme aveludado de castanhas - senti, literalmente, o Outono na boca.

O aveludado é suave, ligeiro e sabe verdadeiramente a castanhas, e o faisão pairava por lá como anjos pelo céu.

A moleja salteada com um refogado de cepes com presunto pata negra e foie gras de pato estava novamente num alto patamar de gastronomia.

Tudo funcionava: a torre que tinha por base pão torrado, a moleja, o foie, e no topo da torre o cepe.

Uma combinação de texturas acompanhada de uma pequena "brunoise" de legumes.

O palato rematava-se com um óleo de avelã, que lhe dava um ligeiro adocicado de frutos secos.

Passamos agora ao Quinta de Pinto viogner e arinto 2006, que foi um bom parceiro dos pratos que se seguiram.

Não é para todos, mas todos os que gostam iriam ficar de boca de lado com a iguaria que se seguiu: Fricassé de coxas de rã e girolles em lasanha e creme de cerefólio.

Não vou falar deste clássico pela combinação de sabores, pois os franceses não falham este tipo de pratos, mas o pormenor de desossar o pequeno anfíbio e deixar apenas um osso para se poder pegar com a mão e comer tudo num único remate - simplesmente delicioso.

Foram precisas duas experiências para me render ao "turbot"- o filete de pregado de linha salteado com trompettes e chanterelles ligeiramente trufados, e perceber que a qualidade dos produtos faz toda a diferença.

É importante referir que, nesta casa, há uma preocupação em fazer chegar, semanalmente ou diariamente (depende do caso), os melhores produtos. Independentemente da zona do globo, nada é impossível, o melhor é que é imprescindível.

Terminei o desfile dos quentes com aquele que menos me entusiasmou, pois estava perfeitamente clássico e não me trouxe tanta novidade - era o peito de pato selvagem, guisado de couve roxa com especiarias, "pieds de mouton" e marmelo confitado.

Nada a acrescentar, estava bom e não deixaria ninguém desiludido. De salientar o casamento perfeito com o novo tinto da família Roquette (Quinta do Crasto) - Roquette e Cazes 2006.

As sobremesas foram uma concha de merengue "Mont Blanc" com gelado de baunilha Bourbon, e um prato de frutos de Outono salteados com mel de Trás-os-Montes, strudel caramelizado e gelado de canela de Ceilão. Ambos foram acompanhados pelo Quinta da Bacalhoa moscatel roxo 1999.

É fantástico como estes chefes franceses se renderam aos produtos portugueses e "blendaram" com a cozinha francesa, é uma honra e um privilégio tê-los por cá e ao mais alto nível.

Westermann e Fargé são uma dupla imbatível e a Fortaleza do Guincho é provavelmente o melhor restaurante de cozinha francesa em Portugal!

Allez-y !

Detalhes
Restaurante da Fortaleza do Guincho
www.guinchotel.pt
Estrada do Guincho 2750-642 Cascais
W 9º 28' 34,2'' N 38º 43' 41,5''
+351 214 870 491/ restaurante@guinchotel.pt
Horário: Aberto das 12h30 às 15h e das 19h30 às 22h30.
Preço: €65
Tipo de Cozinha: Tradicional francesa criativa
Cartões: MB, Visa, AMEX, Maestro, Mastercard, Dinners

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 13 de Outubro de 2010

terça-feira, 12 de outubro de 2010

GIRO e Bom de Garfo!

Recentemente estive a gravar com a TV Record Internacional!

Se tudo correr bem, a partir de agora vou ser companhia regular aos sábados no GIRO, e o segmento vai se intitular: "Bom de Garfo".

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Branding aquático

O universo das águas...

Há uns anos, o acto de comprar uma garrafa ou garrafão de água estava associado a poucas acções e todas elas bem presentes na minha mente: a primeira, e mais comum, passava-se quando ia a um restaurante, pois era quase uma vergonha pedir um copo de água da torneira; a segundo, e também recorrente, era porque estava no Algarve e a água da torneira era "off limits"; terceira, e felizmente já não se pensa quase nela, era porque não havia água a sair das torneiras - ou um cano rebentava, ou não havia pressão, ou por uma outra razão provavelmente impensável nos dias de hoje.

Ganhei uns anos e uns quilos, e a vida e as vontades já não são as mesmas. Agora, a água já tem vários apelidos: suave, leve, delicada, gulosa, untuosa, DOP, da nascente, esquisit, gourmet e sei lá mais quantos.
Chegar a um local e pedir uma água e distinguirem apenas por fresca ou natural, ou com ou sem gás é cada vez mais um luxo.

Assim, e pesquisando o que o mercado actual tem para nos oferecer, fiquei maravilhado com o leque vastíssimo da oferta, não só pelo conteúdo líquido, como pela dedicação e empenho que se dá ao design das garrafas.

Em mais de 70% das garrafas deste segmento, o material usado é o vidro, outras quantas são em polímeros (vulgo plástico) e um número muito reduzido é de porcelana, metal e até cristal.

Os designs são tão distintos e personalizados que basta olharmos para a forma de uma garrafa que facilmente identificamos a marca.

Os casos mais conhecidos são os da Bling - esbeltas, altas e cravejadas de "diamantes" (cristais Swarovski), a Finé, desenhada pelo Karim Rashid, é outra que está longe de parecer uma garrafa de água, mas é facilmente reconhecida.

Curioso não?

A mais mediática e falada é a norueguesa VOSS e a sua garrafa cilíndrica é, nos testes de reconhecimento, aquela que recebe mais pontos.

Em Portugal, a febre das águas premium não passou ao lado e todas as unidades hoteleiras tentam destacar-se utilizando estas "garrafas design" como peça chave. Seja na decoração nos quartos ou como forma de criar status, simplesmente com uma água.

Ora vejamos. Os Hotéis Altis Castilho, em Lisboa, e o Porto Palácio, no Porto, têm sempre a Blue Kelt, água retirada de uma nascente em Yorkshire Wolds, a 1000 metros da superfície. Muito elegante e suave.

Os Hotéis Real Vila Itália, em Cascais, e Troia Resort apostaram mais na Solan de cabras (vidro nos quartos e restaurante, plástico no Spa e piscina). Esta, mais conhecida por causa do Real Madrid, é talvez a água com o maior crescimento em Portugal.

O luxuoso Vila Joya, no Algarve, onde integra o único restaurante com duas estrelas Michelin, optou pelas águas inglesas da Elsenham.

Além de uma água, é também uma verdadeira peça de design, tendo mesmo sido galardoada com a "Bottled Water World Design Award 2005".

O grupo hoteleiro Lágrimas preferiu as discretas Hildon, umas águas inglesas com baixa concentração de sódio e riquíssimas em cálcio. Boa para juntar a um whisky ou para acompanhar pratos de carne vermelha ou caça.

Em Évora, o Hotel M'ar de Ar apontou as suas baterias para a curiosa OGO.

Além de uma estética invulgar a lembrar uma bolha de oxigénio, leva 35 vezes mais oxigénio que as outras. Segundo estudos efectuados, o consumo desta água incrementa o nível de oxigenação do sangue logo após 15 minutos da ingestão.

Os restaurante também se renderam a esta nova tendência e já são vários os que criaram cartas apenas de águas.

Nomeadamente o Panorama do Hotel Sheraton e o Largo no Chiado, que tem como água de selecção a holandesa Sourcy.

O Tavares de José Avillez tem uma carta com várias opções, desde a exótica 420 Volcanic Water, proveniente dos antípodas na Nova Zelândia até à fantástica e única Pedras Salgadas.

O outro recém galardoado estrela Michelin, The Ocean, integrado no luxuoso Vila Vita, no Algarve, também tem várias opções, destacando-se a Blue Keld.

Encontrá-las fora destes locais também já foi mais difícil, havendo vários estabelecimentos onde podemos adquiri-las: Supermercados VIP em Cascais (214 821 911), na DeliDelux em Lisboa (218 862 070), GLS gourmet em Vila do Conde (252 099 145), Supermercados Apolónia no Algarve (289 351 440), www.saboresgourmet.pt via net, e nas lojas gourmet do grupo Auchan e do grupo Sonae.

A Fillico é talvez a mais cara, mas, mesmo assim, é a que mais rapidamente esgota nos supermercados e não são os €300 que impedem as pessoas de as comprarem.

Os dados de Outubro apontam para um crescimento de vendas na ordem dos 40% em relação ao ano homólogo.

Agora fica a questão, águas premium serão um luxo ou uma questão de gosto?

Águas são todas, agora depende do palato, do sentido estético e principalmente da carteira.
PVP: Fillico €300; Bling €30 a €2500; Finé 6€; Elsenham €10; 1 Litre €6; OGO €2,5; 420 Volcanic Water €5; Blue Keld €3; Voss €5,5; Hildon €2.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Finalmente é sexta-feira

Esta foi uma das semanas na qual tive a oportunidade de ver muitos restaurantes que estão a resultar, não só no panorama gastronómico, como na qualidade e simpatia do serviço.

O mais curioso é que todos são fora dos locais de destino tradicionais. Por isso, junto aqui uma dupla oportunidade sugerindo um fim-de-semana fora.

Cinco recém-empresários decidiram largar a azáfama da cidade e rumaram a Peniche, criando um projecto diferente.

Na mais movimentada avenida da cidade, abriram as portas do Tempero do Mar, garantindo a alta qualidade gastronómica.

Na defesa da honra dos tachos estão os chefes Ricardo Cera - ex-Chefe de Cozinha da Bica do Sapato, e cozinheiro no Pestana Palace, e Marcos Silva - também ele ex-Bica do Sapato.

A regra é pegar nos produtos locais e evidenciá-los através de formas clássicas de contenção, conferindo-lhes a contemporaneidade na criatividade.

Uma espécie de cozinha regional contemporânea de influências marinhas. Fui e gostei do que vi, agora falta mais gente confirmar a minha sugestão.

Av. do Mar 30-32 Peniche, tel. +351 262 185 545.

Depois de um jantar onde o chefe Adérito Gonçalves me fez lembrar os bons sabores transmontanos, não poderia deixar de fazer uma pequena menção ao seu fantástico cabrito da serra de Montesinho assado.

Sei que, para comer esta iguaria, não vai bater à porta ao lado, pois tem de ir ao restaurante O Geadas em Bragança. Mas se a fome de comer esta ode aos Deuses e mais um punhado de sobremesas feitas pela sua mulher aperta, então dê um salto ao Altis Park, pois ele vai lá estar até ao próximo domingo a servir estas e outras iguarias.

O Geadas - Rua do Loreto 32 Bragança, tel. +351 273 326 002 / Altis Park Avenida Engenheiro Arantes e Oliveira 9 Lisboa, tel. +351 218 434 200.

E, se quiser continuar por terras do norte, há mais locais onde pode ficar deslumbrado. Este é um dos sítios que faz com que, quem lá vá, se renda ao espaço.

Fica no Parque Dr. José Gama, em Mirandela, e chama-se Flor de Sal. O proprietário e criador do projecto, João Paulo Carlão, transformou o Flor de Sal num dos mais fantásticos restaurantes do país.

Maravilhosamente decorado, perfeitamente integrado na paisagem, uma garrafeira que faz chorar muitos dos seguidores de culto e uma gastronomia que se adequa às expectativas.

As Murgas recheadas de foie gras de pato e flamejadas em cognac, trufa e sumo das mesmas é um prato que vou levar na minha memória gustativa por muitos anos.

Parque Dr. José Gama - Mirandela, tel. +351 278 203 063.

Se ficou pela capital para assistir à 35.ª edição do Moda Lisboa In The Market, então vá jantar a um restaurante cool ou fashion em Lisboa: Panorama do Leonel Pereira, Assinatura do Henrique Mouro, Alma do Henrique Sá Pessoa, Tavares do José Avillez, 100 Maneiras de Ljubomir Stanicic, Olivier Avenida, Pedro e o Lobo ou a Tasca da Esquina do Vítor Sobral, e depois vá para uma das festas que promete animação:
Hoje, 8: LOFT - DJ Vibe, BBC - Festa de inauguração do SushiFashion, Urban Beach - Festa da Caras, Lx Factory - Sala das Colunas, 5.º Aniversário N*Style Magazine;
Sábado, 9: Twins Lx - Festa de inauguração do Refresh Saturdays, Gossip - Fashion Victim.

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 8 de Outubro de 2010

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Vencer no Algarve conquistar no Alentejo

Foi em terras algarvias, dirigindo o negócio Garrafeira Soares, que esta família se apresentou e afirmou no mundo dos vinhos.

Alguns anos após se iniciarem na distribuição, apaixonaram-se por um terreno em Albernoa, no baixo Alentejo, e investiram em 200 hectares de terreno quase baldio.

Seguiram-se os investimentos na vinha, nas árvores, na adega, na casa e até num hotel, e é em 2003 que fazem a primeira vindima, começando logo da melhor forma.
O Malhadinha tinto, na sua primeira aparição ao público, conquistou três importantes prémios na International Wine Challenge, em Londres.

A partir desse momento, vivem todos os dias sobre a motivação de fazerem mais: mais quantidade, mais variedade e mais qualidade.

Pois assim, das poucas castas que constituíram as primeiras vindimas dos 20 ha de vinha, juntaram-se mais 7 ha em 2006, havendo agora um conjunto muito alargado de castas: Antão Vaz, viognier, aragonês, alicante bouschet, trincadeira, syrah, touriga nacional e outras.

Hoje vou falar dos últimos a que tive acesso, começando por aquele que mais me espantou: O Malhadinha Branco 2009.
Foram 7936 garrafas produzidas das castas Arinto (50%), Viognier (35%) e Chardonnay (15%) que resultaram num elegante e moderno vinho.

Com aromas primaveris discretamente florais e vegetais, revela-se na boca muito intenso, fresco e frutado e com uma acidez graciosamente controlada.
A influência da madeira faz o seu final longo e persistente.

Via este vinho a acompanhar um robalo com ervas aromáticas ou marisco frito. Servia a 11ºC. PVP €18.

Ainda nos brancos, outro interessante e de uma complexidade mais graciosa é o Antão Vaz, que infelizmente já está esgotado, mas podemos encontrar uma das 4223 garrafas de 2009 nos mais perspicazes restaurantes.

Mineral, frutado e ligeiramente fumado nos seus aromas, revela a mesma potencialidade na boca, juntando-se uma acidez equilibrada.
É o parceiro ideal para peixes assados ou cozidos (com molhos).
Sirva entre os 9-10ºC. PVP €9,50.

O apogeu foi ao degustar o Marias 2007! O blend das castas Aragonês (60%), Alicante Bouschet (20%) e Cabernet Sauvignon (20%) só peca pela quantidade: 6200 - quantos por este mundo fora irão ser privados deste néctar dos Deuses?

A cor encarnada escura carregada, quase negra, revela inúmeros aromas elegantes onde os frutos vermelhos sobressaem, juntando-se elegantemente ao aroma de frutos secos torrados, revelando ainda notas especiadas e um pouco de tabaco.

A boca elegante e rica em sabores demarca-se pela sua estrutura de taninos muito robusta e polida, tornando o vinho macio e muito guloso.

O final é muito longo e graciosamente persistente, sendo um vinho que casa bem com pratos fortes e aromáticos.
Sirva entre os 16-18ºC, mas guarde algumas garrafas para provar daqui um par de anos ou mais.
PVP €60.

Parabéns ao enólogo Luís Duarte e à sua equipa, pois aqui só a excelência é que vai para os mercados

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Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 5 de Outubro de 2010

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Finalmente é sexta-feira

Depois do anúncio melindroso dos aumentos dos impostos, principalmente no que respeita ao IVA, sinto que a minha tarefa torna-se cada vez mais importante.

Pois é minha obrigação estimular e incentivar os portugueses a saírem mais, a viverem mais o nosso turismo, ou podemos cair na desgraça de vários estabelecimentos encerrarem as portas.

Para fugir à adversidade, começo por anunciar que o restaurante Saldanha Mar, no hotel Fontana Park em Lisboa, tem uma nova carta de jantar criada pelo chef Rui Matias.

A nova carta intitulada "Sabores do Mundo" divide-se em capítulos como "Entradas" - utilizando produtos como vieiras ou foie gras; "Do Atlântico" - com produtos provenientes do oceano; "Do Prado" - onde podemos optar entre algumas carnes, onde se inclui veado; "Nem é carne nem é peixe" - pastas e outros; "Sobremesas" - onde se pode deliciar entre uma pavlova com frutas da época, um fondue de chocolate e outras. Rua Eng. Vieira da Silva, 2 Lisboa, tel. 213 576 212.

Será certamente um bom jantar para este longo fim-de-semana.

Havendo a possibilidade de prolongar até terça os dias de descanso, seria uma desconsideração se não desse algumas opções "hoteleiras", começando pela minha mais recente estadia: "Herdade da Malhadinha".

O que a família Soares conseguiu: transformar um descampado e um conjunto de ruínas num dos mais espectaculares hotéis de campo que já visitei.

Silencioso, no topo de uma colina e rodeado de árvores, planícies, lagos e ausência de actividade urbana, é o local ideal para relaxar, descontrair e recuperar energias.

Um spa apaixonante, um restaurante fantástico com a assinatura do chefe Joachim Korper, uma adega repleta de excelentes néctares, uns por produzir e outros engarrafados, cavalos, bicicletas, jeeps... bem poderia continuar, mas mais vale ir lá e ver com os seus próprios olhos.

Albernoa - Beja, tel. 284 965 432.

Se pretende outro local de sonho, relaxe e bastante qualidade gastronómica, tem então no Douro, junto a vinhas e um rio cheio de história, o charmoso Aquapura.

Quartos fantásticos, uma piscina violeta chocante e cativante, uma vista de deslumbre, um serviço ao mais alto nível e uma oferta gastronómica deliciosa.

E como ainda há por lá vindimas a decorrer, pode certamente visitar uma das quintas e fascinar-se pelo encanto da transformação da baga em néctares inesquecíveis.

Quinta do Vale Abraão Samodães -Lamego, tel. 254 660 600.

Termino revelando que está a decorrer nas várias lojas do Continente a Feira de Vinhos até dia 17 de Outubro.

Várias opções como: Douro - Caldas, Enólogo Alves de Sousa; Dão -Quinta dos Pinhanços, Enólogo Álvaro e Castro; Beiras: Rebel, Enólogo Luís Pato; Tejo: Hobby, Enólogos Pedro Pinhão e Diogo Campilho, Península de Setúbal: Terras do Pó Castas, Enólogo Jaime Quendera; Alentejo: Rapariga da Quinta, Enólogo Luis Duarte.

É mais uma oportunidade de degustar vários vinhos, e depois comprar a um preço mais económico os néctares que mais gosta.

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Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 1 de Outubro de 2010

Contemporaneidade sobre história

Lisboa é uma cidade que esconde pequenos segredos e grandes tesouros por todos os seus cantos e recantos, se procurarmos facilmente encontramos algo que nos maravilha.

Foi através de um convite para um almoço que me foi revelado um "dois em um".

Primeiro, entrei num pátio pequeno, no entanto fantástico, onde havia espaço para pouco mais de dois pares de carros, e, ao sair da viatura, entrei no hall que antecede a sala de jantar - já havia prenúncio de uma fantástica revelação.

Nada se gorou e as expectativas completaram-se: uma sala fantástica decorada de forma clássica, uma varanda de sonho e uma vista sobre um jardim que, quem não viu, não acredita que seja possível.

Estou na sala de jantar do Hotel Olissipo Lapa Palace, no restaurante Lapa, onde a primeira de duas revelações já está apresentada.

Agora, sentado à mesa, deixo de pensar na vista e decoração e foco-me na relevância deste texto: a gastronomia.

A carta divide-se em quatro especialidades mediterrânicas, seis entradas, seis sopas e pastas, quatro peixes, quatro carnes e pouco mais de meia dúzia de sobremesas.

A carta de vinhos é enriquecida conforme a chegada de novos e elegantes néctares, mantendo-se actual e adequada. Claro que há muitas propostas para harmonizações de toda a ementa e surpresas, como o amouse bouche.
Apesar de parecer que este é o relato de uma visita, na realidade é o resultado de várias visitas e degustações, sendo que, como em tudo, há uns que ganharam rapidamente o meu coração e outros que não chocaram, mas também não encantaram.

Do que provei e degustei, rendi-me rapidamente ao gaspacho do Lapa Palace com gambas (€16), suave e boa acidez - poderá ser uma opção de Verão ou de Inverno: apesar de frio, vence em todas as estações.

A sopa de ervilhas da época com lavagante (€16), a minha primeira opção quente é igualmente suave e o lavagante fantástico - não foram forretas e deram bastante do crustáceo para se mastigar, e que boa que estava a sopa!

O lombo de borrego com abóbora e aroma de café (€27) não é dos meus preferidos, pois gosto dos pratos mais salgados do que doces. A abóbora teve um papel dominante não no aroma, mas no açúcar, e o café era suave, não havendo um forte contrabalanço da acidez.
No fim da minha primeira visita, terminei com aquele que foi o meu preferido: Atum fresco marinado com abacate picante, crocante, salada de ervas e clementina fresca (€14). O atum revelou-se fresquíssimo e tudo o que estava no prato combinava e harmonizava - doce, amargo, ácido, crocante... bem, gostei verdadeiramente deste prato pela sua irreverência.

O jovem sub-chefe Hélder Santos, com a supervisão do veterano chefe Pimenta, venceram rapidamente este round, deixando-me num verdadeiro knock-out gastronómico. Se todos os combates fossem neste formato, haveria mais procura pela derrota do que pela vitória, pois o crítico só tem espaço para o elogio.

Mais uma visita e mais uma conquista dos chefes do restaurante Lapa. Desta vez, a experiência começou da mesma forma: optei novamente pelo gaspacho.

Seguiram-se as gambas "al allijo" (€14) que, apesar da repetição do marisco, em nada parecia que repetia, pois era um prato apresentado de forma diferente, mas repleto de sabor tradicional e com um pequeno twist do chefe.

Neste dia, terminei com uma das minhas sobremesas preferidas - o discreto mas saboroso tiramisú: bem executado, o doce é suave, o cacau não engasga e o final é algo para ficar na memória. Não sei se foi herança do anterior chefe italiano, mas a execução mantém-se exímia.

Restaurante Lapa: serviço impecável, execução gastronómica fantástica, sobre sabores que se recordam.

Detalhes
Olissippo Lapa Palace
www.olissippohotels.com
Rua Pau de Bandeira, 4, 1249 - 021 Lisboa
W 9º 9' 52'' N 38º 42' 28''
+351 213 949 494 / reservations@lapa-palace.com
Horário: Aberto todos os dias das 12h30 às 15 e das 19h30 às 22h30.
Preço: €55 com bebidas
Tipo de Cozinha: Portuguesa e italiana contemporânea
Cartões: MB, Visa, AMEX, Maestro, Mastercard, Dinners

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 30 de Setembro de 2010